Saúde

Especialistas alertam para uso frequente de fones de ouvidos

Acessório representa riscos importante à audição; jovens estão apresentando perda de audição causada pelo uso irregular de fones de ouvido, conforme Conselho Federal de Fonoaudiologia; confira dicas de especialistas para manter a saúde auditiva

Monalisa Benavenuto / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28
Marcelo passa até 16 horas por dia conectado aos fones de ouvido, jogando online
Marcelo passa até 16 horas por dia conectado aos fones de ouvido, jogando online (fones)

O uso contínuo de dispositivos auditivos pode prejudicar a saúde auricular, levando, inclusive, à perda da audição. A cada dia, mais jovens estão apresentando perda de audição causada pelo uso irregular de fones de ouvido, apontou um levantamento realizado pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia. De acordo com o otorrinolaringologista, André Lago, da rede Hapvida Saúde, para evitar problemas graves os cuidados devem ser tomados ainda na adolescência.

Desde a criação dos primeiros aparelhos de som portáteis, os fones de ouvido têm se tornado comuns, principalmente entre os jovens. Com as evoluções tecnológicas, esses dispositivos passaram por diversas modificações e hoje podem ser encontrados em tamanhos cada vez menores, facilitando a rotina de quem os utiliza. Mas e a relação com a audição?

Essa é a preocupação de especialistas. Devido à possibilidade de serem inseridos de maneira tão próxima à membrana timpânica, os fones de ouvido representam riscos importantes à audição, como explicou o otorrinolaringologista André Lago, referindo-se, principalmente, aos adolescentes que costumam utilizá-los em potências elevadas.

“Quando se coloca o aparelho dentro do ouvido, a carga de energia sonora é muito alta na membrana timpânica. Quando o paciente persiste e volta a ouvir sons com alta intensidade, ele poderá gerar sérias lesões no ouvido”, esclareceu.
Lesões que podem variar de incômodos momentâneos, como zumbidos e entupimento auricular a quadros mais graves, como perda de audição, que podem ser diagnosticados na fase adulta. O estudante Marcelo Henrique Azevedo, 23, passa pelo menos 16 horas por dia conectado aos fones de ouvido, enquanto participa de jogos online, e afirma recorrer ao dispositivo pela comodidade.

“Durante os jogos, a gente conversa. Às vezes, quero ouvir alguma outra coisa também e acaba sendo melhor para mim e para quem está por perto também”, contou.

Apesar de, momentaneamente, não sentir incômodos referentes à audição, o médico alerta: “Normalmente, o paciente vai ter um trauma acústico agora que só vai apresentar lesões nas células durante a fase adulta, chegando à 3ª idade. Ele não está muito preocupado, exceto quando trauma é muito importante que gere uma perda de audição aguda no paciente ou um zumbido agudo, caso contrário normalmente vai levar aquilo em 'banho-maria', quando na verdade deveria ser tratado, pois quando o ouvido dá esses sintomas de plenitude, sensação de zumbido ou hipoacusia, já é um sinal de que o paciente está tendo uma lesão séria”, esclareceu.

"É muito comum a gente atender paciente no consultório que já começam o exame, que é a audiometria, mostrando que têm uma tendência à perda de audição. Então quando estiver com 30, 40 anos, vai começar com queixa de zumbido e, futuramente, precisará usar aparelho por uma sequela de um trauma acústico na adolescência", concluiu André Lago.

Cuidados
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a utilização de fones com volume elevado por mais de 90 minutos/ dia aumenta o risco de desenvolver zumbido ou perda auditiva dentro dos próximos cinco anos. Se os fones estiverem na potência máxima, os riscos aumentam em 70%.

Para proteger a audição sem abrir mão dos dispositivos, a primeira dica é manter o volume sempre na metade da graduação máxima do aparelho.

Preferir fones de ouvido que ficam externos à orelha é outro cuidado importante, já que, quanto mais longe do conduto auditivo estiver a fonte de som, melhor. Sempre que possível, higienize os dispositivos para evitar que eles levem bactérias para os ouvidos.

Dar um descanso aos seus ouvidos também é fundamental. Para cada hora de som ouvido no fone, faça dez minutos de pausa e não espere “perceber” a diminuição de sua capacidade auditiva para procurar ajuda. Na maioria dos casos, a perda auditiva é tão gradual que, quando o paciente percebe a diminuição da própria capacidade auditiva, muitas vezes já tem uma perda leve a moderada instalada.

É importante ficar atento a sinais como zumbido ou sensação de ouvido tampado. Neste caso, procure um especialista e realize uma audiometria.

TESTE

Além do zumbido, há outros sinais que podem indicar o início de uma perda auditiva. Responda ao teste criado por especialistas e saiba como está a sua saúde auricular.
1. Você ouve zumbidos com frequência?
[ ] Sim [ ] Não
2. Costuma ter a sensação de que o ouvido esta tampado?
[ ] Sim [ ] Não
3. Em uma conversa, as pessoas costumam repetir as perguntas que fazem para você?
[ ] Sim [ ] Não
4. Percebeu alguma mudança na maneira de se comunicar ao telefone? Tem tido alguma dificuldade?
[ ] Sim [ ] Não
5. Assiste televisão com o volume muito alto?
[ ] Sim [ ] Não
6. Tem dificuldade em acompanhar conversas em grupo?
[ ] Sim [ ] Não
7. Tem dificuldade em entender conversas com ruídos ao fundo?
[ ] Sim [ ] Não
8. Dificuldade em ouvir a campainha ou a porta?
[ ] Sim [ ] Não
9. Finge que entendeu o que foi conversado, tendo dificuldade em admitir a perda auditiva e procura ajuda?
[ ] Sim [ ] Não
10. As pessoas dizem que você fala muito alto e você não percebe?
[ ] Sim [ ] Não

Se você respondeu “Sim” para três ou mais dessas perguntas, deve visitar um médico otorrinolaringologista (especialista em ouvidos, nariz e garganta) ou um fonoaudiólogo para uma avaliação auditiva.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.