Trânsito

Mulheres se envolvem menos em acidentes, aponta pesquisa

Dados aponta que 24% dos acidentes de trânsito registrados no Maranhão em 2018 tiveram o envolvimento de mulheres; elas também cometem menos infrações e têm menor registro de pontos na carteira, 64% a menos que os homens

Monalisa Benavenuto / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
Mulheres são mais cuidadosas  no trânsito
Mulheres são mais cuidadosas no trânsito (mulher no volante)

Contrariando o dito popular que questiona a prudência das mulheres ao volante, uma pesquisa realizada pela Seguradora Líder, responsável pelo pagamento do seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (DPVAT), apontou que, das ocorrências de trânsito registradas no Maranhão em 2018, 24% tiveram o envolvimento de mulheres. No estado, conforme dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-MA), elas representam cerca de 27% dos 889.434 condutores registrados pelo órgão. Para especialistas, baixos índices de mulheres envolvidas em acidentes demostra que, apesar de serem a minoria no trânsito, elas são, no geral, mais cautelosas na direção.

Muito embora os carros tenham chegado ao Brasil por volta de 1890, as primeiras mulheres que detiveram o direito de dirigir e portaram habilitação alcançaram o feito apenas 42 anos depois, em 1932. Seguindo a conquista das pioneiras Maria José Pereira Barbosa Lima e Rosa Helena Schorling, atualmente cerca de 240 mil mulheres pilotam veículos motorizados no Maranhão, apesar de ainda representarem um grupo 63% menor que o composto por condutores do sexo masculino, constituído por 653.064 motoristas, de acordo com o Detran-MA.

Mas não é apenas a presença das mulheres ao volante que apresenta menores índices no trânsito do estado. Segundo uma pesquisa realizada anualmente pela Seguradora Líder, que detém contrato para gestão e pagamento do seguro DPVAT em todo o Brasil, apenas 24% dos acidentes de trânsito registrados no Maranhão tiveram o envolvimento de mulheres. Para o médico Phil Camarão, especialista em medicina de tráfego, presidente da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), as estatísticas refletem as características das mulheres ao volante.

“As mulheres são muito mais cuidadosas. Dirigem mais devagar e de forma defensiva. Também não costumam beber antes de dirigir e, consequentemente, também se envolvem menos em acidentes automobilísticos. Não por acaso, estudos demonstram que elas vivem, consideravelmente, mais que os homens. De forma geral, isso se comprova nas atitudes que elas tomam no dia a dia, sendo mais precavidas e conscientes”, ressaltou o especialista.

Mas alguns índices apresentados pela pesquisa geram preocupação, entre eles dados referentes à população mais nova. Dos acidentes envolvendo mulheres no Brasil em 2018, 50% atingiram jovens de 18 a 34 anos, no estado. Phil Camarão destaca, entre outros pontos, o uso de celular ao volante. “No dia a dia, podemos identificar um grande número de mulheres utilizando celular, normalmente relacionado às mais jovens. É um ponto que precisa ser trabalhado e reforçado o perigo imposto por esta atitude, que pode estar relacionada ao alto índice de envolvimento dessa faixa etária em acidentes”, avaliou.

Infrações
Contudo, dados do Detran demonstram que as mulheres cometem menos infrações no trânsito. Dos 77.153 condutores com pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) em 2018, apenas 26% correspondiam a mulheres. Até abril deste ano, o número de mulheres com pontos na CNH era 64% menor que o de homens, segundo o órgão. Motoristas experientes, que se mantêm sem registros de infrações no histórico de habilitação, destacam cuidados tomadas no dia a dia tidos como “essenciais” para confrontar quem ainda questiona a habilidade da mulherada ao volante. Habilitada há mais de 20 anos, a pedagoga Luzia Mota desconhece a sensação de sofrer um acidente.

“Nunca bati o carro ou tive al­gum tipo de problema grave dirigindo. Sempre busco me manter atenta, para evitar que isso possa acontecer. Nós somos mais cuidadosas e cautelosas no dia a dia. Não seria diferente no trânsito. Não dirijo após beber, e uso celular só em casos de emergência, mas sempre tento parar o carro em algum local apropriado. A gente não pode garantir que na­da ocorra, mas podemos evitar agir de forma imprudente, porque, além dos riscos à nossa vida, outras pessoas são colocadas em perigo”, destacou.

Sobre o Seguro DPVAT
O DPVAT é um seguro obrigatório de caráter social que protege os mais de 209 milhões de brasileiros em casos de acidentes de trânsito, sem apuração da culpa. Ele pode ser destinado a qualquer cidadão acidentado em território nacional, seja motorista, passageiro ou pedestre, e oferece três tipos de coberturas: morte (R$ 13.500), invalidez permanente (até R$ 13.500) e reembolso de despesas médicas e hospitalares da rede privada de saúde (até R$ 2.700). A proteção é assegurada por um período de até 3 anos.

Dos recursos arrecadados pelo seguro obrigatório, 50% vão para a União, sendo 45% para o Siste­ma Único de Saúde (SUS) para custeio da assistência médico-hospitalar às vítimas de acidentes de trânsito, e 5% são para o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), investidos em programas de educação e prevenção de acidentes de trânsito. Os outros 50% são direcionados para despesas, reservas e pagamento de indenizações.

SAIBA MAIS

EconomiaUma pesquisa feita por um site de comparação de preços demonstrou que seguros para automóveis são até 15% mais baratos para mulheres. Isto porque, conforme Paulo Marchetti, CEO da companhia especializada em pesquisas de custos, as simulações de seguradoras levam em conta o comportamento delas no trânsito. “As mulheres são conhecidas, em sua maioria, por serem mais cautelosas na direção além de respeitarem mais as leis e, por isso, as seguradoras cobram um valor mais baixo”, comentou.

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