Indignação

Motoristas por aplicativo protestam em São Luís por mais segurança

Os profissionais se concentraram em frente ao Palácio dos Leões, para cobrar mais segurança durante as viagens que fazem

Nelson Melo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19
Profissionais por aplicativo fizeram carreata, na sexta-feira (26), protestando por mais segurança no trabalho
Profissionais por aplicativo fizeram carreata, na sexta-feira (26), protestando por mais segurança no trabalho (protesto uber)

São Luís - O distanciamento social, em tese, poderia intimidar os bandidos, por conta do risco de infecção pelo novo coronavírus. No entanto, enquanto o cidadão está temendo por sua vida, os criminosos continuam agindo para agravar ainda mais a situação de medo vivenciada pela população com relação à Covid-19. Nesse cenário de pandemia, além dos prejuízos financeiros, os motoristas por aplicativo estão sofrendo com essa violência desenfreada que está ocorrendo na Grande Ilha – São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa. Esses profissionais fizeram uma carreata, na sexta-feira, 26, devido à insegurança.

De acordo com Breno Froz, vice-presidente da Associação dos Motoristas por Aplicativo em São Luís, participaram da carreata, aproximadamente 100 profissionais. Eles saíram da Via Expressa e percorreram algumas ruas da cidade, protestando contra a falta de segurança durante as viagens. A manifestação foi encerrada na região central da capital maranhense, em frente ao Palácio dos Leões, sede do Governo do Estado, para cobrar das autoridades mais ações para evitar que esse tipo de crime aconteça.

A O Estado, Bruno Froz comentou que, apesar da presença dos motoristas por aplicativo na entrada do Palácio dos Leões, o grupo não foi recebido por nenhum representante do Poder Público para tratar sobre as reivindicações da categoria. Os trabalhadores alegam que estão sendo vítimas de vários assaltos na cidade. Por este motivo, alguns até evitam atender a chamadas oriundas de bairros considerados perigosos, especialmente à noite.

Fora desse ambiente de insegurança pública, paulatinamente, a demanda pelo serviço dos aplicativos está aumentando na capital. Durante a suspensão das atividades comerciais, os motoristas estavam rodando entre quatro a seis horas por dia e não estavam conseguindo faturar nem R$ 60.

Checagem de CPF

De acordo com informações da Uber, a empresa possui a tecnologia de machine learning, que, na prática, bloqueia viagens consideradas potencialmente mais arriscadas aos profissionais. Essa ferramenta também tem a função de checar o CPF dos usuários que realizam corridas com pagamento somente em dinheiro. “Nosso foco é a sua segurança para que você possa aproveitar ao máximo as oportunidades”, pontuou a operadora.

A empresa argumenta que todas as viagens têm registro de GPS, do início ao fim. Nessa situação, caso aconteça algo, tudo pode ser monitorado. Além disso, existe uma função conhecida como “U-Help”, que permite ligação direta para a polícia em situações de risco ou emergência. “O usuário que quiser pagar somente em dinheiro precisa inserir o CPF e a data de nascimento para ter acesso ao aplicativo”,explicou.

Aumento das chamadas

Com o fim do lockdown e a flexibilização das atividades comerciais no Maranhão, por meio de atos administrativos do Governo do Estado, aos poucos o serviço está voltando à normalidade para os motoristas por aplicativo em São Luís. Já está sendo registrado um aumento das chamadas, sobretudo após a reabertura dos shopping centers. Com a retomada do atendimento presencial nos restaurantes e bares, a partir deste sábado, 27, os profissionais esperam faturar como antes da pandemia da Covid-19.

Com a pandemia do novo coronavírus, esses trabalhadores sentiram no bolso os efeitos da crise provocada pela onda de contaminações Os profissionais alegaram que houve uma redução muito grande na quantidade de chamadas na capital maranhense, tanto que pediram mais apoio das empresas para oferecer segurança. A Federação dos Motoristas por Aplicativo do Brasil (Fembrapp), inclusive, enviou um ofício as operadoras pedindo providências nesse momento de preocupação diante da doença.

De acordo com o vice-presidente da Associação dos Motoristas por Aplicativo em São Luís, muitos motoristas que estavam trabalhando com carro alugado devolveram os veículos, pois não tinham condições financeiras de pagá-los, devido à crise provocada pela pandemia da Covid-19. Apesar disso, as locadoras se reuniram e fecharam uma parceria, para tentar reverter a situação. Uma, por exemplo, fez desconto de R$ 400 do valor do contrato, segundo Breno Froz.

Outra locadora fez um desconto médio de R$ 170, dependendo de alguns fatores, como o tempo de contrato. Nessa situação, o profissional apresenta o comprovante, o cupom fiscal de compra do material, por meio do aplicativo, para que a operadora analise e decida pelo reembolso. De acordo com a Federação dos Motoristas por Aplicativo do Brasil (Fembrapp), os motoristas continuaram trabalhando durante a suspensão das atividades porque o serviço foi considerado essencial pela Presidência da República.

No entanto, conforme a entidade, os profissionais estão abandonados pelas empresas, o que os coloca em situação de risco de contaminação do novo coronavírus, sobretudo porque existe a possibilidade de contágio nas corridas, devido à presença dos passageiros. Por este motivo, a Federação sugeriu algumas medidas, como a taxa zero durante 90 dias e antecipação do prêmio por produtividade anual. A outra medida seria a liberação de linha de crédito para pagamento após a pandemia da Covid-19.

“Mais uma vez as operadoras ignoraram nossos pedidos, não responderam nosso ofício e fizeram o que eles acham que atende milhares de motoristas por aplicativo no Brasil”, lamentou a Federação. Segundo a entidade, as operadoras ofereceram pagamento de R$ 300 para o profissional passar 14 dias em casa, somente se comprovadamente estiver infectado pelo coronavírus. Além disso, de acordo com a Fembrapp, foi oferecido um plano de saúde precário, no qual o motorista arca com as despesas, excluindo a família.

Para a entidade, a higienização e Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) deveriam ser imediatamente fornecidos pelas operadoras.

Medidas da Uber

A Uber frisou que está tomando algumas medidas, dentre as quais a disponibilidade de uma equipe disponível 24 horas por dia para auxiliar as autoridades de saúde pública no plano de resposta contra a epidemia. Também foi montada a consultoria de um epidemiologista para garantir que as medidas tomadas pela operadora sejam embasadas em orientações médicas. “Durante o nosso trabalho com as autoridades, é possível que ocorra a suspensão temporária de contas de usuários ou motoristas parceiros após a confirmação de que contraíram ou foram expostos ao COVID-19”, destacou a empresa.

Além disso, qualquer motorista ou entregador parceiro diagnosticado com o Covid-19 ou que tiver quarentena solicitada por uma autoridade de saúde pública receberá assistência financeira durante até 14 dias enquanto sua conta estiver suspensa. “Já ajudamos motoristas parceiros em algumas áreas afetadas e estamos implementando essa medida rapidamente em todo o mundo. Os motoristas parceiros que estiverem nas cidades mais afetadas terão prioridade sobre esses recursos”, pontuou a operadora.

“Estamos lançando dentro do programa Uber Pro a parceria com a Vale Saúde Sempre. Todos os motoristas parceiros e seus familiares terão acesso ao cartão virtual Vale Saúde Sempre com isenção de taxa anual. Por meio da parceria, a Vale-Saúde Sempre oferece descontos em mais de 3.000 tipos de exames laboratoriais, consultas médicas em rede de atendimento privada e desconto de até 20% em medicamentos nas farmácias credenciadas”, explicou a Uber.

A empresa ressaltou que está disponibilizando recursos para ajudar os motoristas parceiros a manter seus carros limpos.

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