Do Pará

Guitarrada das Manas lança "Guamaense", primeiro álbum do duo

Com participações de Aíla, Anna Suav, Bruna BG, Arthur Kunz, Manoel Cordeiro e direção artística de Felipe Cordeiro, o álbum está disponível em todas as plataformas digitais

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
Guitarrada das Manas  reúne em primeiro disco variados sons de Belém (PA)
Guitarrada das Manas reúne em primeiro disco variados sons de Belém (PA) (Guitarrada das Manas)

São Paulo - "Guamaense" (Natura Musical), primeiro álbum do duo paraense Guitarrada das Manas (GDM), traz uma sequência de músicas instrumentais e experimentais que caminham entre três vertentes: oitentista, world music e guitarrada paraense. Beá e Renata Beckmann buscaram referências primeiramente nos sons das ruas da periferia de Belém como o tecnomelody, a cumbia, a lambada e a guitarrada, mas em seguida passaram por sonoridades vindas dos sintetizadores da década de 80 e a world music, como Daft Punk e New Order.

Na visão de Renata Beckmann, “o álbum é fruto de uma grande viagem que tivemos pensando nos variados tipos de sons que tocam na cidade. Belém é muito musical e os sons se misturam pelos bairros: a guitarrada, o brega marcante, o tecnobrega, tecnofunk se mesclam com pop mundial, entre samples, versões e o autoral”. O resultado desse experimento pode ser acessado em todas as plataformas streaming.

Fruto de uma parceria com a Natura Musical, "Guamaense" se destaca na história da música paraense por ser o primeiro disco do gênero com a autoria de mulheres. A guitarrada paraense é marcada por obras de grandes mestres que, inclusive, são grandes referências para a GDM, entretanto era um estilo executado apenas por homens. Mais do que um disco de apresentação do duo, ele se torna uma frente de representatividade feminina na música paraense: “Somos mulheres carregadas de experiências, com ideias e desejos de fazer música instrumental. Essa é mais uma das frentes que mulheres podem assumir mesmo que sejam questionadas. Estamos em uma resistência feminista, lésbica, periférica, anti-racista e vamos seguir derrubando as portas que tentem fechar sem nem sequer nos ouvir. Temos ideias que merecem ser ouvidas e serão”, defende Renata.

O nome do álbum homenageia o Guamá, bairro que abriga as ruas que ecoam diariamente os sons que inspiraram as músicas do duo. Além de fonte de referências musicais, o bairro foi o local em que começou o processo de construção do disco: “Minha casa no Guamá era onde nos encontrávamos para amadurecer nossas composições durante os dois anos de projeto. Pra mim isso evidencia a importância cultural do bairro para além dos estereótipos de violência”, lembra Beá.

"Guamaense" começou a ser criado antes da aprovação no edital da Natura Musical. Ainda em 2017, Beá e Renata começaram a experimentar suas próprias composições e começaram a trocar ideias sobre o que viria a ser o primeiro álbum. Entrando em estúdio, o disco começou a tomar forma e força com a experiência de uma equipe escolhida a dedo. “Nós duas fizemos a pré produção e levamos para gravar os instrumentos orgânicos no estúdio Casarão Floresta Sonora com o Léo Chermont. Completamos essa equipe chamando o Felipe Cordeiro para fazer a direção artística, uma pessoa que foi fundamental pra unir o universo da world music e do pop às nossas referências dentro da guitarrada.” detalha Beá.

A mixagem ficou por conta de Rafaela Prestes (RJ), musicista que já trabalhou com Liniker e os Caramelows, Alice Caymmi, Adriana Calcanhoto entre outros nomes da música brasileira. A masterização é assinada por Fernando Sanchez (SP), a produção musical por Beá e Renata e, por fim, Leo Chermont na coprodução. O disco foi selecionado pela Natura Musical por meio do edital 2019, através da Lei Semear do Governo do Estado do Pará.

O lançamento do disco será realizado primeiramente em São Paulo, com show inédito na festa Je Treme Mon Amour, no dia 14 de dezembro, no Mundo Pensante (R. Treze de Maio, 830 - Bela Vista, São Paulo -- SP). Informações sobre ingressos e novas datas de shows em breve.

Participações
O disco conta com participações de várias cantoras, compositoras e grandes parceiros da GDM, que ajudaram a compor a atmosfera do álbum com suas vivências e trajetórias musicais. A cantora Aíla é uma artista importante na história da banda e emprestou os vocais para “Desapego”, faixa na qual divide a composição da letra e vocais com Anna Suav e Bruna BG, importantes nomes do rap paraense. Ainda em “Desapego”, ouvimos a pegada de bateria característica do músico Arthur Kunz (Strobo).

“Com amor, papai” é uma música cedida pelo mestre da guitarrada e grande referência da GDM, Manoel Cordeiro. “Manoel um dia me enviou uma mensagem perguntando sobre o disco e me dizendo que tinha uma música que queria mostrar, ela inicialmente se chamava “Deixe a Guitarra te Levar”. Recebi o arquivo ouvi, gostei muito e comecei a tirar na guitarra. Quando fomos gravar o disco, trouxemos essa composição foi super gostoso ter no disco a colaboração de alguém que a gente admira tanto e se inspira como instrumentista”, comenta Renata.

Sobre o duo
Guitarrada das Manas (GDM) surgiu na cidade de Belém/PA como um projeto das multinstrumentistas Beá e Renata Beckmann. O duo é fruto de uma conexão musical à primeira vista: duas jovens com sede de fazer seu próprio som, imprimir as referências das suas vivências e, através de seus corpos, ir de contra a um sistema que sempre omitiu mulheres periféricas.

O duo começou a ser gerado quando Beá e Renata trabalhavam juntas em um projeto musical da cantora Liège e nos finais de ensaios se juntavam para fazer música e tocar outros sons. Mas foi com o convite da Cantora Aìla para participar do festival M.A.N.A que o projeto se firmou: “Decidimos montar uma banda para tocar uma “jam” e debater sobre a ausência de mulheres no gênero da Guitarrada. Fomos encontrando nossa identidade e demos um novo passo na vida da banda, nos tornamos um duo e começamos a trabalhar com música eletrônica. Desde então pesquisamos e experimentamos diversas sonoridades que nos movimentam e unimos nossas outras experiências com a música num só projeto.” Explica Beá.

Desde 2017, a GDM esteve presente e se apresentando em grandes casas de show e festivais do circuito independente e mainstream brasileiro, como o Festival Br135 (MA), Virada Cultural de SP, Festival Se Rasgum (PA) e Rock in Rio (RJ), além de terem participado do circuito Sesc em SP e se apresentado no programa Instrumental Sesc Brasil no teatro Anchieta. No dia 06 de dezembro se apresentam no Showcase diurno da SIM SP, no Auditório Adoriran Barbosa no CCSP.

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