Entrevista

Especialistas dão dicas para viajar com segurança neste Carnaval

O Estado conversou com dois especialistas, um na área da psiquiatria e outro na área de trânsito, para colher orientações que podem salvar vidas neste feriadão

Atualizada em 11/10/2022 às 12h33
O advogado Pedro Aragão e o médico Ruy Palhano falam sobre segurança no trânsito
O advogado Pedro Aragão e o médico Ruy Palhano falam sobre segurança no trânsito ( A advogado especialista em trânsito Pedro Aragão e o médico psiquiatra Ruy Palhano falam sobre segurança no trânsito)

Pegar a estrada durante os dias de Carnaval é programa de milhares de pessoas. Com isso, o fluxo de veículos nas rodovias aumenta expressivamente, assim como o de acidentes. Muitas tragédias estão relacionadas ao uso de drogas lícitas e ilícitas. A fim de colaborar com a segurança de quem pretende viajar, O Estado conversou com dois especialistas, um na área da psiquiatria e outro na área de trânsito, para colher orientações que podem salvar vidas neste feriadão. Com a palavra, o médico Ruy Palhano e o advogado João Pedro Aragão.

Por que a cada ano aumenta o índice de acidentes?

JOÃO PEDRO ARAGÃO - Porque muitos pseudomotoristas ainda não assumiram a responsabilidade com a sua própria vida, quanto mais em relação aos outros. Trânsito, que no sentido literal é a conjuntura, formada pelo deslocamento de pessoas e veículos, no nosso país, devido à imprudência e a violência, é sinônimo de morte, tendo como fatores o consumo do álcool e drogas, a ausência de fiscalização efetiva, falta de infraestrutura e o aumento da frota de veículos, sendo, portanto traduzindo pela equação A+V+V=M (Álcool + Veículo + Velocidade = Morte)

Qual a expectativa da diminuição do número de acidentes com a duplicação recentemente inaugurada da BR 135?TADO -

JOÃO PEDRO ARAGÃO - Como bem ficou caracterizado na charge de Clóvis Cabalau, chargista de O Estado, publicada recentemente, vamos torcer para que realmente a morte tenha feito as suas trouxas e ido embora. Pelo que eu saiba, os únicos acidentes ocorridos foram derrapagens sem vítimas ocasionadas por grãos e produtos que caem dos caminhões conforme noticiados pela imprensa. Com certeza, a redução de acidentes com mortes poderá chegar a 100%, é o que esperamos.

Por que o senhor afirma em uma de suas obras que no Carnaval nem tudo são flores?

RUY PALHANO - Porque muitos foliões brincam o Carnaval de forma exagerada e sem limites, perdendo a noção de tempo e espaço, não sabendo o limite entre o beber e o embriagar-se, entre o cansaço e a estafa, entre a alegria e a euforia, entre o pular e o esbaldar, entre o repouso e a exaustão, colocando muitas vezes em risco, não somente às suas vidas, como também de outrem, o que totaliza estatisticamente 50 % de morte no trânsito.

O que ocorre no cérebro do usuário de drogas?

RUY PALHANO - Por agirem no cérebro, as drogas de abuso provocam inúmeras alterações nesse sistema, por este motivo todas as atividades regidas por ele podem se disfuncionar, ocasionando graves problemas na saúde física e mental, sendo as principais disfunções as cognitivas, afetivas, emocionais, intelectivas e comportamentais, portanto trazendo sérios riscos para aqueles que pegam no volante apos o uso dessas drogas.

Qual a droga mais utilizada?

RUY PALHANO - A droga mais utilizada em todos os tempos e por todos os povos é o álcool etílico. Segundo pesquisas epidemiológicas, no Brasil em torno de 13% dos bebedores são dependentes e pouco mais da população brasileira faz uso do álcool.

No Carnaval muitas pessoas inalam o popular “loló”, quais os males que ele causa no organismo?

RUY PALHANO – Nesse período carnavalesco o aumento do uso de drogas é significativo. No âmbito social as principais consequências são terríveis, como comportamento delitivo - como furtos, roubos -, agressividade, tráfico de drogas, homicídios, faltas no trabalho e principalmente os acidentes de trânsito. Sobre o loló, trata-se da designação popular atribuída à um composto fabricado de forma clandestina e artesanalmente onde se misturam substâncias como clorofórmio, éter, cola de sapateiro e outras substâncias voláteis para serem inaladas ou aspiradas. São depressores do sistema nervoso central que ocasionam diferentes graus de danos em diversos órgãos e sistemas neurológicos respiratórios renais hepáticos, etc, podem causar danos permanentes e irreversíveis e até morte súbita por arritmia cardíaca.

No Carnaval, como garantir uma viagem tranquila para o folião que vai pegar a estrada?

JOÃO PEDRO ARAGÃO – Primeiramente, viagem 100% tranquila nesta época é um pouco difícil, já que as estatísticas de acidentes a cada ano não são nada animadoras, totalmente desfavoráveis à vida. Mas é possível sim evitar que tragédias aconteçam. Para isso, uma boa noite de sono, ou caso a viagem seja à noite, ter um bom dia de descanso. Nada de bebidas e claro, jamais deixar de usar o cinto, tanto o motorista quanto o passageiro. Lembrando que o maior índice de mortes na estrada quando há um acidente, ocorre com os passageiros que não acham necessário usar o cinto.

Quais seriam então as medidas preventivas ou cuidados que devem ter o folião para garantir uma viagem segura?

JOÃO PEDRO ARAGÃO - Para não transformar a viagem em um grande aborrecimento ou pior, em uma grande tragédia, o folião deve fazer a revisão do motor, suspensão e pneus do veículo, além de todos os itens de segurança. Em caso de viagem longa fazer a troca dos fluídos e correias, como também verificar os itens básicos como faróis, setas, limpadores de para brisas, espelhos, retrovisores e é claro sem esquecer de portar os documentos obrigatório do condutor (a carteira nacional de habilitação-CNH) e do veículo o licenciamento.

Qual o percentual de aumento de acidentes ocorrido nas estradas no período de Carnaval?

JOÃO PEDRO ARAGÃO - O termômetro da insensatez é dado pela as estatísticas das mortes nas estradas no estado do Maranhão nesse período com aumento de 30% de acidentes e 40% no aumento da demanda das bolsas de sangue nos hemocentros pelos acidentes que ocorrem com lesões com rupturas de artérias de grosso calibre, que causam hemorragias que levam a óbito. Em condições adversas de tempo, como a chuva o aumento de acidentes chega a 40%. Essas estatísticas deveriam servir de inibidores para quem tem a amor à vida.

Quais os riscos de dirigir na chuva?

JOÃO PEDRO ARAGÃO - Somos apenas condutores é não corredores de Formula 1, onde os carros podem trocar pneus de acordo com as condições climáticas. Na realidade os pneus não foram fabricados para trafegarem nas chuvas, mesmos os pneus novos podem sofrer derrapagens ou aquaplanagem, isso porque no início da chuva os primeiro pingos d´águas se misturam com a fuligem, poeira, resíduos de pneus e óleos que tornam as pistas escorregadias. As estatísticas comprovam que a maiorias dos acidentes, as vezes inexplicáveis ocorrem logo no início das chuvas causados principalmente os tombamentos e capotagem. O condutor folião deve estar atendo aos animais na estrada, curvas perigosas, depressões e lombadas, que são os maiores inimigos principalmente dos motociclistas.

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