Sem água

No Dia Mundial da Água, população aguarda adutora nova do Italuís

Obra, que deveria ter sido entregue em março de 2015, já passou por vários adiamentos e falha em peça, que deixou a população seis dias sem água

Atualizada em 11/10/2022 às 12h32

SÃO LUÍS - Hoje, 22, é comemorado o Dia Mundial da Água, e a população de São Luís, que sofre transtornos com o abastecimento do produto em dias alternados, aguarda ansiosamente o dia em que voltará a ter água todos os dias nas torneiras. Benefício que já deveria estar à disposição, caso a nova adutora do Sistema Italuís estivesse em funcionamento.

Iniciadas em 2012, as obras da nova adutora estavam em estágio avançado no fim de 2014, com data de entrega determinada para março de 2015, quando foram suspensas pela nova administração estadual antes do prazo, para análises sobre o trabalho. Retomadas, as obras passaram por várias paralisação e sua entrega, tão esperada pela população, foi adiada pelo menos sete vezes.

O primeiro adiamento da atual gestão do Governo do Estado aconteceu em agosto de 2015. À época, o então presidente da Companhia de Saneamento Ambiental (Caema), responsável pelas obras, Davi Telles, declarou - em reportagem publicada no dia 12 de agosto - que a adutora seria entregue em dois meses. “Hoje vemos que a empresa contratada tem demonstrado celeridade grande nesses trabalhos, e nossa previsão é de fazer a entrega dessa nova adutora no mês de outubro”, disse o gestor na ocasião.

Após o primeiro descumprimento, um novo prazo foi dado, em abril de 2016. De acordo com a Caema, em nota publicada na ocasião, os trabalhos seriam finalizados em julho daquele ano, o que não ocorreu. Nesse mesmo mês, houve um novo adiamento, confirmado pela própria gestão estadual após visita de representantes da bancada federal maranhense ao local das obras. Segundo a direção do órgão, a previsão era que os serviços seriam entregues em outubro daquele ano.

Em abril de 2017, houve nova mudança de data. Dessa vez, o anúncio ocorreu após mais um rompimento da tubulação da antiga adutora, que passa ao lado do trecho da BR-135 no Campo de Perizes. Segundo a Caema, os serviços seriam entregues em junho deste ano. A justificativa, na oportunidade, foi de que “houve uma demora na instalação da nova tubulação, que passa pela ponte do Estreito dos Mosquitos”. De acordo com o Governo, a mudança exigiu “tempo extra para a conclusão dos trabalhos”.

Um novo adiamento ocorreu em agosto. O Governo, na ocasião, apresentou uma justificativa ainda não usada nas outras mudanças de data. De acordo com a publicada pela Caema, “foram percebidos erros no projeto original”, que precisaram ser corrigidos. Ainda segundo o órgão, e sem citar prazos, “houve ainda atrasos na liberação de aditivos”. Por fim, a Caema admitiu que as obras seriam novamente adiadas para setembro de 2017.

Em dezembro desse ano, finalmente a obra foi entregue, mas menos de 24 horas depois a nova adutora teve de ser desligada, por causa de um rompimento registrado em Periz de Baixo. O fato deixou a população de São Luís ainda mais desassistida, já que, por causa da troca da adutora antiga pela nova, a população já estava sem o líquido nas residências, e 60% bairros da capital maranhense permaneceram sem água por quase uma semana, até que a velha adutora, com mais de 10 anos de defasagem, voltasse a abastecê-los.

O Governo alegou, na ocasião do rompimento na nova adutora, que um problema de fabricação em uma peça de intersecção (em formato de Y), que serviria de canal entre a antiga e a recente estrutura, foi responsável pelo corte no fornecimento de água.

Levantamento feito por O Estado em dezembro do ano passado apontou que, de 2015 a 2017, as obras da adutora do Sistema Italuís foram adiadas por pelo menos seis vezes. Os serviços - orçados em R$124.039.306,66 - começaram em 2012 e passaram por readequações, de acordo com a atual gestão do Governo do Maranhão.
A população ainda aguarda a nova adutora, que tinha prazo de religação para fevereiro deste ano. Porém, mais um adiamento ocorreu.

Os atrasos prejudicam aqueles que mais precisam desse abastecimento, como é o caso do aposentado Hélio Teixeira de Sousa, que retrata sua indignação com a falta de água no Centro. "Aqui sempre faltou água. Quando chega, é por volta da madrugada, e bem fraquinha. Nós estamos sofrendo com esse problema, já que as contas não deixam de chegar, mas a água não chega. Não posso dormir quando vem água. O governador prometeu que ia resolver o problema nas tubulações do Campo de Perizes, e peço a ele e ao prefeito que façam isso. Mas do jeito que está, acho que entregar isso no mandato dele não vai, não", concluiu.

Em nota, a Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão informou que a peça Y, que estava danificada na nova adutora, já está disponível e em fase de testes. Todas as providências necessárias estão sendo tomadas para que o novo sistema comece a funcionar o mais breve possível. A Caema ressaltou que a obra não estava 70% concluída. O projeto entregue na gestão anterior apresentava falhas, as quais precisaram ser corrigidas na Caixa Econômica e todos os outros órgãos responsáveis pela obra.

SAIBA MAIS

Diante da importância da água para a sobrevivência e da necessidade urgente de manter esse recurso disponível, surgiu o Dia Mundial da Água, comemorado no dia 22 de março. A data foi criada em 1992, pela Organização das Nações Unidas (ONU), e visa à ampliação da discussão sobre esse tema tão importante.

Segundo o Sistema Nacional de Informações de Saneamento Básico (SNIS), do Ministério das Cidades, o consumo médio do brasileiro por dia é de 166,3 litros por pessoa.

Estatísticas da Organização das Nações Unidas mostram que 25% da população do planeta não têm acesso à água potável e cerca de 58% dos municípios no Brasil não possuem água tratada. Vale lembrar que o Brasil é um país que detém cerca de 12% da água doce do planeta.

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