Covid-19

Cenários de curto e médio prazos na economia estão indefinidos

Para o economista José Cursino Raposo Moreira, chegam a ser temerárias as projeções de crescimento ou não do PIB brasileiro e outras variáveis econômicas em meio à turbulência que se está vivendo com o novo coronavírus

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
José Cursino diz que equipe econômica não tem perfil para lidar com as políticas de curto prazo
José Cursino diz que equipe econômica não tem perfil para lidar com as políticas de curto prazo (incertezas na economia)

O impacto da crise causada pelo novo coronavírus na economia global é, sem dúvida, uma dura realidade, que só agrava o problema. Diante desse cenário nebuloso, o economista José Cursino Raposo Moreira diz que uma das poucas ou talvez a única certeza que se tem neste momento acerca do futuro imediato e a mais longo prazo da economia brasileira, em razão da crise de Covid-19, é que não se sabe nada.

“Não se pode afirmar nada agora porque, de verdade, nem se conhece bem ainda qual o problema que se está enfrentando e sua natureza e características. Chegam a ser temerárias as projeções de crescimento ou não do PIB e outras variáveis econômicas em meio à turbulência que se está vivendo”, analisa o economista, ao assinalar que no mundo globalizado, o que acontecerá em um país, sobretudo os menos poderosos, depende do que acontecerá nas potências globais.

José Cursino ressalta que como agora, por exemplo, os Estados Unidos apresentaram seu pacote de US$ 2 trilhões e o G-20, grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo, se comprometeu a injetar US$ 5 trilhões para o combate à pandemia, o fortalecimento da economia mundial e a proteção aos vulneráveis, muda o cenário que havia antes de tal decisão. Mas que qualquer previsão é provisória, isto posto porque também há que se considerar que estamos pela primeira vez enfrentando uma parada súbita na economia provocada não por falhas de política econômica, de mecanismos financeiros, bancários ou de comércio ou do mercado de trabalho, mas de uma doença de amplitude global, que teve como estratégia de enfrentamento a parada compulsória das atividades produtivas.

Diante dessa circunstância, segundo José Cursino, criou-se uma dificuldade política que terá grande repercussão sobre as possibilidades de uma ação bem coordenada dos diferentes agentes políticos e econômicos do país, representada pela dominância da “narrativa sanitária” da questão.

Dimensão econômica
“Isto significou a não incorporação e a não consideração das dimensões econômicas na definição das ações de contenção da pandemia. Assim, quando ela finalmente foi incorporada ao debate, manifestou-se forte corrente de pensamento e ação que identificou grave ameaça ao enfrentamento da doença nas ponderações econômicas levantadas em relação às medidas preconizadas como a melhor estratégia, isto é, o recolhimento social. Acresce que o país encontra-se em total empenho em um programa de reformas fiscais e institucionais, em que a restrição à expansão do gasto é pilar básico”, observa o economista.

Para José Cursino, a atual equipe econômica brasileira, por seu lado, não tem perfil para lidar com as políticas de curto prazo que precisam ser acionadas emergencialmente, tipo transferência direta de renda aos mais carentes, crédito subsidiado a pequenas empresas e autônomos, o que dificulta ainda mais as coisas. “Portanto, precisa-se ainda deixar que estas variáveis citadas definam suas tendências para então desenharem-se os cenários prováveis”.

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