Incentivo

Município de Grajaú desperta para turismo de aventura e indígena

Cachoeira dos Morcegos e Aldeia Bacurizinho já recebem visitantes, e o Sebrae está acompanhando processo de desenvolvimento turístico na região

Atualizada em 11/10/2022 às 12h36

[e-s001]GRAJAÚ - Para quem busca diversão, aventura, cultura e muita interação com a natureza e os povos indígenas guajajaras, um dos melhores roteiros encontrados no Maranhão está na cidade de Grajaú, a 564 km de São Luís, em média 8 horas da capital maranhense. A cidade carrega consigo o título de “Princesinha do Cerrado Maranhense” e é com esse título que tem atraído turistas e investimentos para a região.

Com 206 anos, Grajaú é uma das cidades mais antigas do Maranhão. Com pouco mais de 60 mil habitantes e um território com cerca de 9.000 km², dois biomas predominantes, o cerrado e a amazônia, além de contar com a terra indígena Bacurizinho, que tem quase cinco mil índios da etnia Guajajara. Nesse contexto geográfico, histórico e cultural, a cidade desperta para o desenvolvimento do ecoturismo e turismo indígena.

O roteiro turístico, que ainda está em fase de estruturação para que seja considerado um produto turístico, é oferecido na região centro-sul, em pleno cerrado maranhense, às margens dos rios Grajaú e Mearim, oferecendo mais do que lazer, conhecimento e aventura. A proposta é incentivar a prática de esportes radicais e vivência nas aldeias da terra indígena Bacurizinho.

Em meio a rios e uma mata ainda intacta entre os municípios de Grajaú, Barra do Corda e Fernando Falcão, está localizada a Cachoeira dos Morcegos, balneário que fica dentro da propriedade do empresário Linkon Barros, um dos locais mais visitados pelos turistas em Grajaú. A Cachoeira dos Morcegos fica a 30 km da cidade de Grajaú e tem um bom acesso em estrada de chão. Muita gente visita a cachoeira que traz esse nome porque durante a noite as brechas e paredões de arenito servem como refúgio para os animais.

Cachoeira
A queda d'água tem quase 10 metros de altura, mas não é a única atração do lugar. Com um total de 1.400 hectares, a propriedade de seu Linkon é um paraíso natural ainda pouco explorado, por isso, totalmente preservado. Acreditando no potencial turístico da sua propriedade, o empresário Linkon Barros, de 56 anos, tem recebido visitantes e aventureiros que buscam o local para praticar esportes radicais, mergulhar nas águas cristalinas do rio Grajaú e descansar. O turista que vai à Cachoeira dos Morcegos encontra uma beleza inenarrável e ainda pouco explorada, além de uma paisagem maravilhosa das serras. Acreditando nisso, Linkon procurou o Sebrae, em busca de parceria para que fosse realizado o estudo sobre o potencial turístico de sua propriedade.

“A natureza foi muito generosa comigo. Aqui na cachoeira já recebo gente de toda a região e de outros estados e agora vou agregar valor em cima disso. Nesse sentido, procurei orientação do Sebrae em Grajaú, fiz algumas capacitações, inclusive o Empretec, que mudou minha visão empreendedora. Com a finalização do estudo sobre turismo realizado pelo Sebrae, a proposta agora é investir em estrutura que acomode os turistas. Acredito que com o acompanhamento que estou recebendo poderei investir mais na minha propriedade e assim ajudar a desenvolver turismo em Grajaú”, destacou o empresário.

[e-s001]Turismo indígena
Na região de Grajaú estão vários grupos indígenas, os Guajajaras, Timbiras e Kanelas, povos que deram origem ao nome do mais novo polo turístico do Maranhão, o Polo Turístico Regional das Serras Guajajara, Timbira e Kanela. Contudo, especificamente entre as cidades de Grajaú e Formosa da Serra Negra, está a terra indígena Bacurizinho, dos índios Guajajaras, da família Tupi-Guarani, que falam “tenetehara”.

Para desbravar as belezas naturais e atrativos culturais do roteiro turístico da terra indígena Bacurizinho, o turista percorre 22 km de estrada de chão em bom estado. Os moradores da principal aldeia acomodam, apresentam e acompanham os visitantes pelo roteiro turístico. Ligada à evolução tecnológica, na aldeia já tem internet banda larga, energia e a maioria das casas são construídas de engenharia convencional.

No Brasil, o turismo indígena começa a despontar e já é uma medida normatizada pela Funai. Na terra indígena Bacurizinho, que possui 18,20% do território do município de Grajaú, os indígenas já estão realizando atividades turísticas usando suas tradições e costumes como principal atrativo, e já é possível viver um dia de índio visitando a rotina nas aldeias.
Os turistas são recebidos pelos índios e conversam com os moradores das aldeias, incrustadas em meio ao cerrado, cortadas pelo rio Grajaú. Nas aldeias, além de vivenciarem a cultura indígena, participam dos rituais de passagem como o “da menina moça” ou “moqueado” - celebrado quando uma índia vivencia o início de seu ciclo menstrual - e da dança tradicional indígena, onde o turista pode pintar seu corpo com a arte indígena feita com tinta de jenipapo (líquido extraído a partir do fruto do jenipapeiro), mergulhar no rio Grajaú e tomar banho de cachoeira, além de conhecer e comprar o artesanato produzido pelas índias, contribuindo assim, com a renda familiar da aldeia. Para pintar o corpo, o turista paga entre R$ 5,00 a R$ 10,00 , dependendo do tipo de pintura feita pelo indígena.

Edilene Guajajara, artesã, produz artesanato diariamente e nos períodos de festas tradicionais como o Carnaval, festejos juninos e moqueado, chegando a não dar conta da demanda. De acordo com a artesã, os produtos mais comercializados são as roupas, capacetes (cocar indígenas) e bijuterias, tudo produzido com linha, sementes, canutilhos e penas. Os preços das bijuterias variam conforme a peça. Um brinco, por exemplo, é vendido a R$ 5,00. A rede é a peça considerada de maior valor de venda, R$ 250,00.

“O artesanato que eu faço é de encomenda. As roupas das meninas da festa do moqueado, as bolsas para o Carnaval e os enfeites para os dançarinos das quadrilhas juninas, tudo isso eu faço. A própria cacique da aldeia incentiva a produção e ajuda a vender. Esse dinheiro ajuda muito na minha renda. É com ele que eu compro minhas ‘besteirinhas’”, ressaltou Edilene Guajajara.

Incentivo
A cacique Yara Guajajara é técnica em enfermagem e uma das principais incentivadoras da atividade na aldeia. Segundo ela, a oportunidade que o turismo proporciona para os indígenas é a promoção da cultura de seu povo, a melhoria da renda e o incentivo ao cuidado com o meio ambiente. “Recebemos o visitante muito bem. Aqui ele toma banho em um rio limpo, visita as cachoeiras, conhece e experimenta os costumes do nosso povo. Temos prazer em divulgar e promover o turismo local, não somente para mostrar a nossa tradição e costume, mas pra mostrar que a tradição pode caminhar com inovação”, destacou a cacique.

Para a gerente regional do Sebrae, Cecília Salata, o crescimento e desenvolvimento do setor se dá em diferentes ramificações dentro do que se pode classificar como turismo rural e, agora, turismo indígena. “O Sebrae participa dessa construção, orientando e capacitando todos os empresários e potenciais empresários, no intuito de ter sucesso com as ações, desenvolvendo o mercado de forma mais abrangente”, coloca a gerente. Ela esclarece que todo atrativo turístico só se transforma em negócio quando ele vira um produto turístico, agregando serviços às belezas naturais, para que o cliente possa aproveitar o local e usufruir de toda a sua potencialidade.

“Estamos no processo de identificação do potencial turístico em Grajaú e vamos capacitar e orientar os pequenos negócios, visando o desenvolvimento de ações empreendedoras para melhorar a qualidade de vida e autoestima dessas comunidades”, ressaltou Cecília Salata.

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