Manifestação

Festa para o tambor de crioula

Programação celebra dia municipal da manifestação, 6 de setembro, com evento na casa de cultura que leva o nome da tradição

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
O tambor de crioula é uma manifestação maranhense presente em muitos municípios do estado
O tambor de crioula é uma manifestação maranhense presente em muitos municípios do estado (Tambor de Crioula)

São Luís - No dia 6 de setembro São Luís celebra o Dia Municipal do Tambor de Crioula, uma forma de expressão de matriz afro-brasileira que envolve dança circular, canto e percussão de tambores. A data marca a importância da manifestação cultural reconhecida em 2007 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) como Patrimônio Cultural do Brasil e está sendo celebrada na capital desde o dia 30 de agosto. Hoje ocorre o encerramento das festividades, a partir das 17h, com o Festejo de São Benedito, organizado pela Mestra Rosa Barbosa na Casa do Tambor de Crioula (Praia Grande).

A programação, que tem apoio da Secretaria de Estado da Cultura por meio da Casa do Tambor de Crioula, inicia com uma procissão em homenagem a São Benedito pelas ruas do Centro Histórico, a seguir, ocorrem a ladainha em homenagem a São Benedito, roda de tambor de crioula com o grupo Unidos de Santa Fé e o derrubamento do mastro, erguido no início das comemorações.

O Dia Municipal do Tambor de Crioula foi instituído pela Lei Municipal 4.349 em 21 de junho de 2014. Em 27 de março deste ano, o Governo do Maranhão, por meio do Decreto 34.718, reconhece a manifestação como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado institucionalizando ações de salvaguarda. Entende-se por salvaguarda de um bem cultural imaterial medidas de promoção, proteção e preservação que concorram para continuidade e fortalecimento de uma prática cultural.

Neste ano as comemorações do Dia Municipal do Tambor de Crioula ocorrem pelo segundo ano consecutivo na Casa do Tambor de Crioula, centro de referência dessa manifestação, sendo um dos mais novos equipamentos culturais da cidade.

Elementos

O tambor de crioula tem características próprias. Seja ao ar livre, nas praças, no interior de terreiros, ou associado a outros eventos e manifestações, é realizado sem local específico ou calendário pré-fixado e praticado especialmente em louvor a São Benedito. Ocorre na maioria dos municípios do Maranhão.

A música que acompanha a dança é tocada por três tambores de madeira (também chamados de parelha). Os tambores são afunilados e escavados. O maior, chamado de tambor grande, é o solista. Há dois outros tambores, o segundo chamado de meião ou sucador, e o terceiro, de crivador ou pererengue, que realiza improvisos em 6/8. Após serem tocados, os tambores são colocados diante de uma fogueira, para afinar o couro. O grande é amarrado à cintura do tocador chefe, de pé, preso entre suas pernas. Os dois menores são apoiados no chão, sobre um tronco, com os tocadores sentados sobre os tambores entre suas pernas. Um ajudante, agachado atrás do tambor grande, percute duas matracas produzindo variações de acompanhamento.

Cada cântico se inicia com um solista, que canta toadas de improviso ou conhecidas, repetidas ou respondidas pelo coro, composto por homens que se substituem nos toques (coreiros) e por mulheres dançantes (coreiras). Os cânticos possuem temas líricos relacionados ao trabalho, devoção, apresentação, desafio, etc.

A dança tem características próprias, sendo que uma dançante de cada vez faz evoluções diante dos tambozeiros, enquanto as demais, completando a roda entre tocadores e cantadores, fazem pequenos movimentos para a esquerda e a direita; esperando a vez de receber a punga e ir substituir a que está no meio. A punga é dada geralmente no abdômen, no tórax, ou passada com as mãos, numa espécie de cumprimento. Quando a coreira que está dançando quer ser substituída, vai em direção a uma companheira e aplica-lhe a punga. A que recebe vai ao centro e dança para cada um dos tocadores, requebrando-se em frente ao tambor grande, do meião e o pequeno, e repete tudo de novo até procurar uma substituta.

Saiba Mais

Cronologia do Tambor de Crioula

Décadas de 1930 a 1960 – Registro de poucos grupos em São Luís

Década de 1970 – Começa o processo de valorização do Tambor de Crioula como atração turística. Registro de 18 grupos em atividade.

Década de 1980 – Novos grupos são criados a partir do aumento do contingente de pessoas migradas do interior do estado.

Década de 1990 – Expansão dos grupos, com registro de 40 e crescente substituição dos tambores confeccionados de madeira pelos de materiais sintéticos (PVC).

Década de 2000 – Criação da Associação de Tambor de Crioula e cerca de 60 grupos cadastrados nos órgãos públicos estaduais e municipais de cultura.

Até 2019 – Cerca de 90 grupos registrados, além dos espontâneos.

Fonte: Os Tambores da Ilha (IPHAN)/ Casa do Tambor de Crioula

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