Refugiados

Assinado acordo para acolher venezuelanos

Um dos objetivos da parceria firmada pelo Governo, ONU e municípios é acelerar a interiorização de venezuelanos pelo país. Até agora, 14,6 mil refugiados foram transferidos de Roraima para 250 municípios

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Venezuelanos são encontrados facilmente nas ruas de São Luís, onde pedem dinheiro para comprar alimentos
Venezuelanos são encontrados facilmente nas ruas de São Luís, onde pedem dinheiro para comprar alimentos (De Jesus)

BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro assinou, ontem, um documento para oficializar e ampliar a parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) no acolhimento de refugiados da Venezuela.

Segundo a CNM, a parceria já funcionava, mas de modo informal. O protocolo de intenções, válido para os próximos 12 meses, esclarece as atribuições de cada participante e permite ampliar a adesão de entidades e prefeituras.

De acordo com números do governo federal, 480 mil venezuelanos já foram beneficiados pela Operação Acolhida, que atende os imigrantes desde a passagem pela fronteira. O país vizinho passe por uma severa crise política, econômica e social, em meio às disputas entre oposicionistas e o governo do presidente Nicolás Maduro.

Em território brasileiro, os refugiados recebem orientação jurídica, documentação migratória e vacinação, por exemplo.

Os perfis são confrontados com as vagas ofertadas por municípios, ONU e sociedade civil. Os refugiados e as famílias que se encaixam nesses perfis podem ser “interiorizados” – ou seja, transferidos e acolhidos em cidades distantes da fronteira.

Até ontem, 14,6 mil cidadãos da Venezuela tinham sido interiorizados em 250 municípios brasileiros, segundo dados da Confederação Nacional dos Municípios (CNM).

Na cerimônia, o governo também assinou um acordo para criação de um fundo privado que vai receber doações para a Operação Acolhida. O processo será gerido pela Fundação Banco do Brasil.

Ocupações crescem e mais de 1,3 mil venezuelanos vivem em prédios abandonados em Roraima

Crise humanitária

O coordenador-residente do Sistema Nações Unidas no Brasil, Niky Fabiancic, afirmou em discurso que o protocolo de intenções firmado nesta quarta visa ampliar o número de cidades brasileiras que recebem venezuelanos.

Estudo feito em 2017 mostrou que 7 em cada 10 refugiados da Venezuela que chegam ao Brasil têm ensino técnico ou médio completos. “Com acesso a oportunidades, essas pessoas poderão contribuir para o desenvolvimento das cidades que as acolhem”, afirmou.

Fabiancic declarou que o governo brasileiro deu “um dos melhores exemplos de resposta humanitária à chegada de venezuelanos na região”, já que as ações ordenam a fronteira em Roraima, acolhem os imigrantes e os distribuem pelo país.

“Estamos diante do maior deslocamento de pessoas de um país da América Latina a países vizinhos. Até agora 4,3 milhões venezuelanos e venezuelanas deixaram seu pais em busca de liberdade, segurança e melhores condições de vida”, disse Fabiancic.

O Brasil é um dos principais destinos dos refugiados, junto com a Colômbia, o Peru e o Chile. Desde o início da crise humanitária na Venezuela, há cinco anos, o Brasil recebeu mais de 115 mil solicitações de refúgio e 90 mil pedidos de residência temporária para venezuelanos.

O presidente da CNM, Glademir Aroldi, defendeu ampliar o programa de interiorização para que outras cidades recebam os imigrantes.

“Queremos promover uma interiorização com maior humanidade, inserção social e profissional. Possibilidade aos imigrantes venezuelanos a oportunidade de recomeçar a vida no Brasil”, afirmou.

Fundo

Na cerimônia, o governo também assinou um acordo para criação de um fundo privado que vai receber doações de pessoa física e jurídica para a Operação Acolhida. O processo será gerido pela Fundação Banco do Brasil.

De acordo com Antônio José Barreto, subchefe de Articulação e Monitoramento da Casa Civil, a intenção é colocar no ar em 30 dias uma página na internet pela qual cidadãos e empresas poderão fazer doações online, com valores sugeridos ou doação livre.

Os recursos poderão custear, por exemplo, alimentação dos refugiados. Por meio de licitação, o governo brasileiro fechou contrato no qual gasta R$ 23 por dia para alimentar, com três refeições, um venezuelano acolhido.

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