Polo energético

Estado reúne potencial para ser grande gerador de energia

Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica, o Maranhão possui matriz energética diversificada, aliada à robustez da infraestrutura de sistema de transmissão existente, com importantes sistemas em 230 e 500 kV

Ribamar Cunha/Subeditor de Economia

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28
Parques eólicos em operação em Barreirinhas e Paulino Neves têm capacidade instalada de 220 MW
Parques eólicos em operação em Barreirinhas e Paulino Neves têm capacidade instalada de 220 MW (Energia)

MARANHÃO - Com capacidade atual instalada de 3.815 MW, o que representa 2,37% da geração de energia elétrica no Brasil, o Maranhão, por possuir uma matriz energética diversificada - hidráulica, termelétrica, eólica e solar, reúne todas as condições para se tornar um dos maiores estados geradores no país, de acordo com avaliação do diretor da Agência Na­cional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa.
“O Maranhão é uma grande fronteira de energias renováveis, sendo um dos mais completos sob a perspectiva dessas fontes, com destaque para a geração hidrelétrica, eólica, solar e também termelétrica a partir do gás natural”, ressaltou o diretor da Aneel.
E para dar suporte a todo esse potencial, o estado conta com uma robusta infraestrutura de sistema de transmissão existente, com importantes sistemas em 230 e 500 kV que permitem destacada relevância sob o ponto de vista elétrico-energético. Atualmente, existem 30 linhas de transmissão que cortam o Maranhão, totalizando uma extensão de 4.154 km. “Essa atual malha permite escoar uma maior quantidade de geração de energia”, afirmou Sandoval Feitosa.
Considerando que a energia elétrica é vetor de desenvolvimento, o Maranhão precisa avançar mais em investimentos nesse setor, diante do potencial que possui, a exemplo da energia solar fotovoltaica que tem muito a ser explorada, especialmen­te na região leste, na divisa com o estado do Piauí, com a instalação de grandes usinas solares.
Apesar de o Maranhão possuir taxas de irradiação solar em elevados níveis, o estado é apenas o 18º colocado no país em geração distribuída no país, com potência instalada de somente 5MW, quando estados vizinhos como o Ceará (6º) e Piauí (14º), apresentam capacidade instalada de 20,1 MW e 7,7 MW, respectivamente.
Segundo a Agêcia Internacional para Energias Renováveis (Irena), é possível a geração de 25 a 30 empregos diretos a cada MW nas áreas de instalação, fabricação, vendas e distribuição e desenvolvimento de projetos.

Energia própria
Sandoval Feitosa ressaltou que a partir da Resolução Aneel nº 482/2012, é possível, em quatro modalidades, o consumidor gerar sua própria energia do jeito fácil e sem burocracia. A geração distribuída (GD) compartilhada, modalidade mais comum, congrega a maior quantidade de registros, a exemplos de condomínios e também associações ou cooperativas, constituídas formalmente, e que constituem usinas para gerar créditos aos participantes desse grupo.
E para que esse processo avance cada vez mais, é fundamental o papel do Governo do Estado conceder incentivos para se alavancar o setor, como é o caso de Minas Gerais, hoje o primeiro lugar no país em geração distribuída, com potencia instalada de 95 MW, cuja isenção de ICMS incide sobre 5 MW. O Maranhão já aderiu ao convênio ICMS 16/2015 que autoriza os estados a isentarem o ICMS sobre a energia oriunda da GD, mas que só alcança 1 MW.
Outro aspecto a ser considerado é que hoje há diversas linhas de financiamento disponíveis.

Gás natural pode dar novo impulso à economia local

O Maranhão também tem como importante fonte geradora de energia, termelétricas à gás natural no município de Santo Antonio dos Lopes (1,4 GW), a óleo, em Miranda do Norte (330 MW), e a carvão mineral, localizada em São Luís (360 MW), próximo ao Porto do Itaqui.
E uma grande aposta da Aneel é na energia limpa gerada a partir do gás natural, insumo disponível em uma grande reserva na bacia terrestre do Parnaíba, com capacidade de produção hoje de 8,4 milhões de m³ por dia. E justamente nessa região está instalado o Complexo Parnaíba, da Eneva, um dos maiores parques termelétricos de geração de energia a gás natural do país, com 1,4 GW de capacidade instalada, ou seja, o equivalente a 11% da capacidade de geração térmica a gás do Brasil.
O diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa, disse que a integração de recursos energéticos no estado é um aspecto que trará enormes possibilidades para a indústria local, com reflexos diretos na economia e na criação de empregos, como também de forma direta para a população, uma vez que permitirá o desenvolvimento de um mercado de distribuição de gás, seja a partir de linhas de gasodutos, como também partir de estação de desgaseificação na área do Porto do Itaqui.
“Apesar do Maranhão já ser um importante produtor de gás natural, não conseguimos ainda introduzi-lo no mercado do varejo como o do gás natural veicular (GNV) e o atendimento às indústrias de modo geral. Desde a Vale ou Alumar, apenas para citar as empresas mais eletrointensivas, até diversas outras aplicações nas indústrias de pequeno e médio porte (por exemplo, o setor de alimentos, secagem de grãos, cerâmica fina, polo gesseiro, etc), cujo insumo as colocaria em um novo patamar de qualidade e competitividade”, destacou Sandoval Feitosa.
Segundo ele, esse movimento será importante para baratear o custo de combustível para a população, taxistas, frotistas em geral, hospitais, supermercados, indústrias, entre outros segmentos. “A introdução do gás natural na economia local consiste de um novo paradigma para o Maranhão, que associado às enormes potencialidades, darão impulso definitivo para a industrialização do estado”, concluiu Sandoval Feitosa.

Maranhão possui a maior qualidade de ventos no país

Na visão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a geração eólica é outra grande riqueza do Maranhão, com elevados fatores de capacidade de ventos e bem mais intensos nos meses de agosto a dezembro. “O estado possui a maior qualidade de ventos no Brasil”, assegurou o diretor da Aneel, Sandoval Feitosa.
A operação dos primeiros parques eólicos no Maranhão ocorreu em 2017 e estão instalados nos municípios de Barreirinhas e Paulino Neves, que em termos de capacidade instalada geram 220 MW, enquanto outros estados da região Nordeste estão bem mais avançados nessa matriz energética.
O Rio Grande do Norte é o gran­de destaque na região, com uma capacidade instalada de 3.900 MW, seguido da Bahia (3.200 MW), Ceará (2.000 MW) e Piauí (1.470 MW). “Apesar dessa grande riqueza de ventos, ainda estamos muito atrás de nossos vizinhos do Nordeste”, assinalou o diretor da Aneel, que é engenheiro eletricista graduado pela Universidade Federal do Maranhão (2002).
Além do complexo eólico Delta 3 já instalado, a Omega Energia, empresa produtora independente de energia, está investindo nos parques Delta 5 e 6, no município de Paulino Neves, que agregarão mais 95 MW de potência instalada.
Dados consolidados do boletim InfoMercado mensal da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) indicam que a geração de energia eólica em operação comercial no país cresceu 19% de janeiro a agosto de 2018 em comparação ao mesmo período de 2017, registrando 4.795 MW médios frente aos 4.032 MW médios.
A CCEE contabilizou 519 usinas eólicas em operação comercial no país, ao final de agosto, somando 13.212 MW de capacidade instalada, incremento de 10,6% frente aos 11.951 MW de capacidade das 470 unidades geradoras existentes em agosto de 2017.

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