Saúde

Estudo aponta que depressão pode desencadear doença reumática

No Brasil, a artrite reumatoide atinge cerca de 2 milhões de pessoas, a maioria mulheres; risco seria maior entre as pessoas mais jovens, com até 40 anos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h30
(doença reumática)

SÃO PAULO - Considerada uma consequência dos sintomas da artrite reumatoide, a depressão começa a ser vista como um gatilho para a doença reumática em pessoas com predisposição genética. É o que aponta um estudo recente da University of Calgary, no Canadá.

O trabalho lança um novo olhar sobre essa relação, mostrando que a depressão tem efeito direto sobre as citocinas, substâncias que estimulam o processo inflamatório relacionado à artrite reumatoide. O risco ainda seria maior entre as pessoas mais jovens, com até 40 anos.


“Não raro, os primeiros sintomas da artrite reumatoide surgem após o paciente passar por momentos de grande stress como luto, divórcio, desemprego ou perdas financeiras”, afirma a reumatologista e professora-doutora Licia Maria Henrique da Mota, orientadora do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Brasília (UnB).


O Estudo
O trabalho dos pesquisadores da Universidade de Calgary mostrou que a depressão tem efeito direto sobre as citocinas, provocando aumento da concentração de substância chamada de Fator de Necrose Tumoral Alfa (TNF-α), que desempenha um importante papel no aparecimenro da doença.

Para chegar a esta conclusão, os cientistas analisaram um grupo de 403.932 pacientes com depressão e outro grupo de referência com 5.339.399 sem essa enfermidade, que passaram pelo sistema de atenção à saúde do Reino Unido entre 1986 e 2012. Ao final, os pesquisadores concluíram que 0,54% dos pacientes com depressão tiveram artrite reumatoide, o equivalente a 2.192 indivíduos.

Em contrapartida, 0,45% das pessoas sem depressão desenvolveram artrite reumatoide, o que corresponde a 24.021 pacientes. Os menores de 40 anos apresentaram 42% riscos de desenvolver a doença, ante 14% das pessoas acima desta idade.

Artrite reumatoide e depressão
De natureza autoimune, crônica e progressiva, a artrite reumatoide afeta as articulações, provocando rigidez, desgaste ósseo, limitações físicas, dor e fadiga. Em geral, é diagnosticada por volta dos 40 anos, causando um efeito devastador sobre a vida do paciente, com impacto direto nas atividades diárias, profissionais, familiares e sociais.

Estudos revelam que a prevalência de transtornos depressivos em portadores da doença varia entre 13% e 47%. Essa grande diferença se deve à variedade de critérios utilizados ou das características da amostra. Os transtornos depressivos nesses pacientes superam a média encontrada na população que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), é de 4,4%. Na América Latina, o Brasil é o país com o maior porcentual de indivíduos diagnosticados com depressão. Pelos cálculos da OMS, eles representam 5,8% da população, o equivalente a 11 milhões de pessoas.


“Estabelecida a depressão como uma comorbidade da artrite reumatoide, o importante é que os médicos fiquem atentos à saúde mental do paciente, indicando um apoio psicológico, quando necessário”, declara a médica Licia Mota. Esse suporte é muito importante porque o transtorno mental leva o portador da enfermidade a ter baixa adesão ao tratamento e, consequentemente, pior evolução do quadro da doença.


Estima-se que a artrite reumatoide acometa dois milhões de brasileiros, o equivalente à população de uma cidade como Belo Horizonte, em Minas Gerais. E esses pacientes podem contar com uma nova opção de tratamento desde 2015, quando a Pfizer trouxe ao Brasil uma nova classe de medicamentos sintéticos para o tratamento da artrite reumatoide.

Administrado por via oral, Xeljanz (citrato de tofacitinibe) apresenta um mecanismo inovador que age dentro das células, inibindo a janus quinase (JAK), uma proteína importante nos processos inflamatórios característicos da enfermidade.


Xeljanz é o primeiro tratamento oral, não biológico, do tipo MMCD (medicamento modificador do curso da doença reumática) alvo-específico desenvolvido para o tratamento de artrite reumatoide. Ele é indicado para o tratamento de pacientes adultos com artrite reumatoide ativa moderada a grave que apresentaram uma resposta inadequada a um ou mais medicamentos modificadores do curso da doença. Xeljanz apresenta o mesmo perfil de eficácia e segurança manejável em relação aos biológicos e traz a comodidade de ser oral.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.