Assistência

156 venezuelanos cadastrados por órgãos em São Luís

Dado é da Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop); segundo governo, imigrantes seriam de etnia indígena Warao

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
Venezuelanas pedem esmolas em avenida; voltar para seu país de origem não está em seus planos
Venezuelanas pedem esmolas em avenida; voltar para seu país de origem não está em seus planos (venezuelanas)

Desde abril deste ano, 156 venezuelanos foram assistidos pela Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop), em parceria com a Secretaria Municipal de Criança e Assistência Social (Semcas), e receberam serviços voltados para documentação e inclusão em programas de auxílio ao público carente. No entanto, a quantidade de estrangeiros do país vizinho no Maranhão pode ser superior ao saldo auxiliado, já que alguns ainda não receberam ajuda e podem ser vistos pedindo esmolas nas vias de grande fluxo de veículos, na capital.

Segundo o governo maranhense, os imigrantes seriam do grupo Wa­rao – uma etnia indígena predominantemente originaria do leste do território do país sul-americano. De acordo com o governo maranhense, um relatório acerca do panorama da presença dos imigrantes em São Luís foi encaminhado ao Ministério Público Federal (MPF). Até o momento, a instituição não se manifestou sobre o assunto.

Atualmente, 39 pessoas – sendo 15 crianças – estão alojadas em um abrigo temporário cedido pela Igreja Assembleia de Deus dos Últimos Dias, localizado no bairro Vassoural, em Paço do Lumiar (MA). Segundo o Governo, os venezuelanos que residem na capital serão regularizados, em trabalho desenvolvido pela Defensoria Pública da União e Polícia Federal, com o apoio da Semcas.

Ainda de acordo com o Governo do Maranhão, com auxílio do poder público, eles são monitorados pela Força Estadual de Saúde (Fesma). Conforme informações oficiais, o grupo de trabalho “organiza cronogramas de atendimentos clínicos, encaminhamento para exames e realiza atendimentos emergenciais”.

Levantamento da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgadas no fim do primeiro semestre deste ano apontam que o Brasil foi o quinto país do mundo que mais recebeu venezuelanos. Segundo a entidade mundial, foram 168 mil pessoas. O país é superado por Colômbia, Peru, Chile e Equador.

Em sua maioria, os venezuelanos buscaram destinos nas regiões Norte e Nordeste para fugir da situação de calamidade social que vive seu país. Além da baixa oferta de alimentos, a Venezuela sofre com o desemprego e a desvalorização da moeda.

SAIBA MAIS

Legislação

A Lei nº 9.474, de 1997 e o Decreto nº 9.286, de 2018, define mecanismos para a implementação do Estatuto de Refugiados e dá outras providências. De acordo com o código, o acolhimento de pessoas em situação de vulnerabilidade – caso dos venezuelanos – é feito pelo Comitê Federal de Assistência Emergencial.

ABRINDO O JOGO

“Pra lá, não quero voltar!”, diz venezuelana que vive em São Luís
Em plena tarde de sol na Ilha, uma mulher venezuelana – que não quis ter o nome revelado – pedia dinheiro em companhia de dois dos seus quatro filhos, na Avenida Daniel de La Touche, na Cohama, em um dos semáforos. Ela, apesar de receosa, conversou rapidamente com O Estado e disse que não volta para a Venezuela nem “se pagarem”.

Há quanto tempo a senhora está na Ilha?
Há uns três dias.
E onde a senhora está abrigada com seus filhos?
Em uma casa aqui perto [ela não quis informar o endereço].
O que a fez vir para São Luís?
A situação de meu país. Lá não tem nada. Não tem nem comida. Deixei meu marido por lá e vim para cá.
Está arrependida?
De forma alguma. Aqui é um paraíso. Todos ajudam! Recebemos pouco, mas o pouco que temos conseguimos sobreviver. Lá, nem isso temos.
Agora, estando em São Luís, o que a senhora pretende fazer de sua vida? Quais são seus planos?
Por enquanto, ainda não estou planejando nada. Mas quem sabe um emprego.
Alguém do Governo já veio ajudar a senhora?
Até agora, nada. Estou esperando.

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