Comércio

Dia dos Namorados deve atrair 52,2% dos consumidores de SL

Pesquisa da Federação do Comércio do Maranhão indica queda na intenção de compras nessa data comemorativa este ano, como reflexo das incertezas políticas e econômicas que estão afetando o Brasil

Atualizada em 11/10/2022 às 12h38
Fecomércio fez levantamento de consumo para o Dia dos Namorados
Fecomércio fez levantamento de consumo para o Dia dos Namorados (Fecomércio fez levantamento de consumo para o Dia dos Namorados)

SÃO LUÍS - Levantamento de intenção de consumo para o Dia dos Namorados, realizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Maranhão (Fecomércio-MA), demonstra que 52,2% dos consumidores ludovicenses devem ir às compras nesse período, enquanto 43% não irão comprar produtos. Na comparação com 2016, os dados indicam para uma piora nos resultados, apresentando redução de -11,8% do nível de consumidores que pretendem comprar produtos e um aumentode 23,5% dos consumidores que não irão às compras.

O estudo, que foi realizado entre os dias 15 e 19 deste mês, período que iniciou a maior crise política no Governo Federal após os desdobramentos da Operação Lava-Jato, demonstra que o otimismo de queda da inflação, crescimento da economia e criação de emprego vislumbrado nos últimos meses, encontra-se ameaçado em meio às incertezas políticas e econômicas verificadas nesse período. Dessa forma, a pesquisa realizada pela Fecomércio, revela que o momento é de replanejamento do empresário do comércio em relação às estratégias de vendas para o Dia dos Namorados deste ano.

“Esse resultado está vinculado, principalmente, à percepção dos consumidores quanto ao atual cenário de insegurança e instabilidade política que afetam as condições socioeconômicas atuais, como renda e emprego. É importante o empresário perceber que o momento atual não é de reduzir investimentos, mas administrar suas finanças, aguardando a acomodação dos agentes econômicos e mantendo o atual nível de investimento, mediante a estabilização do horizonte de informações que influenciam nossa economia regional”, enfatizou o presidente da Fecomércio, José Arteiro da Silva.

Perfil

Para o Dia dos Namorados deste ano, o levantamento identificou que o perfil do consumidor mais predisposto ao consumo deve ser formado por homens (58,7%), os que possuem mais de 36 anos (56,4%), com ensino médio (57%) e renda familiar mensal superior a seis salários mínimos (57,1%).

De acordo com a pesquisa, em relação ao mesmo período do ano passado houve reduções de 5% para quem deseja comprar um produto e de 38,1% para quem ambiciona comprar dois produtos. De fato, os consumidores estão neste momento reavaliando seus orçamentos domésticos com possíveis implicações que devem afetar suas previsões de gastos e comprometer sua capacidade de pagamento de compromissos futuros.

“Esse pessimismo do consumidor quebra as expectativas favoráveis à recuperação econômica que vinham sendo formadas nos últimos meses e comprovadas pelos indicadores econômicos. Evidenciava-se no comércio varejista ampliado maranhense, por exemplo, variação positiva na comparação anual de 4,2% no volume de vendas, segundo a última Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE. Somam-se a este dado, as expectativas de recuperação de receitas, que em face da turbulência política, comprime momentaneamente o ímpeto do empresário em realizar novos investimentos”, analisa o consultor econômico da Fecomércio, Eduardo Campos.

Segmentos

Na análise dos produtos preferidos pelos consumidores, o setor de vestuário, higiene/perfumaria e calçados compõem os três primeiros segmentos em intenção de compras. Em comparação ao mesmo período do ano passado, o setor de vestuário apresentou elevação de 2,5% na intenção de compras, assim como o segmento de higiene/perfumaria avançou 8,8%, embora se ressalte que houve elevação também de inúmeros outros produtos constantes na pesquisa, evidenciando a diversificação que deve ser apresentada pelo comércio varejista local, gerando novas oportunidades de expansão das receitas pelo empresário do comércio.

Por outro lado, a pesquisa apresenta um perfil de consumidor para o Dia dos Namorados, mais consciente da sua capacidade de gastos e direcionado a comprar produtos com valores menos elevados, uma vez que foram registradas quedas significativas nas intenções de compras de produtos com alto valor agregado, tais como relógios (-54,3%), celulares (-85,2%) e bebidas (-75%). Em contraponto, produtos com valores mais baixos obtiveram destaque no avanço das intenções de compras, tais como chocolates, carteiras/bolsas e material esportivo que alcançaram o dobro do percentual do ano anterior.

Na análise sobre a intenção de comemorar o Dia dos Namorados, observa-se a redução de 15,6% entre os que desejam celebrar a data e o aumento de 30% dos que não desejam comemorar. A piora na intenção de comemorar a data advém da necessidade de restringir novos gastos, objetivando manter a tradição de presentear, porém, limitando o valor empregado no período.

Quando comparado com o mesmo período de 2016, a intenção de ficar em casa ou na casa de parentes continua sendo a preferência dos consumidores e aumentou 8,5%, enquanto a disposição de comemorar nos restaurantes, que aparece em segundo lugar na pesquisa, recuou 10,1%. Para aqueles que preferem comemorar no cinema, a intenção diminuiu 5,5%, assim como nas praias, que apresentou queda de 28%, e com as viagens, que reduziram 13,3%. O destaque deste ano foram os hotéis/motéis,que avançaram 41,3% na preferência dos consumidores ludovicenses.

Expectativas

“Percebemos que a redução das expectativas relacionadas aos diversos locais para comemorar é uma decisão do consumidor de cortar gastos com os serviços de lazer e entretenimento, que possuem valores de grande impacto na renda disponível para consumo, embora se ressalte como única exceção, a elevação da preferência neste ano por hotéis/motéis. Além disso, o enxugamento das despesas relacionadas à comemoraçãotraz à tona a possibilidade dos setores de serviços trabalharem o marketing de seu negócio direcionado à data festiva, já que o período possibilita uma oportunidade para estes setores reverem sua forma de atrair estes clientes”, destaca Eduardo Campos.

Em relação à média do valor do presente pretendido pelo consumidor este ano, ficou calculada em R$ 154, enquanto a média do valor total da compra, considerando os gastos com a comemoração e aqueles que irão comprar mais de um produto para presentear, foi calculado em R$ 176. Comparado ao mesmo período do ano passado, o valor médio do presente apresenta uma redução de 1,2%, mas quando se analisa o valor médio da compra, onde o volume do gasto é maior, observa-se uma elevação de 4,1%, que permanece no mesmo nível da inflação acumulada no período que é de 4,08%.

Destaca-se que a redução do valor médio do presente confirma a tendência de otimização dos gastos em função das expectativas negativas de curto e médio prazo formadas pelas instabilidades políticas e seus reflexos na economia local. Emboraobserva-seque o valor geral das compras no limite da inflação gere oportunidades de manutenção das receitas do comércio ludovicense em relação ao mesmo período do ano passado.

Correlata

Pagamento à vista em dinheiro

continua sendo a preferência

Em relação ao ano passado, o pagamento à vista em dinheiro continua sendo a preferência dos consumidores mesmo com a redução 6%, e o uso do cartão de crédito, que aparece em segundo lugar, também reduziu 2,5%. Em seguida, aponta-se o uso do cartão de débito que aumentou em 5,8% e o uso de crediários/carnês que sofreu elevação de 33,3%.

De acordo com o economista Eduardo Campos, embora haja neste momento a redução da intenção de compras, o levantamento demonstra que o consumidor busca adotar um maior controle do seu orçamento com a realização do pagamento à vista. “Esse fato também é comprovado pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, realizada pela Confederação Nacional do Comércio em parceria com a Fecomércio-MA, que indica redução do endividamento na capital maranhense em maio deste ano de -0,39% em relação ao mês anterior”, explica o especialista.

Quanto aos locais de compras, destaca-se que as lojas do shopping ainda são a preferência dos consumidores, mas apresentaram forte redução de 25,8% em face da escolha por locais mais populares como o Centro Comercial, que apresentou aumento de 69,1% e as lojas de rua/bairro/galeria (+37,8%), mediante a percepção dos consumidores de que são estabelecimentos que oferecem produtos mais populares e com preços mais acessíveis.

Contudo, essa concorrência entre as praças comerciais é saudável para os consumidores e também aos empresários de São Luís. Para os consumidores, observa-se que a maior concorrência tende a produzir promoções com preços que permitam a redução de seus gastos, e para os empresários, traz a oxigenação de novas ideias para seu negócio com o intuito de gerar novas receitas e a fidelizaçãodos clientes.

De modo geral, mesmo em um cenário politico tumultuado, a Federação do Comércio do Maranhã acredita que em médio prazo, as condições econômicas de redução de juros e inflação controlada deverão colaborar para a retomada do ritmo das vendas, pois existe espaço para a ampliação do consumo diante da expansão do crédito ofertado aos consumidores verificado ao longo dos últimos meses na economia.

Mais

Pesquisa

A pesquisa realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Maranhão (Fecomércio-MA) entrevistou 700 pessoas, entre homens e mulheres com mais de 18 anos, nos principais pontos de circulação de consumidores de São Luís. A margem de erro da amostra é de 3,7% e o nível de confiança da pesquisa é de 95%.

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