Pandemia

Empreendedores tentam "driblar" crise causada pela Covid-19 em São Luís

Após mais de 40 dias de início das medidas de restrição, por causa da pandemia, negócios situados na capital começam a sentir os efeitos e buscam se reinventar

Thiago Bastos / O Estado MA

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Salão, que antes tinha grande clientela, hoje faz lives para clientes e eventos digitais
Salão, que antes tinha grande clientela, hoje faz lives para clientes e eventos digitais

A recessão financeira, com a diminuição do poder de compra do brasileiro e as perdas nas receitas públicas com o agravamento da crise – que dura aproximadamente 40 dias – após a elevação do número de casos de coronavírus reduziram a circulação de recursos no mercado. Com isso, os lucros oriundos das relações comerciais nos mais diferentes segmentos caíram drasticamente. Empresários de grandes negócios calculam as quedas nas arrecadações, o que gera um efeito “cascata” de redução nos valores dos vencimentos de funcionários.

Com menos dinheiro, os cidadãos geram a queda nas margens superavitárias nos diferentes empreendimentos, sejam de pequeno, médio e de grande porte. Somado a esse cenário, estão as diversas medidas tomadas de forma sucessória pelos entes da administração pública. Decretos que restringiram as atividades comerciais não-essenciais, para evitar a aglomeração social, foram decisivamente impactantes nas contas dos pequenos e médios empresários.

A capital maranhense não foge a essa lógica oriunda da realidade mundial. Os negócios de menor porte sofrem com a precária reserva financeira e dificuldades nas renegociações de obrigações com fornecedores e outros entes comerciais.

O Estado buscou nesta reportagem exemplos de negócios que, antes da pandemia, eram considerados bem-sucedidos. Atualmente, os prestadores de serviço não escondem que a meta é a da “sobrevivência”. Mais do que oferecer, na medida do possível, um produto de qualidade e variável ao seu cliente, ainda que em períodos de crise sanitária, a aposta é investir na criatividade para superar o caos que ainda se avizinha.

Por isso, empresários usufruem das ferramentas digitais e de soluções caseiras inovadoras. Além de manter a oferta dos produtos e a prestação (ainda que relativa em alguns casos) dos serviços, os empresários ludovicenses também miram suas atenções para seus funcionários. Os que podem manter sua equipe técnica buscam minimizar os impactos a seus colaboradores.

Academias, antes cheias – como na foto -, hoje têm queda de 60% em faturamento na capital
Academias, antes cheias – como na foto -, hoje têm queda de 60% em faturamento na capital

Queda nos rendimentos

Dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec) apontam que o segmento estético recebeu cerca de 645 mil novos microempreendedores individuais (MEIs) até o fim do primeiro semestre do ano passado.

Em franca expansão, os negócios do segmento impactam no cálculo das riquezas estabelecidas pelo Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Em São Luís, vários negócios do gênero são vistos em franca expansão “em dias normais”.

Em períodos de pandemia, apesar da força mercadológica, a alta demanda de clientes contrasta com a impossibilidade da oferta de serviços, por razões óbvias de isolamento social. Com isso, os representantes do meio enveredam pelo caminho da inovação. Um exemplo é um salão de beleza localizado na avenida Mário Meirelles, na Lagoa da Jansen. Com marca renomada e reconhecida na cidade, o negócio recebia, por dia, centenas de clientes que usufruíram das mais diversas opções, como tratamentos capilares, maquiagem, manicure e outros serviços.

Por determinação da administração do negócio, os funcionários não promovem o chamado atendimento in loco ou presencial. No entanto, isso é compensado com a promoção de lives com clientes e de eventos na esfera digital. “Estamos impossibilitados de fazer algo para driblar a falta de clientes, visto que nosso empreendimento é um salão de beleza. Não disponibilizamos nossa equipe para atendimento em domicílio, por respeito ao isolamento social, aos nossos clientes e ao nosso profissional, por entendermos que ambos podem correr risco de contaminação pelo coronavírus em um atendimento domiciliar”, frisou Lisandra Martins, sócia-proprietária do salão de beleza.

De acordo com a responsável pelo negócio, a marca registra reserva financeira para apenas mais um mês de restrição das atividades. Caso contrário, a revisão de contas será inevitável. Na contramão da medida que freia os investimentos e faz os cálculos sobressaírem, o salão promoveu uma rifa solidária.

O objetivo foi manter o contato com os clientes via redes e, ao mesmo tempo, auxiliar funcionários que receberam cestas com mantimentos. “As redes sociais nos ajudam a manter o nosso estabelecimento comercial vivo na memória de nossas clientes, interagindo com as mesmas, dando dicas de cuidados que podem ser feitos em casa, às vezes só com vídeos engraçados, imagens dos momentos tão gostosos que tivemos”, disse Lisandra.

Prejuízos e otimismo na retomada

Até quinta-feira (29 de abril), a administração do negócio registrava uma redução na margem lucrativa de 67% desde o dia 21 de março, quando fora decretada a primeira medida governamental e necessária de restrição das atividades comerciais. “Não sabemos, mas temos convicção de que as coisas somente devem abrir ou retornar à normalidade quando tivermos condições de atender com segurança. Não sabemos o que esperar, mas temos fé de que tudo isso [crise do coronavírus] vai passar e conseguiremos voltar mais fortes”, afirmou Lisandra Martins.

Para mais informações sobre os serviços da unidade estética, basta acessar o
Instagram @vouproharostudium.

Mercado das academias

Dados da Associação Brasileira das Academias apontam que 80% dos negócios do gênero no país são constituídos por micro e pequenas empresas. Pelo porte mais frágil, em comparação aos grandes projetos financeiros privados, os segmentos que oferecem este tipo de serviço contabilizam as perdas.

Por ser uma modalidade comercial que permite, ainda que à distância, relativa relação entre o prestador de serviço e o consumidor – com a realização de consultorias via online por exemplo – as academias (em comparação a outros formatos de negócios) estendem o limite máximo de abrangência de público.

Ainda assim, alguns empreendimentos anunciam queda de 60% nos faturamentos na capital maranhense. Um deles é a academia situada na avenida Daniel de La Touche, em São Luís. Com a decretação das restrições comerciais pelos órgãos governamentais, a academia foi obrigada a suspender as atividades.

Com isso, foi preciso reinventar outros serviços e novas formas de repasse das aulas. “Além de alugueis de equipamentos, como barras e halteres, também estamos ofertando aos nossos clientes aulas interativa e ao vivo para que os mesmos possam manter a forma e a rotina de atividades”, disse Gabriel Arrais, proprietário de uma academia na cidade.

Reserva

O empresário trabalha com mais um mês de manutenção das despesas básicas, sem que isso represente ônus futuro para o negócio. “No entanto, se a pandemia não passar até junho, a situação ficará ainda mais crítica”, afirmou Gabriel Arrais, que também abriria uma hamburgueria, mas recuou na ideia. “O negócio funcionaria em parceria com a academia no dia 18 do mês passado. Mas recuamos após as medidas do governo”, disse Arrais.

Saiba Mais

Outras informações acerca da academia, basta acessar o perfil no Instagram @crossfitlatouche.

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