SÃO LUÍS - Em referência aos 11 anos da concessão do título de Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil ao Tambor de Crioula, oficializado no dia 18 de junho de 2007, representantes da manifestação popular estiveram reunidos na tarde de ontem,18, ao lado da Praça Maria Aragão, em São Luís, para evento que lembrou a data. Além de fortalecer os laços entre os diferentes grupos existentes no estado, a atividade também serviu como pré-requisito para a manutenção do título nos próximos anos, uma exigência da direção do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Mestres da manifestação com raízes nas tradições afro-brasileiras expuseram aos participantes do encontro a importância da valorização do tambor de crioula. Para mestre Raimundinho - ou Raimundo Miguel Ferreira – de 76 anos, é preciso pensar no repasse da forma de expressão aos mais jovens. “A maioria dos garotos somente quer saber de celular. A gente precisa alimentar o interesse neles para a brincadeira”, disse.

Mestre Raimundinho, que tem seis décadas de vida dedicadas ao tambor de crioula, enfatizou a importância dessa manifestação. “O mestre é responsável por quase tudo. Ele quem inicia a preparação dos instrumentos, começa as canções, pensa na letra, quais referências a serem seguidas. Enfim, ele é meio que o coração da festa”, disse em tom orgulhoso.

A coordenadora do Patrimônio Imaterial da Secretaria de Cultura do Município de São Luís (Secult), Graça Souza, afirmou que ações como o encontro que faz menção ao título de patrimônio do país ajudam na valorização do tambor.

“Na verdade, o tambor não morre. Trata-se de uma tradição muito forte, presente em comunidades tradicionais do estado, que lembra a origem da formação étnica e social de uma parcela importante da população. É inegável a importância cultural e histórica do tambor de crioula e este tipo de evento ajuda no fortalecimento da festa”, disse.

Mestres

Outro nome importante e que esteve presente ao encontro foi mestre Paulinho. Segundo ele, nomes como o de mestre Raimundinho e outros são fundamentais para a valorização cultural da cidade. “Eu aprendo com nomes como Raimundinho e tantos outros. E saber que há um poder público olhando para nós dá mais tranquilidade”, disse.

Saiba mais

Mestre Raimundinho é membro do Tambor de Crioula Cravo e Rosa de São Benedito, do bairro Monte Castelo, em São Luís. A manifestação se apresenta periodicamente nos arraiais da capital maranhense.

Sobre o tambor

Manifestação afro-brasileira, o Tambor de Crioula ocorre a partir de uma dança circular predominantemente feminina e com canto e percussão feitos por tambores. Do tambor, participam as coreiras ou dançareiras que evoluem a partir do ritmo da música até chegarem à punga ou umbigada, entendido entre os participantes como “saudação e convite”.

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