Imigrantes

Índios venezuelanos buscam condições de trabalho em SL

Imigrantes já passaram por três estados brasileiros; atualmente, estão em um abrigo temporário

Emmanuel Menezes / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
Imigrantes estão em São Luís, mas pensam em voltar para casa, um dia
Imigrantes estão em São Luís, mas pensam em voltar para casa, um dia (venezuelanos)

Imigrantes venezuelanos que chegaram nas últimas semanas a São Luís seguem em busca de mantimentos básicos. No total, 31 venezuelanos estão na cidade, sendo 15 crianças e 16 adultos. Há quatro dias, uma casa foi oferecida pelo poder público e virou abrigo provisório dos imigrantes, após eles passarem dias dormindo na rodoviária e pedindo esmolas na rua.

Eles são naturais da tribo indígena Warao, etnia que habita o nordeste da Venezuela. Já passaram pelas cidades de Boa Vista e Pacaraima (Roraima), Manaus (Amazonas), além de Santarém e Belém (Pará). “Nós estamos querendo trabalhar, não queremos pedir. Queremos arrumar dinheiro para conseguir voltar para a Venezuela, onde está nossa família”, diz Rafael Rattio, um dos imigrantes que melhor consegue se comunicar em português.

Há uma dificuldade em conversar com os indígenas, pois eles não se comunicam em espanhol e sim em um dialeto próprio de sua etnia. Na residência, estão morando sete famílias. O mais novo do grupo é o pequeno Juan, de 3 anos; o mais velho é Yan, de 70 anos.

“Nós recebemos alimentação e o espaço, mas queremos muito voltar para a Venezuela ajudar nossos amigos e familiares”, conta. O país tem passado por uma profunda crise econômica e política. Em 2017, quando decidiram sair do país, Rafael conta que não havia comida, remédios e nem mesmo roupas para se vestir.

Suporte
Representantes da Secretaria Municipal da Criança e Assistência Social (Semcas) e da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop) já estiveram no local, prestando as orientações devidas aos estrangeiros. Um primeiro contato com as leis brasileiras, para evitar a exposição de crianças e adolescentes em situação de rua, foi feito.

Em nota, a Sedihpop informou que o grupo humanitário formado junto à Secretaria de Estado do Desenvolvimento Social (Sedes) e Secretaria Municipal da Criança e Assistência Social (Semcas) está oferecendo duas refeições diárias para cada um dos venezuelanos que estão no abrigo temporário, café da manhã, gás, garrafões de água mineral, colchões e material de higiene pessoal. Uma triagem de documentos necessários também já foi feita.

Uma equipe da Força Estadual de Saúde do Maranhão (Fesma) atendeu os venezuelanos e realizou testes rápidos de HIV, Sífilis e Hepatites B e C. Na próxima semana, a equipe irá vaciná-los e deve continuar prestando assistência.

Quanto ao futuro da situação, a Sedihpop comunicou que fará uma escuta com os venezuelanos para compreender suas perspectivas. O que for discutido será levado ao Governo Federal, para que aqueles que demonstrarem interesse em permanecer no país possam ser interiorizados, questão que é de responsabilidade da União.

SAIBA MAIS

IMIGRAÇÃO

Cerca de 56 mil refugiados venezuelanos atualmente buscam abrigo no Brasil. Os índios da etnia Warao compreendem cerca de 3 mil pessoas, dentre esses imigrantes. O fluxo de waraos, que não falam nem português nem espanhol, cresceu radicalmente nos últimos seis meses, a ponto de superlotar as unidades de acolhimento de Roraima, primeiro estado encontrado pelos imigrantes ao cruzar a fronteira.

A etnia habita, principalmente, o nordeste da Venezuela, onde deságua o rio Orinoco. O grupo costuma se deslocar sazonalmente pelo território venezuelano. Considera-se que haja 50 mil pessoas waraos, de acordo com um censo de 2011. Sua língua falada é aglutinante, chamada também de Warao.

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