Entrevista - Cláudio Mendes

Ferrovia Carajás tem o melhor índice de segurança, diz ANTT

Estrada de Ferro Carajás possui maior índice de segurança do seto no país; mais de 300 mil pessoas usam o Trem de Passageiros da Vale

Atualizada em 11/10/2022 às 12h30
Cláudio Mendes, gerente executivo de Operações da Estrada de Ferro Carajás
Cláudio Mendes, gerente executivo de Operações da Estrada de Ferro Carajás (Cláudio Mendes, da EFC)

SÃO LUÍS - Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), responsável por acompanhar e fiscalizar as ferrovias brasileiras, a Estrada de Ferro Carajás possui o segundo melhor índice de segurança entre todas as ferrovias brasileiras. Por ano, mais de 300 mil pessoas usam o Trem de Passageiros da Vale entre os estados do Maranhão e Pará.

Garantir, porém, a segurança de quem precisa cruzar a via férrea ou de quem a utiliza como meio de transporte é um desafio para todas as concessionárias no mundo porque assim como nas estradas o comportamento das pessoas ainda é um fator determinante para evitar acidentes. Mas afinal, quando o assunto é segurança existe diferença na hora de lidar com rodovias e ferrovias?

Nesta entrevista, o gerente executivo de Operações da Estrada de Ferro Carajás, Cláudio Mendes, fala sobre o funcionamento da EFC e o que a empresa tem feito para alcançar esses resultados.

Quando se fala em segurança, existe diferença entre lidar com rodovia e ferrovia?

De maneira geral, temos semelhanças e diferenças, mas o fator humano é decisivo nas duas. Vamos às diferenças: os trens precisam de muito mais tempo e distância para parar completamente devido ao peso que têm. Com 40 mil toneladas, um trem precisa de quase 1 quilômetro até que pare completamente depois que o maquinista aciona o freio de emergência. Ou seja, é impossível frear um trem como se fosse um carro comum.

Outro ponto importante é o fato de que os trens não conseguem mudar a direção como os carros em uma rodovia. Os trens seguem os trilhos e não conseguem desviar de um obstáculo frente à uma situação de emergência.

Por tudo isso é que nas ferrovias o comportamento de motoristas, ciclistas e pedestres tem papel decisivo para evitar ocorrências desagradáveis. Infelizmente, o maquinista pouco pode fazer frente a uma situação inesperada. Quando se trata da nossa segurança, da nossa vida, não dá para arriscar.

Como a EFC está classificada em relação à segurança?

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) é o órgão federal que regulamenta a concessão, acompanha, compara e fiscaliza as ferrovias do Brasil. Além da ANTT, as ferrovias também estão sujeitas ao Código Brasileiro de Trânsito.

No que se refere à avaliação da segurança, a ANTT divulga anualmente um ranking onde compara os resultados de cada ferrovia. Em 2017, as ferrovias da Vale ocuparam as duas melhores colocações: a EFC ficou em segundo lugar com o índice de acidentes de 2,67, atrás apenas da EFVM, com 2,16. Os dados estão disponíveis no site da ANTT.

Embora esse resultado seja uma ótima referência, não nos faz abandonar o objetivo de alcançar zero acidente. A ferrovia percorre 27 cidades, tem mais de 400 comunidades como vizinhas, mas quando se trata de pessoas não dá para ser diferente.

A classificação da ANTT engloba que tipo de acidente?

Tanto os acidentes operacionais, quanto os acidentes que envolvem terceiros, como atropelamentos e abalroamentos.

O que a Vale tem feito para garantir segurança e evitar situações de risco?

Nosso time trabalha incansavelmente para que tanto a sinalização quanto as travessias estejam sempre em boas condições de uso. Em paralelo, atuamos na conscientização e parceria junto às comunidades, informando e esclarecendo sobre a operação da EFC e pedindo que nos avisem toda vez que houver uma situação de risco, acionando os canais de comunicação disponíveis, incluindo o Alô Ferrovias (0800 285 7000), que é gratuito e funciona 24 horas.

No que se refere à operação, mantemos nossa frota de locomotivas e vagões em perfeito funcionamento com manutenção preventiva permanente. Talvez muita gente não saiba mas há muita tecnologia por trás da operação da ferrovia Carajás. Ao longo da via, há equipamentos que nos dizem exatamente a condição de cada locomotiva, vagão e trilho e qual deles precisa de manutenção ou substituição etc. A Vale mantém aqui no Maranhão o mais moderno centro de manutenção ferroviária da empresa. Hoje, nossas oficinas são referências no Brasil e o Maranhão tem um papel ainda mais estratégico.

Voltando ao ponto de conscientizar as pessoas. O que vocês têm feito?

O trabalho de conscientização contempla campanhas de rádio com mensagens e reflexões, reuniões com comunidades, blitzen, ronda em trechos críticos, entre outras ações. Em época de festa como carnaval, período junino, férias e fim de ano esse trabalho é intensificado.

Quero destacar também o projeto Caravana Nos Trilhos que já alcançou mais de 26 mil pessoas. É uma manhã de palestras, brincadeiras, cursos e ações de saúde com foco em segurança, meio ambiente e geração de renda. Além das ações educativas, a Vale cumpre todo o regulamento previsto pela ANTT.

A gente não cansa de trabalhar para que as comunidades entendam os cuidados básicos para que a convivência com a EFC seja ainda mais segura. Para a Vale não adianta ter um ótimo indicador enquanto houver alguém se machucando ao cruzar a via. Isso anula qualquer resultado.

Que outro aspecto da EFC você gostaria de destacar?

Aqui no Maranhão, a EFC ajuda a economia local gerando empregos, impostos e servindo como meio de transporte para milhares de pessoas. Além disso, os investimentos sociais realizados pela Vale nas comunidades vizinhas também ajudam a melhorar a qualidade de vida de milhares de pessoas. Temos muito orgulho desse trabalho.

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