Medicina

CRM culpa o Governo do Estado por falta de médicos em municípios

O presidente do Conselho Regional de Medicina, Abdon Murad, se manifestou ontem sobre a Pesquisa Demográfica Médica 2018 que aponta o Maranhão como o estado com menor número de médicos do país por mil habitantes

Atualizada em 11/10/2022 às 12h32

SÃO LUÍS - O presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM), Abdon Murad, atribuiu ontem ao Governo do Maranhão a responsabilidade pelo fato do estado ter estado o menor número de médicos do país – 0,87 por mil habitantes, seguido pelo Pará, com razão de 0,97 -, conforme a Pesquisa Demografia Médica 2018 divulgada terça-feira, 20, pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

“A verdade é que o Maranhão carece de políticas públicas que estimulem a migração e a fixação de profissionais em áreas do interior e menos desenvolvidas”, declarou o presidente do CRM.

Os dados divulgados pelo CFM e publicados edição de ontem, 21, de O Estado, revelam que o Maranhão conta com 6.096 médicos ativos, mas, segundo Murad, existem 6.868 em atividade. “No nosso estado os números são diferentes dos divulgados, nos deixando com uma média de 0,98 médicos a cada 1 mil habitantes e não 0,87 como fora divulgado, deixando o Pará, que tem média de 0,97, em último lugar", esclareceu.

Abdon Murad, que é conselheiro do CFM, atribui a um “tripé básico” a causa do baixo número de médicos no interior do estado. "Para um bom índice, é necessário que existam três coisas básicas para o médico: condições de trabalho, remuneração digna e carreira de Estado. Quando uma dessas deixa de funcionar, a carreira do médico fica comprometida. E, para isso, não adianta formar mais médicos e não dar esse tripé para a atuação profissional deles", explicou.

O presidente do CRM disse que o fato dos governos federal e estadual não oferecerem bons salários e condições dignas de trabalho, os médicos fazem opção por trabalhar nas capitais e nos grandes centros, deixando os municípios pequenos sem um serviço de qualidade.

“As condições de trabalho são precárias em todo o estado. Em muitos municípios pequenos, não existem equipamentos básicos para que os profissionais possam atuar com excelência, o que desmotiva o médico de trabalhar ali, levando-o para os grandes centros”, justificou.

Remuneração digna

Abdon Murad observou que um médico precisa estudar por muitos anos para ter uma formação de qualidade e atuar com excelência onde ele trabalha. No caso dos municípios pequenos, segundo ele, não há condições para que o médico leve sua família para lá, entre outros fatores.

“Sendo assim, o médico precisará sustentar duas casas e duas famílias: na cidade onde trabalha, ele precisa se alimentar, se vestir e outras necessidades básicas; a outra casa, na capital, é onde estarão morando seus filhos. Para que tudo isso seja possível, é necessário que o profissional tenha uma remuneração digna, a fim de que consiga cumprir com todos os seus compromissos e sinta prazer em atuar, mesmo que em cidades pequenas, e que haja, também, condição de trabalho”, comentou.

Carreira de Estado

O presidente do CRM defende para a classe médica uma carreira de Estado, assim como ocorre atualmente com os juízes e promotores. Segundo ele, isso possibilita crescimento profissional e, se for de interesse do médico, chegar aos grandes centros.

"O médico que trabalha em um município pequeno precisa acreditar que pode crescer profissionalmente, principalmente, por conta do tempo de sua vida que dedicou para os estudos. É importante que ele possa ser promovido até chegar à cidade grande, onde os profissionais são mais valorizados", concluiu Abdon Murad.

Frase

"O médico precisa ter condições de trabalho, remuneração digna e carreira de Estado"

Abdon Murad

Presidente do CRM e membro do CFM

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