Entrevista/Cláudio Elias Consz

Anamaco prevê 2019 positivo para o setor de material de construção

Empresário Cláudio Elias Consz, presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), declarou estar otimista com setor e prevê crescimento acima de dois dígitos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27
Cláudio Elias Consz destaca importância das associações setoriais
Cláudio Elias Consz destaca importância das associações setoriais (material de construção)

Em recente visita a São Luís para participar das comemorações de fim de ano da Associação dos Comerciantes de Material de Construção do Maranhão (Acomac), o empresário Cláudio Elias Consz, presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), declarou estar otimista com o setor e prevê crescimento.
Nessa entrevista exclusiva, Cláudio Consz fez uma ampla avaliação do segmento que movimenta uma das mais amplas cadeias produtivas do país, gerando trabalho e impostos em diversas frentes. Entre outros fatores, ele aponta o treinamento dos recursos humanos como ponto determinante para o sucesso da atividade, que não deve sofrer os efeitos do varejo online.

Como está o setor de revenda de material de construção no Brasil, atualmente?
Nós somos o comércio do material de construção, e como tal possuímos um total de 148 mil lojas no país e mais de 4 mil aqui no Maranhão. Nós atendemos às reformas, ampliações e a chamada autoconstrução. E a eventual crise da construção civil não nos atingiu diretamente, pois as pessoas continuam precisando fazer manutenções e reformas em suas casas. Ano passado, crescemos 6% e em 2018 devemos fechar crescendo entre 7% e 8%. Para 2019, projetamos um crescimento com dois dígitos acima de 10. Então, eu diria que o setor vive um momento bastante interessante. O segundo semestre desse ano cresceu de forma consiste, desde outubro e novembro crescemos bem.

E qual a situação da região Nordeste nesse segmento?
O consumo de material de construção está diretamente ligado à oferta de renda e emprego. Na medida em que temos melhoria do emprego, há uma estabilidade, e outro fator importante é ter uma inflação mais controlada. O Nordeste vem crescendo bem, até acima das taxas do Sul e Sudeste, mas a influência maior é emprego e renda no nosso setor. Outra questão secundária que pressiona o nosso setor é o número de casamentos. Temos no país, por ano, cerca de 1 milhão a 1 milhão e 200 mil casamentos oficiais (os números reais são bem maiores, pois há aqueles que não oficializam) e também o número de separações (cerca de 380 mil /2017) e ambos influenciam diretamente o nosso segmento, gerando uma demanda por habitação, para pessoas que vão morar junto ou que vão morar só. E na medida em que a crise econômica cria uma maior dificuldade de renda para a compra de um novo imóvel, isso acaba beneficiando o nosso setor, pois os imóveis vão envelhecendo e as pessoas precisam investir em reformas e manutenções, o que alavanca o comércio de material de construção em todo o país. Por tudo isso o nosso setor vem crescendo bem nos últimos anos e o Nordeste tem destaque muito positivo nesse crescimento. E sou bastante otimista com os futuros resultados em 2019.

Quais os diferenciais para uma loja vender bem nesse setor?
Tem coisas boas que se tira das crises. Uma das coisas positivas da recente crise econômica para as revendas de material de construção foi que, para conseguirem sobreviver, precisaram se reorganizar; reestruturaram sua logística; melhoraram as instalações físicas das lojas e investiram forte em treinamentos para melhorar a experiência do consumido nos pontos de vendas. Quem não focou nesses quesitos não vai conseguir sobreviver com facilidade. O nosso consumidor precisa de um bom atendimento quando busca a loja, pois ele não é especialista em material de construção e precisa de um atendimento que seja de confiança e de qualidade; pois o cliente não pode errar na hora da escolha dos materiais de construção, uma vez instalado um item desses na casa, é difícil e oneroso para consertar um erro. Portanto, o atendimento de qualidade e altamente qualificado é essencial e um grande diferencial. Mesmo com o advento da venda on-line, que vem sendo massificada em outros setores, no nosso segmento o cliente ainda precisa muito do atendimento presencial de um especialista técnico, quando precisa fazer uma construção ou reforma. Portanto, de tudo isso eu diria que atendimento de qualidade é tudo para fidelizar o cliente. Hoje a decisão de compra no nosso setor é de família. As pessoas passam horas na loja e precisam de um ambiente bonito e de uma experiência muito positiva, assim como um atendimento encantador e de alta confiança e precisão.

A tendência de forte digitalização do varejo ameaça as lojas do setor?
O chamado e-commerce de ma­terial de construção existe, claro, mas ainda é muito pontual, quase um complemento da loja física, pois há uma forte necessidade da parte do consumidor para a venda assistida na nossa área. Os produtos que são considerados commodities (ex: cimento - é fácil comprar um saco de cimento que já vem de fábrica com medidas padronizadas) podem ser comprados até online, mas na hora de compor um ambiente como um banheiro, por exemplo, a venda assistida por um especialista é mais necessária. Para comprar material hidráulico e elétrico para esse banheiro - piso, azulejo, louça e elétrica -, o cliente demanda orientação técnica presencial.

O que o senhor acha de iniciativas que oferecem cursos e experiências em lojas?
Toda vez que uma revenda cria um evento que traz para dentro da loja um potencial cliente, é um momento importante, pois ali se cria um contato, um relacionamento emocional da pessoa com a loja. Aqui, o Grupo Potiguar tem promovido diversos workshops gratuitos com esse intuito, e isso é muito bom. Outra iniciativa brilhante da Potiguar foi a criação da Cozinha Potiguar, pois a mesma não apenas promove cursos de culinária, mas também recebe as pessoas em uma cozinha conceito, moderna e com o que há de mais eficiente e bonito em soluções de gastronomia. E isso estimula também as reformas das cozinhas e dos demais ambientes. Todos sonham com o conforto do lar, e quando vivenciam modelos de ambientes “conceito” acabam sonhando de forma mais forte com esses cenários para si. Essa é uma excelente prática, na qual todos ganham, a loja e a comunidade. Esse é um belo exemplo de inovação no varejo.

Qual o papel das associações setoriais para o mercado e como está o Maranhão nessa área com a Acomac?
As associações setoriais tem-se modernizado muito, a exemplo da Acomac aqui no Maranhão, que reúne os revendedores de matérias de construção maranhenses. Esse ambiente das associações permite que concorrentes possam trocar experiências e discutir dificuldades, assim como trabalhar a defesa de interesses setoriais de forma mais ampla e mais eficiente. E isso tem feito crescer esse movimento no nosso setor.

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