POLUIÇÃO

Programa na internet identifica lançamento de esgoto em SL

Localizado no bairro Ilhinha, o ponto de lançamento irregular de efluentes foi identificado por meio do Google Earth; situação acarreta uma série de problemas que podem atingir o meio ambiente, a sociedade e a economia

MONALISA BENAVENUTO / O ESTADO

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29
Língua Negra na Ilhinha, pelo Google Earth; programa capta imagem via satélite
Língua Negra na Ilhinha, pelo Google Earth; programa capta imagem via satélite (lingua negra)


Lançamento irregular de esgoto in natura no litoral de São Luís pode ser percebido com auxílio de aplicativos de mapeamento via satélite. Além da conhecida “Língua Negra”, na Avenida Litorânea, denunciada por O Estado pela primeira vez em agosto de 2015, novamente em 2016 e mais uma vez este ano , um novo ponto localizado no bairro Ilhinha foi identificado pelo programa Google Earth, que permite visualização atualizada de todo o planeta.

A tecnologia proporciona diversas ferramentas que facilitam a rotina. Por meio de satélites, é possível visualizar todo o planeta sem sair de casa. Dessa maneira, denúncias de crimes ambientais podem ser feitas mais rapidamente. Utilizando o Google Earth, O Estado identificou mais um ponto de lançamento de esgoto in natura em uma área de mangue. Localizado na Ilhinha, bairro conhecido pela ocupação irregular, o esgoto provém dessas moradias e é despejado diretamente no mar.

Problema em ETEs
A problemática chama a atenção de especialistas, que evidenciam riscos à saúde pública e ao meio ambiente. Segundo Isabel Fontes, gestora ambiental, a situação é resultado de problemas em Estações de Tratamento de Esgotos (ETEs).
“Apesar de muitos bairros da cidade contarem com rede de esgoto, não há estações de tratamento suficientes e em algumas áreas nem existe esse serviço. Então, o esgoto acaba sendo lançado diretamente nos cursos d’água. Onde há, as ETEs atuam com um sistema que não oferece o resultado necessário e não trata os resíduos adequadamente”, explicou.

Para Isabel Fontes, o mangue é um ambiente rico em biodiversidade e nutrientes, responsável por alimentar muitas espécies, e favorecer condições reprodutivas, principalmente para os crustáceos, como os caranguejos, o que acarreta uma série de problemas que podem atingir o meio ambiente, a sociedade e a economia locais.

“A intensa oferta de material orgânico oriundo dos esgotos despejados nesses locais é superior ao suportável pela flora e fauna daquele ambiente, o que resulta em mortandade de espécies e perdas na qualidade do ambiente, que, por sua vez, é fonte de renda para a população adjacente”, ressaltou.

Relembre
Apesar do perigo, não é a primeira vez que esgotos irregulares viram notícia na capital. Em agosto de 2015, após a circulação de vídeos e imagens nas redes sociais, O Estado esteve na praia do Calhau, onde, próximo ao parquinho, uma enorme mancha conhecida como “Língua Negra” desembocava no mar. O mau cheiro e a coloração escura chamaram a atenção de quem passava pelo ponto de lançamento de esgoto. Na ocasião, a Caema atribuiu o problema a uma falha de equipamentos na estação elevatória situada no bairro Cohajap.

A Caema afirmou ainda que o problema havia sido solucionado. No entanto, a situação vem se repetindo constantemente e em pontos diferentes. Entre as praias do Caolho e Olho d’Água, na estação elevatória da Caema, O Estado registrou, no dia 26 de agosto, mais um ponto de lançamento de efluentes que assustava visitantes e locais que buscavam lazer na orla de São Luís. Em março de 2016 e janeiro deste ano, mais uma vez a Língua Negra foi verificada no mesmo local.

A Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema) informou que todas as ETEs estão em correto funcionamento, tratando todo o volume que chega até elas. A Companhia esclarece que a Vara de Interesses Difusos e Coletivos tem realizado vistorias nas ETEs de São Luís. Em relação ao esgoto da Avenida Ferreira Gullar na Ilhinha, a Caema informa que enviou equipe ao local para checagem da denúncia em questão.

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