VIANA - A polícia afirmou ontem que o inquérito que apura o confronto envolvendo os índios Gamela do povoado Bahias, na cidade de Viana, e lavradores, ocorrido no dia 30 do mês passado, vai ser remetido até o fim desta semana à Justiça Estadual. Os autos do processo deverão ser encaminhados à esfera federal. Um total de 13 indígenas saiu ferido a golpes de facão, pauladas e tiros.

Foi montada uma força-tarefa composta pelas polícias Militar, Civil e Federal, além de representantes do Ministério Público e do Poder Judiciário, para investigar esse caso. O delegado Jorge Pacheco, da regional de Viana, informou que os índios exigiram que o depoimento deles seja colhido pela Polícia Federal, o que dificultou a apuração.

O delegado disse ainda que optou por não fazer uso do instrumento de condução coercitiva. “Neste caso, por meio da exigência da categoria indígena, ouvi apenas parte dos entes envolvidos no caso e, nesta semana, vou encaminhar os termos para a Justiça”, declarou o delegado.

Ainda de acordo com o delegado, neste caso, ainda não é possível apontar quem foram os responsáveis pelo confronto. “Como não foram ouvidas todas as partes no caso, fica difícil apontar qualquer parecer. É necessária uma apuração ainda mais aprofundada, e isso deve ocorrer no âmbito federal”, afirmou.

O delegado confirmou a O Estado que, apesar do fim das apurações no âmbito policial, as equipes deverão permanecer no local do conflito. “Até para garantir que não haja qualquer outro tipo de situação semelhante”, disse.

Conflito

Os índios declaram que na tarde do dia 30 de abril deste ano, um grupo de homens armado invadiu a comunidade Gamela, em Viana. Eles foram atacados com tiros, pauladas e golpes de facão. Crianças e adultos teriam sofrido agressões físicas e foram levadas para o hospital. Esse embate entre os índios e fazendeiros ocorre há alguns anos, sendo que a Funai teria apenas iniciado a primeira fase da regularização, que é a identificação, mas não teria dado prosseguimento ao processo.

Os índios Gamela reivindicam uma área no Norte do Maranhão que teria sido doada pela Coroa Portuguesa no século 18 e reclamam ter sido ocupada por fazendeiros ao longo dos anos. Os indígenas querem a demarcação das terras.

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