Dia de Conscientização

Especialistas explicam sobre adaptações durante a quarentena

Pesquisadores dão dicas de como organizar a rotina durante o período, eles defendem o acompanhamento terapêutico

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Crianças precisam de acompanhamento (Foto:Pixabay)
Crianças precisam de acompanhamento (Foto:Pixabay) (autismo)

SÃO LUÍS- No mundo, há um caso de autismo para cada 45 pessoas. É o que mostra pesquisa realizada pelo Centre of Deseases Control and Prevention (EUA). Para promover o debate sobre o assunto, o dia 2 de abril, é marcado como o “Dia Mundial da Conscientização do Autismo”. O chamado Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é uma síndrome que se caracteriza por desordens no desenvolvimento do cérebro, afetando, a comunicação social, imaginação e comportamentos repetitivos, principalmente. Até hoje, ainda não se sabe a causa, porém, vários estudos apontam para um valor genético importante.

O acompanhamento terapêutico de pessoas com autismo é importante, mas, em tempos de isolamento, quando essas atividades estão canceladas, a professora e coordenadora da pós-graduação em Transtorno de Espectro de Autismo, com ênfase na intervenção comportamental da Faculdade IDE Alessandra Sales, que atua há mais de 10 anos com autismo, explica que manter a rotina diária é fundamental. “Através das suas rotinas que a criança antecipa o que irá acontecer e adapta o seu comportamento à tarefa seguinte”, explica.

Segundo a especialista em autismo, a recomendação é estabelecer as atividades que irá inserir no decorrer do dia da criança, como um painel. Entre as sugestões: momento de autocuidado (banho e escovar dentes, por exemplo); estabelecer horários para refeições, estudo, exercícios físicos, brincadeiras, momentos de tecnologia, livre e com a família. Para as atividades acadêmicas, pode estimular o repertório pré-acadêmico e acadêmico do seu filho, respeitando o nível dele.

“Como cortar com as mãos ou tesouras diferentes tipos de papéis e fazer colagens, colorir desenhos, traçar linhas, fazer labirintos, copiar de números, letras, encontros vocálicos ou palavras, ditados de palavras, leituras e interpretações”, sugere. Já na hora do autocuidado, uma dica é utilizar pistas visuais dentro do banheiro, com algumas demonstrações e toques físicos, quando necessário, como passo a passo para lavar as mãos e escovar os dentes.

Como identificar o autismo?

Segundo a psicóloga Luana Passos, especialista em neuropsicologia e professora da pós-graduação em TEA, com ênfase em intervenção comportamental da Faculdade IDE, é possível identificar sinais de autismo antes mesmo do primeiro ano de vida. “Os sinais de alerta podem ser observados nos primeiros meses do bebê. Entre eles, não se jogar para o colo de quem aproxima as mãos e o chama, não atender ao chamado do seu nome quando é chamado e ausência do compartilhar atenção. Com esses comportamentos, é importante ter um acompanhamento médico mais minucioso e está alerta a um possível diagnóstico de TEA”, explica.

Já a fonoaudióloga Alessandra Sales, professora e coordenadora da pós-graduação em autismo da Faculdade IDE, diz que outros sinais de autismo mais notados em crianças acima de 1 ano, são atraso no desenvolvimento da linguagem, comportamentos restritos e repetitivos, além de dificuldade na interação. “Esses indivíduos precisam de estimulação o mais precocemente possível. As pessoas que convivem com eles devem ser pacientes, tentar ser o mais claro e objetivo possível sempre que der um comando e utilizar recursos visuais para facilitar a independência da criança, por exemplo. Cada ser é único. O interessante é os familiares buscarem ajuda de profissionais capacitados para ajudar nesse desenvolvimento”.

Independência de pessoas com autismo

Alessandra esclarece que é possível, com estímulos, o indivíduo com autismo conseguir independência. “Mas o grau do autismo influencia muito nesse aspecto. Em cada fase da vida desse indivíduo as dificuldades vão surgindo e precisam ser trabalhadas, por isso o acompanhamento é muito importante”. E, se por um lado pessoas com autismo apresentam algumas dificuldades, como compreender o que falam com ele, por outro apresentam uma memória visual preservada, mostrando que dicas ou pistas visuais organiza e gera previsibilidade de uma pessoa com TEA.

“Precisamos entender o funcionamento cognitivo e comportamental dessas crianças para entendermos as melhores estratégias a serem usadas e assim melhorar a qualidade de vida dessas crianças. O autista tem suas limitações sociais, mas essas podem ser minimizadas quando se é trabalhado corretamente. Então, é fundamental que cada criança tenha o acompanhamento terapêutico adequado para seu nível de desenvolvimento”, conta a psicóloga Luana Passos.

Autismo compromete outros sentidos?

E o autismo compromete outros sentidos? A maioria vai ter dificuldades na seja, seja em maior ou menor grau, “desde aqueles que não emitem sons, até os que tem dificuldade de usar a comunicação dentro de um contexto social”, de acordo com a fonoaudióloga Alessandra Sales. Os indivíduos com a síndrome também podem apresentar outras dificuldades associadas, como distúrbio de sono, dificuldades alimentares e andar na ponta dos pés.

Em relação a área motora, a pessoa autista não apresenta dificuldades específicas. “O que muitas vezes acontece é que as crianças autistas tendem a apresentar interesses restritos de atividades e geralmente a motora não está entre elas. Além disso, muitos esportes apresentam regras sociais, o que dificulta no entendimento e engajamento desses meninos em diferentes tipos de jogos”, detalha a psicóloga Luana Passos.

Importância da inclusão social de pessoas com autismo

Outro fator importante para o seu crescimento é a inclusão social, sendo fundamental que ele esteja inserido na sociedade. “A partir daí podemos oferecer instrumentos que facilitam essa inserção. Assim como uma pessoa com dificuldade de vista precisa usar óculos, a criança autista pode precisar de alguns instrumentos, a exemplo de uma pasta de comunicação para interagir com a sociedade”, pontua Luana. Sobre a necessidade de um acompanhamento terapêutico para a vida inteira, a professora da Faculdade IDE diz que vai depender de cada caso.

Independe do grau da síndrome, é também importante esclarecer que a criança pode e deve frequentar uma escola normalmente. “O que as escolas precisam é compreender que esse aluno irá precisar de um planejamento pedagógico adaptado e de mudanças simples na organização e estrutura da sala de aula. A clínica de estimulação e os profissionais que atendem essa criança é de fundamental importância nesse processo”, finaliza Luana.

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