Assassinatos

Quatro estrangeiros já foram mortos em menos de 10 anos na Grande Ilha

Somente em Paço do Lumiar, dois italianos foram vítimas de latrocínio, enquanto, os outros casos ocorreram na área da Península da Ponta d'Areia e no Araçagi

Ismael Araújo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
Alfredo Catalani (detalhe) foi morto em seu sítio, na Maioba
Alfredo Catalani (detalhe) foi morto em seu sítio, na Maioba (Italiano)

SÃO LUÍS - Quatro estrangeiros já foram assassinados em um intervalo de menos de dez anos na Grande Ilha. Somente em Paço do Lumiar ocorreram dois casos, as vítimas eram da Itália e o crime foi caracterizado como latrocínio (roubo seguido de morte). Ainda na sexta-feira, 21, a polícia ainda não tinha efetuado a prisão dos acusados de terem matado o italiano Alfredo Catalani, de 69 anos. O estrangeiro foi achado morto com marcas de tiros na cozinha do seu sítio, localizado nas proximidades do Viva da Maioba, em Paço do Lumiar, no começo da tarde do último dia 18.

O assassinato está sendo investigado pela equipe da Superintendência de Homicídio e Proteção a Pessoas (SHPP) e coordenado pelo delegado Felipe Freitas. De acordo com o delegado, a polícia já ouviu várias testemunhas, inclusive, familiares do italiano e moradores de Paço do Lumiar. Também a polícia está no aguardo do resultado de exames periciais feitos pelos peritos do Instituto de Criminalística (Icrim).

O delegado declarou que a polícia já esteve no sítio da vítima onde colheu mais informações sobre o caso e esse crime teve a participação direta de duas pessoas. “A polícia está colhendo o máximo de informações sobre o fato e até mesmo analisando as denúncias anônimas”, contou Felipe Freitas.

O estrangeiro vivia no Brasil há duas décadas, residia nesse sítio sozinho a um período de quatro anos e era proprietário de alguns imóveis, localizados na Região Metropolitana de São Luís. Na Ilha reside um dos filhos da vítima, mas, ainda possuem mais dois, que moram na Itália. No mês de outubro do ano passado, o sítio do italiano foi alvo de bandidos. Os acusados foram presos pela polícia e um deles chegou a ser reconhecido pelo estrangeiro.

Grupo criminoso

Um grupo criminoso foi preso no dia 2 de abril de 2019, na Ilha, segundo a polícia, acusado de ter matado com requintes de crueldade o italiano Carmelo Mario Calabrese, de 65 anos. Eles são suspeitos de terem invadido o sítio do estrangeiro, no Alto do Laranjal, em Paço do Lumiar, no dia 6 de março do ano passado.

O corpo da vítima foi encontrado nas margens do Rio Tibiri, na zona rural de São Luís, no dia seguinte e levado para o Instituto Médico Legal (IML), no Bacanga, mas, somente reconhecido pelos amigos, no dia 11. Os detidos foram autuados pelo crime de latrocínio devido, além de cometerem o assassinato, roubaram vários objetos de valor e o veículo do estrangeiro.

Sem elucidação

O assassinato do holandês Joel Bastianes e da sua namorada, Sandra Maria Dourado de Souza, foi denunciado para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que é sediada em Washington, nos Estados Unidos, devido a demora das autoridades brasileiras para elucidar esse crime. O duplo homicídio, segundo a polícia, teve característica de encomenda e ocorreu no dia 28 de fevereiro de 2010, no Alto do Jaguarema, área do Araçagi.

Inconformados com a impunidade como também da demora de identificar e prender os envolvidos nesse crime, a família do holandês apresentou denúncia contra o Estado brasileiro perante a CIDH, no final do ano de 2018. Na petição apresentada à CIDH, os familiares do estrangeiro solicitam o cronograma com informações detalhadas sobre as ações e estratégias para cumprir com a obrigação de investigar e elucidar o caso. É requerida ainda a reparação integral aos familiares pelas violações de direitos humanos perpetradas contra as vítimas.

Conforme consta no inquérito policial, relatado na petição, as suspeitas recaem sobre o ex-marido de Sandra Dourado, o empresário Sérgio Damiani. Ela chegou a registrar boletim de ocorrência por agressão e ameaça de morte contra o marido quando ainda estava casada, entre os fatos que teria motivado o divórcio.

Joel Bastiaens chegou ao Brasil em 2015 para um estágio como corretor. Ele e Sandra Dourado estiveram juntos por quatro anos e passaram a conviver maritalmente seis meses antes do assassinato. O holandês e Sandra Maria Dourado de Souza foram assassinados a tiros, no dia 28 de fevereiro de 2010, no Alto do Jaguarema.

No dia do crime, eles foram a uma residência esperar por um cliente interessado em comprar o imóvel. Existe a suspeita é que o casal teria sito atraído até o local. Na época, o inquérito foi aberto na 7ª Delegacia de Polícia para apuração dos fatos. Seis delegados estiveram à frente do inquérito, mas o caso nunca foi elucidado.

Prisões

Genilson Campos Silva Pereira e Nilson Fonseca da Conceição foram presos no dia 19 de fevereiro de 2015, em São Luís, acusados de terem assassinado o holandês Ronald Wolbeek, de 60 anos. O estrangeiro foi alvejado no peito, no dia 15 de fevereiro e o crime ocorreu dentro da embarcação da vítima, na Baía de São Marcos, nas proximidades da Península da Ponta d’Areia.

Durante o inquérito policial, Genilson Campos foi apontado como o autor dos disparos que mataram Ronald, enquanto Nilson como outro invasor presente na embarcação. A polícia informou que os dois já possuíam mandados de prisão por assalto e, mesmo após, reconhecimento, não confessaram o crime. O terceiro envolvido nesse caso foi identificado como Elenilson Carvalho da Luz, que continua foragido.

Saiba mais

No dia 5 de junho de 2018 ocorreu a morte do colombiano Edwin Fernando Mendez Guatusmal, de 32 anos, no povoado Jerumenho, zona rural de Buriti. A polícia informou que a vítima morava na cidade de Coelho Neto e realizava a prática irregular de emprestar dinheiro a juros elevados no interior do estado. No dia do crime, ele e um casal de colombianos saíram de Coelho Neto em direção ao município de Buriti onde fariam cobranças.

Número

4 estrangeiros já foram assassinados em um intervalo de menos de 10 anos na Grande Ilha

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