[e-s001]“Wanderlust”. Este é o termo alemão que se refere às pessoas que adoram viajar, conhecer novos lugares e interagir com outras culturas. Assim pode ser definido o maranhense Luiz Thadeu Nunes e Silva, de 60 anos, que tem mobilidade reduzida em decorrência de um acidente de trânsito que sofreu em 2003. Engenheiro agrônomo, ele já visitou 140 países. Devido a esse feito, será lançado, no final deste mês, um selo dos Correios, no Aeroporto Internacional Marechal Cunha Machado, em São Luís.

A história do “Marco Polo moderno”, como está sendo chamado carinhosamente, começou, no que se refere à sua vida como “wanderlust”, em 2009, quando foi à Europa, ao encontro do filho, que estudava inglês em um intercâmbio. Naquela ocasião, Thadeu viajou com ele a oito países, sendo sete europeus e um africano, o Marrocos. Antes dessa saga do engenheiro agrônomo, Luiz permaneceu durante quatro anos no Maranhão, em virtude de tratamento e cirurgias relacionados ao acidente de trânsito.

“Esse acidente aconteceu no interior do Rio Grande do Norte, em 2003. Eu estava dentro de um táxi. O motorista perdeu o controle da direção depois que atendeu ao celular enquanto dirigia. Ele jogou o carro para o meu lado. Sofri fratura exposta no fêmur”, relembrou Luiz Thadeu. Como resultado disso, adquiriu uma infecção óssea. Durante quatro anos, não caminhou e foi submetido a 43 cirurgias. O tratamento na perna foi intenso. Da queda, o engenheiro agrônomo se levantou mais forte e, desde então, pode ser comparado ao mercador veneziano Marco Polo, que passou 24 anos viajando pelo mundo, enfrentando muitas adversidades, entre os séculos XIII e XIV.
Volta ao mundo

“Em 2009, eu comecei a viajar, depois do acidente que sofri. De novembro daquele ano até hoje, não parei mais de conhecer o planeta, em seus vários ambientes. Inclusive, já tenho viagens compradas até a metade do próximo ano”, comentou Thadeu. Ele disse que vai realizar uma “volta ao mundo”, a partir de abril de 2020. Essa “epopeia” será diferente das outras porque, nas anteriores, as visitas aos continentes eram pontuais. Dessa vez, será ininterrupta, ou seja, de forma contínua. Nesse novo desafio, um dos objetivos é conhecer ilhas localizadas no Oceano Pacífico que são pouco procuradas por turistas.

“Eu vou sair de São Luís. Durante 90 dias, vou pisar em todos os continentes de maneira contínua. Essa viagem tem que ser minuciosamente estudada, pois irei sozinho para as ilhas mais remotas da Terra, lá no Pacífico, onde quase ninguém vai”, observou o “wanderlust”, como gosta de ser chamado. Da capital maranhen­se, Luiz partirá para São Paulo. Em seguida, aos Estados Unidos da América (EUA). De avião, atravessará o Oceano Atlântico até a Europa, onde irá à Holanda. Lá, passará uma semana. Depois, seguirá a Argélia, no continente africano.

O circuito de Thadeu terá prosseguimento até a China, depois de retornar à Holanda. “Eu vou demorar mais na Ásia porque vou até a Coreia do Norte. Aí, irei às pequenas ilhas do Pacífico, até sair na Austrália”, descreveu o engenheiro agrônomo.

[e-s001]Adaptação ao virtual
Colecionador, Thadeu tem muitas canecas, que trouxe dos países pelos quais passou. “Essa coleção é uma das maiores do Brasil. Já foi exibida em rede nacional. Por onde passo, além de interagir com a cultura local, sempre trago algum objeto. Geralmente, é uma caneca”, destacou Luiz. Tanta experiência nessas viagens também é o resultado de sua reinvenção no mundo virtual. Ele pontuou que se adaptou à realidade, a fim de conseguir as suas metas com menos obstáculos.

“Eu me reinventei com a internet. Qualquer pessoa que queira fazer um planejamento para viagem deverá saber que tem todas as informações na palma da mão, em um smartphone, por exemplo. Todos esses conhecimentos estão dentro do aparelho. Há 20 anos, quando alguém falava em mesa de bar, em São Luís que ‘fulano’ foi à Europa, isso surpreendia, porque era algo inatingível, pois era caro demais”, frisou Thadeu, que tem dois filhos, sendo que um deles viajou com o pai por 85 países.

Últimos países visitados
Os últimos países visitados pelo maranhense foram os pós-soviéticos Moldávia, Bielorrúsia e Ucrânia. “A cada 20 países que eu conhecia, eu sempre colocava mais 20 pela frente. De 20, passei para 40, e para 60. No início deste ano, eu estava com 130 países. E estou fechando com 140 países. Eu digo que superei todas as minhas deficiências e limitações saindo de casa, da minha zona de conforto, para conhecer o mun­do”, salientou o engenheiro agrônomo.

Para Thadeu, viver é preciso. Mas viajar também é. As duas coisas se confundem porque a vida é feita de momentos, não de minutos. Cada instante, para Luiz, é uma viagem em torno do mundo e, sobretudo, da sua própria mente.

[e-s001]SELO DOS CORREIOS

Luiz Thadeu foi citado no Livro dos Recordes Brasil como a pessoa com mobilidade reduzida que mais viajou a outros continentes. Essa façanha o levou a ganhar, também, um selo dos Correios com uma foto dele e um pequeno texto sobre o que conquistou nesses últimos 10 anos. Em janeiro deste ano, o “Marco Polo moderno” já havia recebido uma placa em sua homenagem no Aeroporto Internacional de São Luís, quando completou 130 países visitados.
“Sobre o recorde no Brasil, tem uma banca examinadora para avaliar isso. Eu fui classificado como número 1. O selo é uma comemoração por conta desse meu recorde. O lançamento desse selo será no final deste mês, juntamente com uma exposição de fotos”, explicou Thadeu. A homenagem dos Correios será feita onde há a placa, que foi inaugurada com a autorização da Infraero. “Foi a primeira vez que um viajante colocou uma placa em um aeroporto do Brasil. Em qualquer outro lugar do País, não há isso. Para mim, foi uma honra”, enfatizou.

SAIBA MAIS

Homenagem da Infraero
Antes do selo, Luiz Thadeu já havia recebido outra homenagem por causa de suas muitas viagens. A Infraero instalou uma placa no Aeroporto Marechal Hugo da Cunha Machado, com os seguintes dizeres:
“Deste aeroporto, partiu Luíz Thadeu Nunes e Silva, engenheiro agrônomo, andarilho e sonhador, que superou suas limitações, deu asas aos seus sonhos e pisou com muletas em mais de 130 países em todos os continentes da terra”.

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