Coronavírus

Professores e universitários produzem álcool glicerinado

Produto é para doação e estimativa é que o grupo produza mil litros do álcool, que tem a mesma eficácia do álcool em gel na destruição do vírus

Nelson Melo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Profissionais fazem álcool glicerinado
Profissionais fazem álcool glicerinado (ufma álcool)

Como uma forma de atuar no combate ao novo coronavírus, professores, técnicos de laboratório e estudantes do Curso de Química (Bacharelado e Licenciatura) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Campus do Bacanga, em São Luís, estão confeccionando álcool glicerinado 80%, que é de consistência líquida, recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para higienização das mãos. A produção teve início nesta quarta-feira, 8. A estimativa é de que sejam feitos 1 mil litros do produto, que não será comercializado, mas doado.

De acordo com o professor Ulisses Magalhães Nascimento, do Departamento de Tecnologia Química da UFMA (DETQI), do Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia (CCET), a ideia surgiu no contexto de pandemia, durante conversas dos docentes e discentes acerca da infecção. Ele contou que o diretor do CCET, Ridvan Nunes Fernandes, foi convidado pelo reitor da UFMA, Natalino Salgado, para fazer um projeto com essa finalidade, para que uma estratégia de prevenção à Covid-19 fosse elaborada dentro do Campus.

“Todo mundo se movimentou com a mesma ideia e colocando o projeto para frente. Foi um esforço conjunto envolvendo várias pessoas, incluindo os professores e alunos”, comentou Ulisses Magalhães. Conforme o docente, a ideia inicial era a produção de álcool em gel, mas, como os reagentes deste estão escassos no mercado mundial, a opção foi o álcool glicerinado, que tem a mesma eficácia do outro com relação à destruição da cápsula protetora do vírus, quando a pessoa lava as mãos de maneira correta, seguindo os padrões da OMS e Ministério da Saúde.

Segundo o professor, a vantagem do álcool glicerinado é que não é tão viscoso como o álcool em gel. Além disso, o produto não deixa as mãos ressecadas, devido à presença de uma substância de nome glicerol, que fornece a sensação de que um hidratante foi friccionado no corpo. “Ele também é composto por peróxido de hidrogênio. O ideal seria o álcool em gel, mas, devido à conjunta atual, não conseguimos os reagentes necessários”, pontou o coordenador do projeto.

Ele explicou que o glicerinado possui a mesma finalidade de limpeza e desinfecção do álcool em gel. O produto está sendo confeccionado dentro do Campus do Bacanga da UFMA, no prédio do CCET. Para esse projeto, estão participando 6 professores, 3 técnicos de laboratório (servidores da instituição) e um grupo de aproximadamente 40 alunos do Curso de Química da universidade.

A maior parte do álcool glicerinado será doado ao Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HU-UFMA). O restante do produto será destinado a alguma entidade, que ainda não foi escolhida pela equipe do projeto.

Eficácia do álcool
O álcool em gel e o álcool glicerinado são eficazes como formas de prevenção do novo coronavírus (Sars-cov-2), o que é comprovado cientificamente e frisado rotineiramente pelo Ministério da Saúde e Organização Mundial de Saúde. O produto é um substituto da higienização com uso de água e sabão. De acordo com o Conselho Federal de Química, o ideal seria o do tipo 70% ou acima dessa porcentagem, pois essa é a quantidade necessária para combater micro-organismos como bactérias, vírus e fungos.

No entanto, é importante que as pessoas utilizem o produto de maneira correta, como recomendam os Centros de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos e o Serviço Nacional de Saúde (NHS). Essas entidades dizem que o álcool em gel/glicerinado deve ser colocado na palma da mão, para depois ser espalhado. O gel deve ser aplicado em todas as superfícies das mãos e dedos até secar. O procedimento deve durar, aproximadamente, 20 segundos, mesmo tempo para a lavagem das mãos com água e sabão.

Nas farmácias do Maranhão, os géis antibacterianos estão faltando nas prateleiras. Isso teve início muito antes de o primeiro caso de coronavírus ter sido confirmado no estado, no dia 20 de março.

A eficácia do produto está em destruir a cápsula de revestimento feita de proteínas e lipídios, que é fundamental para que o vírus se prenda às células humanas. De acordo com infectologistas, sem essa capa, o micro-organismo morre.

Falta de água
Por falar na importância da higienização contra o coronavírus, o Centro de São Luís está há 36 horas sem água encanada. Das torneiras, não sai uma gota sequer. De acordo com denúncias de moradores, esse problema é um obstáculo para que o asseio seja realizado de maneira completa. O álcool em gel é uma opção, mas não é a primeira. Segundo recomendação do Ministério da Saúde, a lavagem com água e sabão dever ser a prioridade, pois esse procedimento destrói o envelope protetor do vírus.

O álcool em gel somente deve ser utilizado na ausência da água e sabão ou quando a pessoa estiver fora de casa, como nas ruas, por exemplo. Sem água nas torneiras, fica difícil se proteger contra a Covid-19 nos níveis mais básicos da sobrevivência social. Sobre essa situação que está ocorrendo na região central da capital maranhense, a Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema) informou que um registro de manobras da área apresentou problemas.

A Caema disse que o registro foi encaminhado para reparos. Segundo a Companhia, a peça seria recolocada ao final da tarde de ontem, 8, mas o Centro da cidade teria o abastecimento normalizado hoje, 9.

Coronavírus no Maranhão
No Maranhão, segundo boletim divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) na noite de terça-feira, 7, já são 230 casos confirmados de coronavírus. Além disso, subiu para 11 o número de mortos pela doença. Outras 1372 pessoas estão sendo monitoradas como suspeitas de terem sido infectadas. A comprovação de que estão no grupo dos positivos só deverá ocorrer após o resultado dos exames específicos, nos laboratórios credenciados para esse tipo de análise.

No Hospital São Domingos (HSD), situado em São Luís, 22 casos foram confirmados, com um óbito registrado. Desse total, 14 estão em isolamento domiciliar e 8 pacientes continuam internados.

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