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Governo quer concentrar pacientes em hospitais exclusivos para tratar para Covid-19

Uma unidades de saúde que receberão apenas infectados pelo novo coronavírus é o hospital de campanha montado no Multicenter Sebrae, no bairro Cohafuma

Nelson Melo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19
Hospital de campanha é uma das unidades de saúde destinadas atender exclusivamente pacientes de Covid-19
Hospital de campanha é uma das unidades de saúde destinadas atender exclusivamente pacientes de Covid-19 (hospital campanha)

O governador Flávio Dino (PCdoB) anunciou, nesta sexta-feira (10), em uma entrevista coletiva, que pretende concentrar pacientes diagnosticados com Covid-19 em unidades de saúde exclusivas para essa finalidade, como o Hospital de Campanha, montado no pavilhão do Multicenter Sebrae, no bairro Cohafuma, em São Luís. Também disse que planeja aumentar as medidas sanitárias, mas que também não pensa em reduzi-las. As novas medidas surgem quando ocorre o processo de reaceleração da transmissão do novo coronavírus na Grande Ilha, com o aumento do Número Reprodutivo Efetivo (Rt), segundo pesquisas universitárias.

Na entrevista coletiva, Flávio Dino declarou que não houve “explosão de casos” no estado, mas apenas mudanças, no terreno da normalidade. Em seu discurso, o governador mencionou que existe uma estabilidade da pandemia do novo coronavírus no Maranhão, o que não pode ser utilizado para afrouxamento das ações de prevenção, como o uso de máscaras de proteção, higienização das mãos e distanciamento social nos espaços públicos e privados. Essas precauções são importantes para que não ocorra uma “segunda onda”, com novos contaminados.

“Vejam que, no caso do Maranhão, eu nunca adotei medidas extremadas, sempre buscando a ponderação, salvo quando foi necessária a adoção do lockdown na região metropolitana de São Luís. Nossa visão sempre foi de equilíbrio, de meio termo”, frisou o governador.

“100% Covid”

Conforme Flávio Dino, em julho e agosto, no mínimo, provavelmente, as regras serão as atuais vigentes, sem precisar aumentar as medidas restritivas, mas sem diminuí-las, mantendo o regime sanitário. Ele fez questão de frisar que, pelo Mapa da Taxa de Contágio, o Maranhão continua aparecendo na tonalidade verde, o que indica que está com indicador abaixo de 1, o que significa uma tendência positiva. “Nós já tivemos uma taxa de transmissão acima de 2,5. Portanto, muito alta. Desde então, tivemos uma queda”, assinalou o governador.

Sendo assim, ele destacou que é necessário que as pessoas cumpram as normas sanitárias, para que essa taxa se mantenha estável. Em virtude da situação monitorada pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), a tendência é concentrar os pacientes infectados pelo novo coronavírus em hospitais especializados apenas para a doença, ou seja, “100% Covid”. No entanto, essa mudança seria progressiva, isto é, conforme o contexto. Uma dessas unidades é o Hospital de Campanha, que foi entregue no dia 18 de maio pelo Governo do Estado para o enfrentamento da pandemia.

A estrutura foi montada no pavilhão do Multicenter Sebrae e possui 3.500 m². O ambiente conta com 200 leitos, sendo 186 clínicos e 14 de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). “A tendência é essa, que a gente faça a concentração nessas unidades efetivamente especializadas. Temos o Hospital de Campanha, no qual há oferta de leitos. Nós temos o HCI, o Genésio Rêgo, o Raimundo Lima, que são unidades 100% Covid. Então, nosso desejo é concentrar esses casos de coronavírus”, comentou Flávio Dino.

Reaceleração da transmissão

O último boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde, na noite de quinta-feira, 9, mostrou que houve 2.384 novos casos do novo coronavírus no Maranhão. Desse total, 2.275 ocorreram no interior e 109 na Grande Ilha. Em São Luís e nos demais municípios metropolitanos, semanalmente, está acontecendo um crescimento das notificações da Covid-19. Isso pode ser um reflexo da flexibilização das atividades comerciais, como está apurando um grupo de estudo da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Em outras palavras, seria uma reaceleração da transmissão.

Como explicou o professor doutor e médico epidemiologista Antônio Augusto de Moura da Silva, do Departamento de Saúde Pública da UFMA, desde a última semana, está acontecendo essa reaceleração da transmissão do novo coronavírus na Grande Ilha. Isso pode ser notado no gráfico dos novos casos, quando já houve um período no qual foram notificados 2 mil casos semanais. Esse número caiu para 400, mas, agora, voltou a aumentar, alcançando até 700 em uma semana em São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa.

Esse aumento também pode ser verificado no Número Reprodutivo Efetivo (Rt), que determina o potencial de propagação de um vírus em algumas condições. Esse índice está novamente subindo na ilha desde o dia 19 de junho, de acordo com o professor Antônio Augusto. No dia 29 de junho, estava bem próximo de 1. Desde a semana passada, esteve acima de 1, o que indica uma reaceleração da tranmissão. “Já teve um momento em que chegou a 0,6, ou seja, abaixo de 1, que é o recomendado para controlar a disseminação de um patógeno. Isso vem aumentando gradativamente”, declarou o docente.

Para o autor do estudo, essa reaceleração aconteceu mais ou menos entre quatro a cinco semanas após o início da reabertura dos comércios, quando houve a flexibilização do distanciamento social. Isso mostra que essa “segunda onda” seria um reflexo dessa redução das medidas de prevenção. Ele explicou que, na época do lockdown ou bloqueio total – que foi implementado em São Luís entre os dias 5 e 17 de maio -, houve um percentual aproximado de 55% de pessoas que ficaram em casa na Grande Ilha. Atualmente, esse índice está entre 35% a 40%.

“Essa reaceleração da transmissão deve estar acontecendo porque muitas pessoas começaram a achar que o novo coronavírus já havia sido vencido e que a vida então voltou ao normal. Ou seja, foram às praias, aos bares, às ruas, e muitas sem máscaras, descuidando dessa medida de proteção fundamental”, comentou Antônio Augusto. O professor da UFMA analisou que, se isso continuar acontecendo, existe o risco de ocorrer um aumento da taxa de ocupação dos leitos de UTI na ilha daqui a quatro ou seis semanas.

Outra consequência, na opinião do professor, é o aumento do número de hospitalizações decorrentes da Covid-19. O que pode ser feito para impedir isso são as medidas básicas, como o uso de máscaras, o isolamento domiciliar, a higiene das mãos e o distanciamento físico mínimo de 1,5 metros, como o médico epidemiologista observou. Importante dizer que esse estudo promovido pelo professor Antônio Augusto é feito pelo Grupo de Modelagem da Covid-19 da UFMA, que foi montado há pouco mais de um mês, para acompanhar a epidemiologia do novo coronavírus.

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