Precariedade

Rodoviária de São Luís carece de segurança

Dois policiais por plantão são empregados para vigiar o terminal; trabalhadores e passageiros reclamam que são alvos fáceis de criminosos

Daniel Júnior / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h27
Comerciantes reclamam da falta de segurança no Terminal Rodoviário de São Luís em todos os turnos
Comerciantes reclamam da falta de segurança no Terminal Rodoviário de São Luís em todos os turnos (rodoviária)

Com a vigilância de apenas dois policiais militares, por plantão, o Terminal Rodoviário de São Luís, instalado no bairro Santo Antônio, carece de segurança. Trabalhadores e passageiros reclamam que são alvo, com facilidade, de criminosos. Policiais militares informam que há necessidade de mais efetivo e de uma sala de videomonitoramento, para que o combate à violência na rodoviária seja mais eficiente.

“Não dispomos de videomonitoramento, que seria ideal para vigiar o terminal, com mais eficiência. Quando há necessidade de imagens, temos de solicitar a empresa que administra o terminal, mas só temos acesso depois de alguns dias. Somos dois policiais militares, por plantão, apesar de ter uma viatura da Polícia Militar que circular por aqui, mas não é fixa. Esperamos que com a chegada das festas do final do ano, que é quando a movimento aumenta muito, seja colocado mais policiais”, explicou um PM, que preferiu não ter a sua identidade revelada.

A segurança na Rodoviária de São Luís é mantida por policiais militares do 6º Batalhão da Polícia Militar (BPM). De cordo com os PMs, furto, desentendimentos por causa de passagens e presença de moradores de rua são as ocorrências mais registradas no terminal.

Receio
Em decorrência da insegurança, um balconista, que não quis ser identificado, não aceitou trabalhar no horário noturno em um estabelecimento comercial. “Fui chamado para trabalhar no turno da noite durante todo o mês de dezembro, mas por causa da falta de policiamento, eu não aceitei. Tenho receio de ser assaltado e ter meu celular roubado. A Rodoviária é muito aberta. Muita gente circula por aqui. Parece que é abandonada. Falta policiais. São só dois”, relatou.

Casos de violência
A comerciante Maria José Santos Pestana, de 50 anos, trabalha há mais de seis meses em um estabelecimento comercial, que tem uma câmera de segurança, e disse que já presenciou um caso de furto. “Tenho uma amiga que trabalha numa banca daqui do lado. Teve um dia que roubaram todos os jornais. Ela ficou muito preocupada. E nós não podemos fazer nada. Aqui onde trabalho tem uma câmera, porque era tanto furto, que estávamos ficando no prejuízo. A câmera é uma forma de intimidar”, explicou Pestana.

“Tem coisas que acontecem aqui e não divulgam. Teve um ônibus que foi assaltado quando estava na plataforma de embarque e desembarque. Deveria ter mais policiamento. Sabemos que só tem dois por plantão, reclamamos, mas não adianta. Só vão trazer mais policiais quando acontecer algo pior”, finalizou o comerciante Alex Gonçalves.

A Secretaria de Segurança Pública do Maranhão (SSP-MA) informou , em nota, que no interior do Terminal Rodoviário de São Luís há uma base fixa da Polícia Militar que funciona como ponto de referência para solicitação de auxílio policial.
Ressaltou ainda que a segurança na localidade e adjacências é feita ininterruptamente por meio do 6º BPM. Ações preventivas e ostensivas na localidade já resultaram na apreensão de 126 armas de fogo na região atendida pelo 6º BPM, uma delas, dentro do Terminal Rodoviário. O resultado inclui, ainda, dois meses sem homicídios no bairro Santo Antônio e em mais 11 bairros cobertos pelo Batalhão.

O patrulhamento diário da localidade e adjacências é feito pelas viaturas da Malha Metropolitana e do bairro João de Deus. As ações policiais são intensificadas aos fins de semana através da Operação Berlim, com abordagens a suspeitos e fiscalização de veículos.

SAIBA MAIS

Instalado no bairro do Santo Antônio, em São Luís, o Terminal Rodoviário é totalmente aberto e se tornou uma passagem para moradores da região cortar o caminho de casa. A movimentação é intensa. Além disso, é constante a presença de pedintes.

ARQUIVO

Em reportagem publicada no dia 26 de agosto, O Estado mostrou que comerciantes e taxistas que trabalham no Terminal Rodoviário de São Luís reclamavam por causa da infraestrutura precária e a onda de violência que afeta o terminal. Banheiros deteriorados, iluminação ineficiente, assaltos e uso de entorpecentes nas dependências da rodoviária foram uma das problemáticas relatadas. Vítima de assalto enquanto trabalhava em um dos boxes da Rodoviária, a vendedora Antônia de Sousa Silva teve o celular roubado. “Um rapaz, até bem vestido, chegou aqui dizendo que precisava fazer uma ligação. Emprestei o meu celular a ele, quando me deparei ele correu. Ficamos reféns dos criminosos”, relatou. “Nós, taxistas, já não sabemos mais o que fazer. Qualquer tipo de carro particular entra aqui e oferece serviço. Tem até um posto clandestino aí na frente. Os passageiros estão ‘sumindo’. As pessoas fazem o que querem aqui. É um local sem normas e muito aberto", disse, na época, o taxista Wellington Lima Silveira, de 62 anos.

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