SÃO LUÍS - A polícia ainda ontem estava investigando crimes de milícia e extorsão praticados por um bando criminoso em um condomínio residencial do programa Minha Casa, Minha Vida, no Cruzeiro de Santa Bárbara, área do Conjunto São Raimundo. Essa quadrilha seria chefiada por um ex-auxiliar penitenciário temporário, Lourimar de Jesus Sousa Santos, de 40 anos. Existe a possibilidade de haver outros auxiliares do sistema prisional envolvidos nesse esquema criminal. Os moradores estão sendo obrigados a pagar vários tipos de taxas para terem acesso a essa localidade. O valor varia de R$ 30 a R$ 50.

“Não há qualquer ato formal que formalize Lourimar de Jesus como síndico desse condomínio. Ele fazia reunião forçada com os moradores, dizia que era presidente de uma associação de moradores e cobrava vários tipos de taxa, inclusive, de limpeza. Isto pode ser denominado como um embrião de uma milícia”, afirmou o delegado Murilo Lapenda, titular do 15º Distrito Policial, em entrevista a Rádio Mirante AM.

Ele informou, também, que ontem vários moradores desse condomínio compareceram a delegacia, no São Raimundo e disseram que há mais auxiliares do sistema penitenciário envolvidos nesse tipo de crime. Esses profissionais da área do sistema prisional são utilizados para cobrarem as taxas dos moradores e andam armados na localidade. “Eles utilizam espingarda calibre 12 e recebem ordem diretamente de Lourimar de Jesus”, disse o delegado.

“Não há qualquer ato formal que nomeie Lourimar de Jesus como síndico desse condomínio. Ele fazia reunião forçada com os moradores, dizia que era presidente de uma associação de moradores e cobrava vários tipos de taxa, inclusive, de limpeza. Isto pode ser denominado como um embrião de uma milícia”Murilo Lapenda- delegado do 15º Distrito Policial

Denúncia

O delegado informou, ainda, que na última segunda-feira, um morador desse condomínio, nome não revelado, revoltado com a situação esteve na delegacia e formalizou a denúncia. Ele disse que um bando havia instalado um clima de terror na comunidade. Os criminosos estavam cobrando vários tipos de taxa e ameaçando de morte as pessoas que se recuso a efetuar o pagamento.

Uma das taxas era de R$ 30,00 para que o morador ter acesso ao condomínio e deveria ser paga mensalmente aos quadrilheiros. Cada morador deveria pagar, também, R$ 50,00 mensalmente para poder residir nessa localidade, além de pagar taxas de limpeza, segurança e até mesmo uma licença para construção de muro e ruas.

Ainda de acordo com a denúncia, os quadrilheiros estavam andando armados. Além disso, muitos moradores estavam proibidos de entrarem no condomínio residencial pela porta principal e para terem acesso à sua residência teriam que passar por um terreno baldio cheio de mato e lixo.

Segundo a polícia, há suspeita, também, que os quadrilheiros já teriam adquirido várias casas nesse conjunto de forma irregular e repassadas a familiares do grupo. Muitos moradores estão abandonando suas casas com receio de sofrerem algum tipo de represália. “Eles adotaram taxas de limpeza, construção de rua, de segurança, dentre outras”, disse o delegado.

Incursão

Uma equipe do 15º Distrito Policial, coordenada pelo delegado Murilo Lapenda, foi até o local na tarde de segunda-feira e acabou barrada pelos quadrilheiros. O delegado declarou que Lourimar de Jesus colocou uma corrente na porta principal do condomínio para impedir o livre acesso dos moradores e visitantes. “Lourimar de Jesus estava na porta do condomínio e perguntou para os policiais, que estavam em um carro descaracterizado, o que eles tinha ido fazer na comunidade. Ele ainda tentou extorquir os policiais”, disse o delegado.

Lourimar de Jesus foi preso em flagrante pelo crime de extorsão e por posse ilegal de arma de fogo, invasão e venda irregular de imóveis do programa federal. Com ele, foram apreendidos listas de pagamento contendo nomes de mais de 150 moradores, taxas de cobranças e vários recibos de pagamento. “As investigações continuam e devem ser presos mais envolvidos nesse esquema”, afirmou o delegado.

SAIBA MAIS

Milícia é a designação genérica das organizações militares ou para militares ou de qualquer organização que apresente grande grau de autuação. O termo refere a organizações compostas por cidadãos comuns armados ou com poder de polícia.

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