Tragédia

Desmoronamento compromete mais de 30 casas na Vila Bacanga

Os fundos dos imóveis foram destruídos no desabamento de barreira; primeiro caso foi registrado no fim da quarta-feira (6); situação se agravou ontem (7), quando deslizamentos aconteceram durante todo o dia

Emmanuel Menezes / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h26

[e-s001]Moradores da Rua João Paulo II, no bairro Vila Bacanga, na área Itaqui-Bacanga, em São Luís, estão passando por sérios problemas de infraestrutura desde o fim da quarta-feira (6). Mais de 30 casas localizadas naquela via tiveram seus fundos completamente destruídos, após o desmoronamento de parte de uma encosta, que tem seu ponto alto na região. A situação se agravou ontem (7), quando mais deslizamentos foram registrados durante todo o dia, atingindo o fundo de todas as casas da rua. São cerca de 200 metros de área atingida, e muitas casas perderam banheiros e quintais. Em alguns casos, até a cozinha está comprometida.

A vendedora Maria Rita mostrou a O Estado os estragos causados no fundo de sua casa de dois pavimentos, na qual todo o quintal desmoronou. “Tudo que eu tenho é esta casa, e ela foi construída com muito esforço. Se eu perder minha casa, eu não vou ter mais nada para dizer que é meu”, desabafou, demonstrando emoção. O piso do quintal da mulher afundou em quase dois metros do nível em que foi construído, deixando um grande e perigoso buraco no local.

O cenário no local é crítico. Todas as mais de 30 casas têm enormes rachaduras. Algumas são tão grandes que até separam as ligações de concreto das edificações. Cômodos como cozinha, banheiro e lavanderia, que geralmente são construídos nos fundos das casas, estão destruídos, levados encosta abaixo.

Raimunda Vieira, que é dona de casa, e também uma das moradoras mais antigas da rua, demonstrou frustração ao não saber quais medidas tomar daqui para a frente. “Moro aqui há 35 anos e nunca vi um desastre desses. Para completar, não estamos tendo suporte algum. A Defesa Civil veio aqui e apenas disse para eu sair da casa ou dormir na sala, mas com a porta aberta. Para onde eu vou?”, questiona. Os moradores tiveram de colocar todos os seus pertences de maior valor nas salas, garagens e, até mesmo, nas calçadas das casas.

Ela mora com mais cinco pessoas na residência e não tem a mínima condição de se mudar imediatamente para outro local. “Eu não tenho como pagar aluguel. Minha casa é simples, mas é própria. Só que agora está destruída e ninguém está ligando para isso”, completa, desolada.

[e-s001]Suporte
Para O Estado, alguns moradores revelaram que a Defesa Civil indicou que eles seriam levados para uma escola da região, enquanto outras providências fossem tomadas. Outros moradores, como a dona de casa Raimunda Vieira, não receberam nenhuma indicação de possível mudança ou suporte.

O Estado questionou a Secretaria Municipal de Segurança com Cidadania (Semusc), que informou que durante o período chuvoso, agentes da Defesa Civil reforçam o monitoramento nas áreas de risco na capital. A Semusc esclareceu que, além desse monitoramento, é mantido diálogo constante com os Núcleos Comunitários de todas as áreas de risco, e sempre que surge alguma notificação nessas áreas, os agentes são imediatamente enviados para o local solicitado. Sobre o caso citado na reportagem, ocorrido na Vila Bacanga, a Semusc comunicou que está acompanhando e que equipes da Defesa Civil já estiveram no local para avaliar a situação e adotar todas as medidas necessárias.

Entre as medidas, está o encaminhamento da situação à Secretaria Municipal da Criança e Assistência Social (Semcas), que já deslocou para o local equipes dos Centros de Referência de Assistência Social (Cras) da área Itaqui-Bacanga (Vila Bacanga, Vila Nova e Anjo da Guarda), a fim de realizar o primeiro atendimento socioassistencial, que se refere à identificação, cadastramento e acompanhamento das famílias envolvidas.

Após a identificação, é realizada uma avaliação individual socioeconômica de cada família afetada para posterior acolhimento, em casa de familiares, abrigo institucional temporário da Semcas ou inserção no Benefício Eventual Auxílio Moradia (aluguel social), este último, de acordo com o perfil socioeconômico da família.

SAIBA MAIS

Áreas de risco

De acordo com informações da Defesa Civil do Maranhão, liberadas no mês de fevereiro, São Luís possui 60 áreas de risco mapeadas e deste total, 27 são consideradas de alto risco.

A situação em alguns pontos considerados de alto risco ficou ainda mais grave após as fortes chuvas registradas durante o mês de fevereiro, que superaram a milimetragem esperada.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.