Reservatório

Volume de água no Batatã alcança quase 8 metros após fortes chuvas

Reservatório do Batatã é marcado por períodos críticos, quando os níveis da água ficaram abaixo dos 5 metros e ele deixou de abastecer bairros da cidade; estrutura está funcionando e captando água para distribuição

Nelson Melo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Com nível maior de água,  reservatório já pode auxiliar  no abastecimento de bairros, como o Centro
Com nível maior de água, reservatório já pode auxiliar no abastecimento de bairros, como o Centro (Batatã)

Como resultado das fortes chuvas que atingiram São Luís nos últimos dias, o Reservatório do Batatã, localizado dentro do Parque Estadual do Bacanga (PEB), na capital maranhense, está cheio. Como verificou O Estado, o nível está em quase 8 metros, considerado o ideal para suprir a necessidade dos bairros que abastece, entre eles o Centro, Liberdade, Madre Deus, Liberdade e Fé em Deus. Segundo informado por pessoas que estão no local, a água oriunda do Rio da Prata está contribuindo para essa capacidade.

No reservatório, impressiona o volume de água, que, pelo aspecto, mostra que o local está profundo, diferentemente de outros anos, quando o nível ficou crítico, isto é, quase raso, operando com menos de 1% de sua capacidade, que é de 4,6 milhões de metros cúbicos de água. A estrutura está em pleno vapor, com captação de água para a Estação de Tratamento de Água (ETA), para abastecimento de uso doméstico de uma parte considerável da cidade.

Em um dos igarapés do local, uma espécie de “cachoeira” desce com força em direção ao Reservatório do Batatã. Essa água, de acordo com pessoas que estão trabalhando nas proximidades, provém do Rio da Prata.

Reservatório do Batatã
Localizado na porção Noroeste do Maranhão, o reservatório é responsável pelo abastecimento de 150 bairros da capital maranhense. Compõe o Sistema Sacavém, que, juntamente com o Sistema Paciência I e II, sistemas de poços isolados e o Sistema Italuís, representa o modelo de águas superficiais e subterrâneas. Do Igarapé Mãe Isabel, onde é feita a captação da água para ser tratada na Estação de Tratamento de Água, o líquido é conduzido para as casas.

O Batatã foi construído em 1964 pelo Departamento Nacional de Obras e Saneamento (DNOS), em uma área de cota altimétrica de 15 metros, área de acumulação de água, a partir dos tabuleiros de aproximadamente 60 metros. Tem comprimento de 485 metros e altura máxima de 17 metros. Isso possibilita uma acumulação de água de 4.600.000 m³. A captação de água do reservatório instalada tem capacidade para retirar até 283 litros/segundo no período chuvoso, e em média 52,5 litros/segundo na estiagem.

O Reservatório do Batatã situa-se na zona de uso extensivo do Parque Estadual do Bacanga, com vegetação de capoeira de média a alta, principalmente em torno do reservatório. Nas imediações, foram construídas invasões, como o Recanto Verde, que fica na área da Vila Itamar. De acordo com estudos acadêmicos, nos últimos 30 anos foram desativados o sistema do Rio Maracanã, que captava água para a Barragem do Batatã; o sistema do Olho d’Água e a antiga Barragem do São Raimundo.

Problemas no nível
Um dos anos considerados mais críticos para o reservatório foi 2015, quando o local operou com menos de 1% de sua capacidade, ou seja, em 2,5 metros. Isso significa que ficou abaixo da Base da Sapata, ponto que tem início a medição do nível d’água do Batatã. Apesar das chuvas de março naquela época, a situação não melhorou. Antes disso, a média ficava em torno de 5 metros.

Desde 2005, o reservatório não conseguia atingir seu nível máximo de capacidade. Em dezembro de 2015, o Batatã operou em menos de 5%. No primeiro semestre de 2016, houve um aumento para 20%. Mas, naquele ano, o reservatório ficou inativo durante nove meses.

Chuvas e transtornos
Março está sendo marcado por chuvas intensas na Região Metropolitana de São Luís. Na segunda-feira, 9, por exemplo, um temporal causou diversos transtornos na cidade. Ruas e avenidas ficaram alagadas. Alguns carros e motocicletas foram arrastados pela correnteza, como no Conjunto Maiobão, em Paço do Lumiar. A MA-201 (Estrada de Ribamar) ficou parecendo um “rio”, nas proximidades de um shopping. O tráfego de veículos ficou praticamente impossível em tais condições.

Na Portelinha, que fica na área do bairro São Francisco, na capital, pelo menos 25 famílias ficaram desabrigadas, não apenas por conta da chuva, como, também, devido à força da maré, que avançou sobre as casas. Os 16 becos da localidade, que fica ao lado da Ilhinha, ficaram alagados. Pontes de madeira foram destruídas pela água. Muitos moradores não conseguiram salvar nenhum eletrodoméstico ou móvel. Outros ainda tiveram tempo de resgatar o que encontraram primeiro.

Os moradores afetados pelos fenômenos naturais estão abrigados, provisoriamente, na Unidade de Ensino Básico (UEB) Criança Feliz, que fica às margens da Avenida Ferreira Gullar, naquela região. Uma situação similar ocorreu na Divineia, como é chamada, popularmente, a Rua São José da Vila Palmeira, também em São Luís. A maré alta invadiu as casas e arrastou os objetos.

Chuvas em 2020
De acordo com o meteorologista Hallan Cerqueira, o auge do período chuvoso no Maranhão acontece, geralmente, nos meses de março e abril. Por este motivo, os temporais são constantes nessa época do ano, quando o volume de precipitação pluviométrica é abundante. Segundo o especialista, o esperado para este mês é uma queda de 400 milímetros de chuva em São Luís.

De janeiro para março, já choveu um volume de 1000 mm, conforme o meteorologista. Os fenômenos da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) estão interferindo no atual cenário com relação ao tempo na capital maranhense. Este último, que é o principal sistema meteorológico do verão no Brasil, é responsável por um período prolongado de chuva frequente e volumosa em várias regiões.

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