Luto

Bebê não resiste à cardiopatia congênita e morre em São Luís

Família do menino fez um apelo na OAB-MA, para que a decisão emitida fosse cumprida o quanto antes pelo Governo do Estado, mas não houve tempo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
Família esteve na OAB para pedir ajuda
Família esteve na OAB para pedir ajuda (Ravi)

O pequeno Ravi Everton Gaspar, que portava cardiopatia congênita e estava internado no Hospital Materno Infantil, em São Luís, não resistiu ao agravamento da doença e faleceu na manhã de ontem (7). Uma decisão judicial expedida no último domingo (2), pelo juiz Raimundo Ferreira Neto, titular da 11ª Vara Cível, exigia a transferência imediata do pequeno para um hospital especializado, localizado no estado de São Paulo.

Na quarta-feira (5), a família fez um apelo na Ordem dos Advogados do Brasil no Maranhão (OAB-MA), fazendo um apelo para que a decisão emitida fosse cumprida o quanto antes pelo Governo do Estado, identificado co­mo os responsável para custear os gastos.

O procedimento cirúrgico, não disponível na rede pública ou particular de saúde da capital, deveria ser feita em um hospital especializado, localizado no estado de São Paulo. O procedimento, capaz de corrigir a cardiopatia congênita e proporcionar uma vida saudável às crianças com a doença, é indicado para ser realizado, em casos graves como de Ravi Everton, um dia após o nascimento, mas, devido ao custo incompatível com a condição financeira da família não foi possível e, orientados pela advogada Wil Ferreira, a família acionou a Justiça para solicitar tutela provisória de urgência do Estado do Maranhão e Município de São Luís.

A Secretaria de Estado da Saúde (SES) lamentou, em nota, a morte do bebê Ravi Gaspar e reafirmou que, dentro de sua atribuição e competência, buscou a efetiva assistência às crianças cardiopatas, com vias a garantir, sobretudo, o direito ao tratamento adequado da patologia.

A SES ressaltou que o caso do bebê Ravi Gaspar foi compartilhado com unidades de saúde de outros estados, a fim de garantir celeridade na transferência da criança para início do tratamento, e, em resposta à solicitação da secretaria, a equipe de cirurgia cardíaca do Hospital do Coração de São Paulo estava analisando o caso. Por fim, a SES acrescentou que todas as medidas para assegurar a transferência da criança foram adotadas, inclusive com a disponibilidade da UTI aérea e terrestre.

Ação
Em São Luís, mães de cardiopatas estarão reunidas neste sábado (8), às 16h, no Parquinho da Praia de São Marcos, localizado na Avenida Litorânea, para um ato público so­bre os casos de cardiopatia. No Ma­ranhão, são cerca de 200 crianças aguardando pela cirurgia. To­dos os anos, cerca de 130 milhões de crianças nascem no mundo com algum tipo de cardiopatia congênita.

SAIBA MAIS

Cardiopatia Congênita
A Cardiopatia Congênita é qualquer anormalidade na estrutura ou função do coração que surge nas primeiras 8 semanas de gestação quando se forma o coração do bebê. Ocorre por uma alteração no desenvolvimento embrionário da estrutura cardíaca, mesmo que descoberto anos mais tarde.

As cardiopatias congênitas mais comuns incluem alteração em alguma válvula cardíaca, que influência no fluxo sanguíneo dificultando ou impedindo sua passagem, alterações nas paredes do coração levando a comunicações cardíacas que não deveriam existir e mistura do sangue oxigenado com o não oxigenado ou ainda a formação de um único ventrículo. Pode ainda haver a combinação de malformações.

Sintomas e exames
Em bebês os sintomas podem ser notados durante as mamadas, quando há o cansaço excessivo e transpiração, o mesmo pode acontecer durante o sono. Dificuldade no ganho de peso, irritação frequente e ainda cianose, que é caracterizada pela ponta dos dedos e/ ou lábios arroxeados. Em crianças maiores o cansaço pode ser notado durante as atividades físicas ou até mesmo na dificuldade de acompanhar o ritmo de outras crianças, crescimento e ganho de peso de forma inadequada, infecções pulmonares repetidas, taquicardia ou ainda lábios roxos e pele pálida quando brinca muito.

Pode haver ainda episódios de desmaios precedido de tontura, visão turva, dores no peito e mal-estar. As cardiopatias podem ser suspeitadas durante a gestação pelo ultrassom morfológico e confirmadas pelo ecocardiograma fetal ou ainda com a ajuda do teste do coraçãozinho, que é feito na maternidade. Outra forma de diagnóstico é por exame físico realizado pelo pediatra com ajuda de exames complementares como raio x de tórax, eletrocardiograma, ecocardiograma, cateterismo, holter de 24h e angiotomografia.

Principais causas
As cardiopatias congênitas não têm causa definida, ocorrem pela interação de fatores genéticos e ambientais. No entanto, está comprovado que existem algumas situações que podem contribuir para o aumento do risco dessa condição. Mães com mais de 35 anos, históricos de filhos anteriores cardiopatas, mães diabéticas, portadoras de lúpus e hipotireoidismo, mães que apresentaram toxoplasmose ou rubéola ou aquelas que fizeram uso de anticonvulsivos, anti-inflamatórios, ácido retinoico, lítio durante a gravidez podem aumentar as chances de alterações na formação do coração do feto. Gravidez de gêmeos, múltiplos ou fertilização in vitro também podem ter influência.

Tratamento e cuidados após o diagnóstico
O diagnóstico precoce pode salvar a vida da criança, principalmente em cardiopatias mais graves, quando o parto deve ser planejado e a criança precisa ser operada nos primeiros dias de vida. As cardiopatias congênitas podem ser prevenidas em parte através da vacinação contra a rubéola e do consumo de ácido fólico. Algumas cardiopatias não necessitam de tratamento. Outras podem ser tratadas de forma eficaz com procedimentos com cateteres ou cirurgia cardiovascular. Em alguns casos podem ser necessárias várias cirurgias. Em outros, podem ser necessários transplantes de coração. Com tratamento apropriado, o prognóstico é geralmente bom, mesmo dos problemas mais complexos.

Complicações
Algumas situações verificadas em ultrassom merecem ser mais bem investigadas com exames específicos. Fetos que apresentem alteração na translucência nucal (detectada no ultrassom de 12 semanas) ou malformação em algum outro órgão ou fetos com suspeita de síndromes ou defeitos genéticos merecem atenção redobrada. As síndromes mais comumente associadas à cardiopatia são: Síndrome de Di George, Síndrome de Down, Síndrome de Edwards, Síndrome de Marfan, Síndrome de Noonan, Síndrome de Patau, Síndrome de Turner e Síndrome de Williams Nos casos das situações listadas, a realização do ecocardiograma fetal é muito importante, mesmo que o ultrassom morfológico esteja normal. Assim podemos detectar ou excluir uma cardiopatia e programar o nascimento do bebê, proporcionando uma gravidez mais tranquila para toda a família.

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