Alerta

Cuidado! Aplicativo de celular é usado por golpistas em ações criminosas no MA

Bando foi desarticulado na sexta-feira, em São Luís; criminosos praticam crimes pelo WhatsApp; segundo polícia, em 2018 mais de cinco mil foram vítimas

Ismael Araújo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h26
Leonel, Anderson, Leonel e o advogado José dos Santos, presos ontem em São Luís
Leonel, Anderson, Leonel e o advogado José dos Santos, presos ontem em São Luís (golpistas)

SÃO LUÍS - O WhatsApp é um aplicativo de comunicação no momento um dos mais utilizado no mundo. Ele permite com que as pessoas possam compartilhar informações, fotos e vídeos em tempo real. A sua popularidade trouxe também um lado negativo. Segundo a polícia, ele se tornou alvo de cibercriminosos e somente no ano passado mais de cinco mil pessoas em todo o país foram vítimas desse tipo crime.

Na manhã desta sexta-feira, 15, uma operação realizada pelos policiais da Delegacia de Divisão de Repressão de Crimes de Informática de Santa Catarina e da Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic), do Maranhão, prendeu na Grande São Luís, mais uma vez, Leonel Silva Pires Júnior, líder de um bando especializado de aplicar golpes por meio dessa plataforma de mensagem.

Além dele, mais quatro pessoas foram detidas, entre elas, o advogado José dos Santos Ferreira Sobrinho; a tia de Leonel, Eliane Gonçalves Costa; Anderson Sombra Azevedo e Sérgio Farias de Araújo Júnior. Esse bando, no ano passado, adquiriu de forma ilegal mais de R$ 2 milhões.

Ordem Judicial

O delegado Carlos Alessandro de Assis, superintendente da Seic, informou que Leonel Júnior foi preso em um condomínio no bairro do Turu, onde foi apreendido um veículo de luxo, avaliado aproximadamente em meio milhão de reais. A polícia fez, também, uma busca em uma lan house, no Cohajap, de propriedade do detido, onde apreendeu aparelhos eletrônicos que serão periciados. “O grupo foi preso em cumprimento de ordem judicial expedida pela Justiça de Santa Catarina”, disse o delegado.

Os detidos foram levados para a sede da Seic, no Bairro de Fátima, onde prestaram esclarecimentos. O delegado Felipe Rosado, da Divisão de Repressão de Crimes Informáticos de Santa Catarina, declarou que existe nove inquéritos em desfavor desse bando por aplicação de golpes naquele estado, por meio de celulares clonados. Três dos casos ocorreram transferência de dinheiro para conta bancária dos golpistas.

Somente da prefeitura da cidade de Anita Garibaldi, os criminosos transferiram de forma ilegal em torno de R$ 250 mil. Este dinheiro era do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). A polícia informou que foi encontrado R$ 25 mil na conta bancária de Eliane Costa; e, na conta do advogado, um valor de R$ 20 mil. “Eles conseguiram clonar o celular do prefeito dessa cidade e, logo após, aplicaram o golpe”, disse Felipe Rosado.

Cerco policial

Leonel Júnior já havia sido preso durante a operação Swindle, ocorrida no dia 17 de julho do ano passado, na capital, realizada pela Polícia Federal, policiais da Seic e da Civil do Paraná. Ele foi detido em um condomínio de luxo na capital, em companhia de outros criminosos acusados de aplicar golpe pelo WhatsApp.

Esse bando era acusado de ter aplicado golpes, de acordo com a polícia, em pelo menos 20 deputados estaduais e federais, ministros do governo Michel Temer e até mesmo a ex-governadora do Paraná, Maria Aparecida Borghetti. As vítimas tiveram os celulares clonados por esse bando criminoso.

O delegado Odilardo Muniz, chefe do Departamento de Combate a Crimes Tecnológicos (DCCT), da Seic, afirmou que Leonel Júnior seria o chefe dessa organização criminosa. Esse criminoso também utiliza a sua empresa para realizar os golpes. “Ele cancelava o chip real e resgatava no chip normal. Dos 120 chips que ele tinha, que a sua empresa faturou, 79 foram utilizados para golpes”, disse o delegado.

Leonel Júnior foi ouvido na Polícia Federal e, logo depois encaminhado para o Complexo Penitenciário de Pedrinhas, mas foi solto em outubro do ano passado após obter habeas corpus deferido pelo desembargador do Tribunal Regional Federal da Primeira Região, Ney Belo, e pagamento da fiança no valor de 10 salários mínimos.

Mais prisões

A equipe da Seic prendeu na Ilha, no dia 16 de janeiro deste ano, oito integrantes de uma associação criminosa especializada em clonar celulares de políticos para pedir dinheiro em nome de vítimas. Entre os presos há funcionário de uma Câmara Municipal, Prefeitura e até mesmo da União. A polícia informou, também, que pelo menos sete prefeitos do interior do estado e três gestores municipais das cidades do Paraná foram vítimas desses criminosos. O prejuízo, inicialmente, estava estimado em torno de R$ 200 mil.

De acordo com a polícia, os quadrilheiros conseguiam clonar o número do chip do celular das vítimas e, em seguida, enviavam mensagem para os familiares e amigos próximos da vítima pedindo dinheiro de forma emergencial. Esta quantia era depositada na conta bancária dos criminosos. Esse bando fez várias vítimas no Maranhão, Paraná, Santa Catarina e ministros do governo Temer.

Outros golpes

Além do golpe do número clonado, os criminosos também estão aplicando outros tipos ações ilegais utilizando essa ferramenta de mensagem. Um deles é a retrospectiva do WhatsApp. A polícia informou que a vítima recebe em seu celular uma mensagem com um link que promete fazer uma retrospectiva do seu ano no app, ou seja, resgatando fotos antigas, status postados e até conversas, mas ao clicar aparece um site com publicidade.

Essa página eletrônica, na maioria das vezes, pede para que a vítima em potencial compartilhe o endereço com mais contatos, até encher uma barra direciona para outros sites falsos de promoções, que pedem por dados pessoais. Para a polícia, a ideia dos cibercriminosos é ganhar dinheiro acumulando impressões dos anúncios.

Também há o golpe do falso desconto do Uber. Segundo a polícia, a falsa promoção promete um cupom de desconto de R$ 300,00 do Uber Plus, um programa de fidelidade da Uber que não foi lançado no Brasil. Para ganhar o prêmio, o usuário deve preencher um formulário com dados pessoais e bancários e são repassados aos criminosos.

A polícia registrou ainda o golpe da falsa consulta do PIS. Uma mensagem é repassada ao WhatsApp das vítimas prometendo ao trabalhador uma visualização do saldo desse benefício de uma forma mais rápida. Uma página exibe um texto com a assinatura da Caixa Econômica Federal e indicativos sobre a liberação dos valores. Assim como em outros golpes, o usuário deve responder a uma série de perguntas para ter acesso ao conteúdo.

Entenda

Dicas de segurança contra golpes no WhatsApp

Desconfie de mensagens que possuam erros ortográficos ou gramaticais e que peçam que você toque em um determinado link para obter alguma vantagem;

Evite responder mensagens que peçam que você encaminhe informações pessoais como: número de cartão de crédito, conta bancária, data de aniversário, senha etc;

Evite os pedidos para repassar a mensagem;

Links sugeridos são perigosos e podem levar a sites falsos, formulários maliciosos, instalação de APKs não solicitados ou até arquivos executáveis.

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