Especial / O Estado

Histórias e curiosidades dos faróis de orientação marítima de São Luís

Espaços são usados até hoje por navegadores, apesar do surgimento de equipamentos mais modernos; em São Luís, estão fixados duas estruturas do gênero

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
Farol do Araçagi na atualidade; estrutura guarda muitas histórias
Farol do Araçagi na atualidade; estrutura guarda muitas histórias (farol do araçagi)

SÃO LUÍS - Desde antes de Cristo, ao homem, atribui-se a necessidade de navegar “por mares nunca antes explorados”. Era o processo de exploração e conhecimento deste indivíduo a territórios, até então, desconhecidos. Com o desenvolvimento das primeiras civilizações e necessidade ativa de deslocamento por estas localidades, foi aperfeiçoada a arte da navegação, com o uso de grandes embarcações em distâncias até então nunca tentadas.

A evolução do transporte por este meio elevou a necessidade de criação de referências, para que os condutores destas embarcações não se perdessem literalmente. As primeiras tentativas de referência datam de aproximadamente 400 anos a.C, com a fixação de fogueiras sobre montes de pedras ou em “bacias” em cima de torres de madeira.

No entanto, de acordo com a obra primorosa intitulada “Luzes do Novo Mundo”, escrita pelo antigo navegador e pesquisador, Ney Dantas e ilustrada por Ricardo Siqueira, em 332 a.C. registrou-se a notícia mais antiga referente a um sinal luminoso para referência marítima. Foi neste ano que foi fundada a cidade de Alexandria, por Alexandre Magno.

Situada na margem mais ocidental do Rio Nilo, na África, a cidade – que pelo fomento econômico à época tornou-se centro comercial da região – foi obrigada a inventar unidades luminosas mais complexas e robustas. Por isso, a população de Alexandria apresentou ao mundo, na ocasião, o registro da primeira torre de iluminação marítima, ou primeiro farol.

Segundo os registros, esta estrutura fora fixada em Pharos, uma pequena Ilha no Delta do Rio Nilo, na entrada da Baía de Alexandria. A mando de Alexandre Magno, o arquiteto responsável – cujo registro formal não fora descoberto – construiu com a ajuda de centenas de homens uma torre retangular em uma pedra, encimada por duas menores, sendo uma octogonal e, outra, cilíndrica.

No topo desta torre, mantinha-se acesa (sob proteção) uma fogueira cuja fumaça e chamas poderiam ser vistas a 40 quilômetros de distância da costa.Foi esta torre pioneira, em Alexandria, que impulsionou a construção de outros faróis pelo mundo.

Na Região Metropolitana de São Luís, O Estado visitou as instalações – a convite da Capitania dos Portos do Maranhão – dos faróis do Araçagi (às margens da MA-203) e de São Marcos, situada até hoje no alto da baía de mesmo nome.

Os primeiros faróis

Ainda segundo a obra “Luzes do Novo Mundo”, emergiram antes de Cristo outros faróis com mecanismos de funcionamento semelhante por toda a Europa. Com o passar dos anos, a estrutura fora aperfeiçoada e as fogueiras foram substituídas por “mechas de lampiões”. Surgiram, posteriormente, os “véus” incandescentes a querosene, os bicos de chama de gás acetileno e, por fim, as chamadas “lâmpadas elétricas”.

Antes, os faróis emitiam sinais luminosos em lampejos, ou seja, distribuídos precariamente e de forma aleatória para todas as direções.

Na primeira metade do século XIX, o engenheiro francês Jean Auguste Fresnel apresenta um sistema “de prismas de cristal”, influente até hoje nos faróis. O sistema consiste em uma disposição de prismas que, montados em um painel diante de uma fonte luminosa, concentrava os raios em uma única direção.

Desta forma, além de concentrar o feixe luminoso em uma só posição, o alcance dos faróis teve um ganho consubstancial. Segundo tabela fixada à época, um prisma de diâmetro interno de 2,6 metros poderia ter um alcance náutico de mais de 30 milhas náuticas (ou mais de 55 quilômetros além da costa).

O primeiro farol brasileiro: Santo Antônio

Inaugurado em 1698 e com alcance atual luminoso de 38 milhas náuticas, o farol de Santo Antônio é apontado como o mais antigo do país e o precursor do acessório no continente americano. No início do século XVII, a cidade de Salvador era considerada uma fortaleza, por sua posição geográfica e proteção física contra os invasores.

A localização da capital baiana chamava a atenção: construída no morro do Padrão, na entrada da Baía de Todos os Santos. Trinta anos antes do registro oficial de inauguração do farol, o naufrágio de uma embarcação portuguesa, vitimando “centenas de pessoas”, gerou preocupação quanto à chegada até o território de Salvador.

Assim que foi erguido, o farol era descrito – conforme registro histórico de habitante à época – como um “torreão quadrangular de altura meã, encimado por uma sorte de quiosque lateralmente envidraçado”.

Logo após a transferência da família real para o Brasil, no século XIX, o farol ganha ainda mais importância. Atualmente, a estrutura é visitada por turistas e ainda auxilia na orientação dos navegadores.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.