Perdas no varejo

Pandemia causa prejuízo de R$ 1,18 bilhão ao comércio maranhense

De acordo com dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), essa perda para o setor do varejo corresponde ao intervalo de cinco semanas - entre os dias 15 de março e 18 de abril

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Rua Grande  concentra parte do comércio lojista de São Luís que está com as atividades suspensas
Rua Grande concentra parte do comércio lojista de São Luís que está com as atividades suspensas (perdas)

Hoje, 1º de maio, completa 40 dias da edição do decreto estadual que suspendeu parte das atividades econômicas em São Luís, a exemplo do comércio lojista, bares e restaurantes, entre outros estabelecimentos que não são considerados essenciais, visando conter a propagação do novo coronavírus. De certo que a medida para se evitar aglomerações e salvar vidas é fundamental, mas é inegável o impacto do isolamento social nos negócios. De acordo com dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o varejo do Maranhão teve perda de R$ 1,18 bilhão num intervalo de cinco semanas – entre 15 de março e 18 de abril.

Segundo a CNC, em todo o Brasil, a perda total do varejo é de R$ 86,4 bilhões, coincidindo com os anúncios de diversos decretos estaduais e municipais determinando o fechamento de estabelecimentos comerciais a partir da segunda quinzena de março, bem como com a adoção do isolamento social – medida que restringiu significativamente a movimentação dos consumidores nas lojas físicas do comércio.

Para a CNC, a retração abrupta do nível de atividade no varejo ocorrida nas últimas semanas tem potencial para eliminar 28% dos postos de trabalho formais do setor, ou seja, 2,2 milhões de vagas em um intervalo de até três meses. A concretização desse cenário, no entanto, dependerá de como as empresas do setor reagirão às medidas anunciadas pelo governo e, em última instância, à própria evolução da pandemia nas próximas semanas.

Turismo
Em outra ponta dos segmentos econômicos, o setor de turismo foi um dos primeiros a ser impactado, pois reúne uma cadeia de mais de 60 atividades, como rede hoteleira, agências de viagens, guias de turismo, eventos corporativos e até mesmo os bares e restaurantes.
De acordo com dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes do Maranhão (Abrasel/MA), até meados de abril mais de 350 funcionários já haviam sido demitidos em São Luís. No entanto, a entidade estima que pelo menos cinco mil profissionais venham a perder seus empregos nesse segmento no estado, perdurando esse cenário de pandemia.

A rede hoteleira maranhense, que depende muito do turismo, especialmente do de eventos, também foi bastante afetada, tendo em vista a queda de 90% dos voos no Brasil – 1,4 mil voos deixaram de acontecer no país nesse período de pandemia. Segundo o vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Maranhão (ABIH-MA), Armando Ferreira, do total de 16 hotéis filiados à entidade, no máximo cinco estão ainda operando na capital, o restante ou está fechado ou está com as operações suspensas.

O Rio Poty Hotel, localizado na Ponta d’Areia é um dos poucos que está operando na capital maranhense, mas apenas com 25% de sua capacidade. “Desativamos 75% do hotel e demitimos 34 funcionários. O restante que ficou, 28 funcionários, entrou no programa do governo federal que garante emprego e renda [Medida Provisória 936], para as folhas de pagamento, nos meses mais atingidos, abril e maio, como também desligamos o sistema de energia elétrica e estamos utilizando gerador em alguns e suspendemos os serviços de alimentos 24 horas que normalmente eram ofertados aos hóspedes”, informou Armando Ferreira, que além de dirigente da ABIH-MA também é gerente geral do Rio Poty Hotel.

Armando Ferreira diz que essa é uma situação e difícil e tem procurado atenuar os prejuízos. “Um hotel como esse, que tem um custo mensal fixo de R$ 350 mil, adotamos todas essas medidas para chegarmos a um custo estourando de R$ 120 mil, para um faturamento que chega no máximo a R$ 70 mil, ficando ainda um déficit”, contabilizou.

Quanto aos credores, Armando Ferreira diz que está se buscando um plano de pagamento, no caso do fornecimento de energia elétrica, com o apoio da Associação Nacional dos Hotéis e Federação Nacional dos Hotéis, solicitando da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para a redução da demanda contratada ou mesmo tirando a demanda contratada para o período em que os hotéis estão fechados.

Em relação aos bancos, ele informa que os mesmos estão propiciando condições diferenciadas, como parcelamento de dívidas. Já no caso de fornecedores, há dívidas pequenas, em que se faz um plano de pagamento para quita-las e comprar o menos possível agora, o que também afeta outros setores da cadeia.

Indústria
A indústria, que responde por 17% do Produto Interno Bruto (PIB) do Maranhão, também tem sofridos os efeitos da pandemia. Segundo a Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (Fiema), ainda não é possível contabilizar os prejuízos à indústria maranhense, mas consulta empresarial realizada pela entidade no período de 15 a 21 de abril, mostra que, para 62% das empresas consultadas, a queda de faturamento é considerada o fator que mais tem impactado suas indústrias, o que está associado também à queda de produtividade e de produção e ao cancelamento de pedidos ou encomendas.

Em relação a compromissos com fornecedores e bancos, a Fiema informa que de um modo geral, e até mesmo por conta do imprevisto da Covid-19, as empresas industriais, predominantemente de micro e pequeno portes, estão sofrendo muitas dificuldades para honrar os compromissos financeiros mais rotineiros. Na consulta realizada, metade das empresas afirma ser muito difícil a situação financeira para cumprir o pagamento de obrigações com folha de pagamento, despesas com energia elétrica, água/esgoto, encargos tributários ou bancários. Para mitigar os problemas, as empresas estão vendendo estoques, negociando prazos, dispensa de juros e multas pelos próximos 90/120 dias e, assim, garantindo sua sobrevivência.

Quanto à situação dos empregados, o presidente da Fiema, Edilson Baldez, afirma que ainda não dispõe de informações sobre demissões em termos quantitativos, mas que a maioria das empresas consultadas preferiu dar férias a parte dos seus empregados, adotou o trabalho domiciliar (home office) ou optou por redução de jornada de trabalho, a fim manter os empregos.

Conforme a Fiema, 19,1% das empresas consultadas informam que precisaram demitir/dispensar empregados para absorver os impactos financeiros decorrentes da Covid-19. Apenas 9,5% das indústrias consultadas preferiu dar férias coletivas a todos os empregados. “De certa forma, as medidas governamentais implementadas têm criado mecanismos de apoio com esse propósito de evitar ou reduzir o volume de desempregados, que já era muito elevado, antes da crise sanitária. A Medida Provisória 936 é um instrumento disponibilizado às empresas com o propósito de segurar o emprego, evitando um dano maior”, observa o presidente da Fiema.

“A Fiema como entidade de defesa dos interesses da indústria, tem somado esforços com os governos federal, estadual e municipal no sentido de superar essas dificuldades, buscando a sobrevivência das pessoas e das empresas. Nesse sentido, todas as entidades que integram o Sistema Indústria têm contribuído com recursos humanos, tecnológicos e até financeiros no combate ao coronavírus ou à sua propagação e, desse modo, retomar a normalidade da vida, em termos produtivos e de saúde. Somente assim, em um nível de normalidade que não se sabe qual será, governos e empreendedores poderão readquirir a confiança e a segurança dos investimentos que movimentarão a economia, gerando renda, criando demandas, promovendo a retomada do crescimento econômico e social”, concluiu Baldez.

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