Espaços da cidade

Espaços públicos ficam ociosos à noite, em São Luís

O Estado percorreu áreas que normalmente seriam usadas para a socialização e cujo uso é restrito, em especial após as 18h; Reserva do Itapiracó é área ativa, apesar dos problemas

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h30
Área  do Viva Angelim é um dos espaços ociosos durante a noite, na Grande São Luís
Área do Viva Angelim é um dos espaços ociosos durante a noite, na Grande São Luís (Viva Angelim)

Por definição, espaço público seria aquele “de uso comum” ou de posse coletiva, ou seja, que pode ser usufruído por todos os cidadãos, independentemente da idade, cor e/ou opção religiosa ou sexual. Em São Luís, gestões estaduais e municipais criaram, nos últimos anos, várias áreas que estão enquadradas neste conceito. No entanto, a falta de segurança e a ausência de incentivo da própria da administração da cidade são fatores que levaram a um processo de “desertificação” desses espaços, especialmente após as 18h.

O Estado percorreu alguns locais nos últimos dias e verificou que a Reserva do Itapiracó - inaugurada em dezembro de 2014 e ampliada, com recursos viabilizados pela administração anterior, pela atual gestão do Governo do Estado - é um dos poucos exemplos bem-sucedidos, até o momento, de espaços destinados ao uso comum e com ocupação satisfatória à noite. Apesar da avaliação relativamente positiva, o local também apresenta problemas.

Duas áreas percorridas da cidade chamaram a atenção pela ociosidade. Inaugurada em fevereiro deste ano pela atual gestão pública estadual sob a promessa de que estaria incluída em um projeto de revitalização da região central da capital maranhense, a Praça Joãosinho Trinta (ao lado do antigo prédio da RFFSA, na Beira-Mar) é cenário de abandono. À noite, essa realidade torna-se ainda mais evidente. Nem mesmo os quiosques geminados e fixados no espaço público são abertos durante a semana ou fins de semana após as 18h.

Outra área que também está enquadrada no grupo dos mal utilizados é a Praça Benedito Leite. Apesar de ações da Prefeitura de São Luís, que promove eventos em prol da valorização histórica da cidade, em boa parte do ano, o espaço não é ocupado. Após às 19h, em especial, é incomum ver pessoas aproveitando a beleza de um dos locais mais emblemáticos de São Luís e que faz referência ao antigo Largo do João Velho (uma das primeiras denominações da praça).

O Estado não presenciou viatura policial na Praça Benedito Leite e na Praça Joãosinho Trinta. Em setembro do ano passado, o Governo inaugurou o batalhão da Polícia Militar ao lado da Praça Odorico Mendes, no Centro. A unidade deveria, de acordo com informações do governo, cuidar da segurança dos arredores, incluindo as praças.

O espaço vazio do poeta
Localizada em frente à Igreja dos Remédios e batizada inicialmente como o Largo dos Remédios, a atual Praça Gonçalves Dias - que homenageia um dos poetas da geração romântica mais conhecidos do país e que nasceu no Maranhão - não é ocupada, como se deveria, durante a noite. A área, famosa por ser um recinto para os casais de namorados admirarem o pôr do sol, é pouco frequentada após as 18h. Apenas alguns poucos estudantes e vendedores ambulantes preenchem o espaço no período noturno. “À noite, é assim! Não há nenhuma programação ou algo que atraia as pessoas para cá”, frisou o vendedor de bombons conhecido como seu Moisés.

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Na quarta-feira, 6, às 20h30, dia e horário em que O Estado esteve na Praça Gonçalves Dias, apesar da baixa movimentação, havia uma viatura da Polícia Militar no local. Os policiais de plantão não quiseram dar informações sobre o trabalho feito na área. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Maranhão (SSP) informou que viaturas e motocicletas “têm ponto fixo nas praças Benedito Leite e Gonçalves Dias”. Segundo a pasta, nestes locais, há abordagens e revistas a pedestres. O Governo não se posicionou acerca da segurança na Praça Joãosinho Trinta.

Olhem os Vivas!
Reinaugurado em outubro de 2013 após uma reforma do Governo do Maranhão, que investiu, à época, R$ 302 mil, e com a perspectiva de ser um novo espaço para o uso cultural e/ou esportivo, o Viva Angelim é o exemplo de um local mal utilizado e com baixo público na maior parte do ano. Apenas uma tenda de lanches funciona à noite. Poucas pessoas se arriscam a ficar nos bancos fixados no Viva.
Moradores que ainda prestigiam o Viva são oriundos do Anil e Piquizeiro. Eles gostam da área, mas reclamam da falta de opções de lazer. “Lá, na comunidade do Anil e adjacências, não há um espaço tão grande como este. Mas o que adianta ter uma área como esta, se não há o estímulo do poder público para promover algo aqui?”, disse Eurivan dos Santos, estudante .
Anjo
O Viva no Anjo da Guarda também oferece apenas eventos esporádicos à noite. Esta semana, a comunidade preparou o espaço para a promoção do arraial, sem vínculo ou participação do poder público. A área está ocupada por um parque de diversões e receberá, nos próximos dias, grupos culturais do Maranhão. Sem o Carnaval, o São João e a Via Sacra, o Viva do Anjo da Guarda também é considerado o cenário do abandono, na maior parte do ano.
Sobre a situação dos Vivas, em especial, do Anjo da Guarda, a Secretaria de Estado da Cultura e Turismo (Sectur) informou que presta apoio ao arraial do bairro, que deverá acontecer entre os dias 23 e 30 de junho. Sobre a promoção de outros eventos ao longo do ano para manter ativos os espaços como o Viva Angelim, o Governo não se posicionou.

SAIBA MAIS

O projeto dos Vivas foi idealizado e executado na década de 1990 no governo de Roseana Sarney. Na capital maranhense, foram construídas 22 praças padronizadas em bairros como Anil, Angelim, Anjo da Guarda, Bairro de Fátima, João Paulo, Jaracati, Monte Castelo, Renascença, Vinhais e Vila Embratel. Por falta de iniciativa do poder público, os espaços – antes planejados para o benefício da população – servem atualmente como áreas propícias para atuação dos assaltantes.

Espaços públicos de São Luís

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