Saúde

Coração jovem também pode ter problemas

Prevalência de doenças cardiovasculares tem aumentado entre adultos jovens, em função do aumento do sedentarismo e da obesidade

Atualizada em 11/10/2022 às 12h36
Cardiologista Tácio Danilo Pavão
Cardiologista Tácio Danilo Pavão (Tácio Danilo Pavão, cardiologista)

O sobrepeso e a obesidade estão associados a uma série de danos à saúde. A afirmação, encarada com certa “naturalidade” pelas pessoas, ganha nova roupagem se dita desta forma: cada vez mais crianças e adultos jovens estão desenvolvendo - e até morrendo - vítimas de doenças cardiovasculares em função do estilo de vida. Pode parecer exagero, mas o avanço do sedentarismo e da obesidade entre os mais jovens tem promovido uma revolução de saúde. A prova disso é o crescimento dos casos de pessoas com pouca idade que sofrem de cardiopatias, antes comuns apenas nos mais velhos.
“A epidemiologia das doenças cardiovasculares mudou ao longo dos anos, com aumento de sua prevalência em adultos jovens. A ocorrência de infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral nessa população era relacionada principalmente à herança familiar e ao tabagismo, mas, atualmente, a exposição a fatores de risco cardiovasculares, como hipertensão, dislipidemia, resistência à insulina, obesidade, sedentarismo, é cada vez mais precoce, desde a infância”, alerta o cardiologista Tácio Danilo Pavão, da Cardio Check-up.

Mais cedo
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 15% das crianças brasileiras com idade entre 5 e 9 anos são obesos - com grandes chances de que isso se mantenha na vida adulta. E um em cada três brasileirinhos tem peso acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde. O assunto é tão sério que autoridades de saúde de todo o mundo já classificam o problema como epidemia.
“O processo de aterogênese (formação de placas nas artérias) se inicia simultaneamente ao aparecimento desses fatores, podendo ser visto já em adolescentes e adultos jovens. É cada vez mais comum se identificar essas placas em radiografias de tórax, ultrassom de abdome, doppler de artérias carótidas, mesmo em pacientes bem jovens”, ratifica o cardiologista.

“Fator protetor idade”
A prevenção de doenças cardiovasculares, líderes no ranking de mortalidade, passa pela atenção a três fatores: gerenciamento dos fatores de risco, mudança do estilo de vida e atenção ao diagnóstico precoce.
Essas cardiopatias têm como ferramenta essencial para o sucesso a atenção ao diagnóstico prévio.Segundo Tácio Danilo Pavão, os jovens precisam se preocupar mais com os exames e consultas preventivas. “Precisa iniciar cedo! Gosto de utilizar a seguinte expressão com meus pacientes jovens: vocês têm o ‘fator protetor idade’, que vão perder ao longo da vida. Tento mostrar que ninguém será jovem a vida toda e é preciso se preparar para o envelhecimento saudável”, afirma.

“O processo de aterogênese (formação de placas nas artérias) se inicia simultaneamente ao aparecimento desses fatores, podendo ser visto já em adolescentes e adultos jovens. É cada vez mais comum se identificar essas placas em radiografias de tórax, ultrassom de abdome, doppler de artérias carótidas, mesmo em pacientes bem jovens”Tácio Danilo Pavão, cardiologista

Avaliação médica


E quando a doença ataca um jovem atleta? Segundo o cardiologista, muitas vezes, as pessoas iniciam uma atividade física sem se submeter a exames e avaliações médicas. “O atleta pode apresentar alguma patologia antes do início do exercício, como cardiomiopatia hipertrófica, arritmias, malformações da anatomia coronariana; e essas serem responsáveis pela morte súbita relacionada ao exercício. Por isso, a importância da avaliação médica previamente à prática”, comenta.
Outro risco, diz o médico, é o uso irrestrito de suplementação para aumento de performance sem prescrição médica. “Alguns com substâncias estimulantes podem estar relacionados ao aparecimento de arritmias e infarto agudo do miocárdio, que podem ser fatais. Como exemplo, a substância efedrina, que faz parte de alguns suplementos comercializados de forma ilegal no Brasil, pois são proibidos pela Anvisa e nos EUA pelo FDA”, alerta.
Tácio Danilo Pavão explica que a efedrina está comprovadamente associada à infarto agudo do miocárdio por vasoespasmo da artéria coronariana, que pode acontecer no local de uma pequena placa gordurosa em paciente jovem, com oclusão total dessa artéria. Levando à perda do músculo cardíaco daquela região ou à morte do paciente. l

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