A fase da adolescência é mesmo inesquecível, seja pelo pontos positivos das descobertas e desenvolvimento psíquico e físico, ou por aqueles outros pontos um tanto quanto difíceis de se conviver. Para abordar o assunto, acontece hoje e amanhã, no Auditório do Conselho Regional de Medicina, em São Luís, o Seminário "Adolescência e Pós-Modernidade: Questões da Clínica e Educação", com a professora Leda Mariza Fischer Bernadino, psicanalista, escritora e doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento pela Universidade de São Paulo.

Educadores e profissionais da área de saúde terão a oportunidade de discutir os novos caminhos da abordagem com a geração de adolescentes que atualmente vivem as contradições da idade, em um ambiente cheio de novidades e transformações vindas com a tecnologia, redes sociais e novas estruturas sociais e familiares.

A professora Leda Bernadino, que há décadas dedica-se ao acompanhamento do desenvolvimento humano, desde bebês até os adolescentes, falou a O Estado sobre o assunto. Autora de obras como “Neurose Infantil versus neurose da criança” e “O que a psicanálise pode ensinar sobre a criança, sujeito em constituição”, a psicanalista afirma que discutir esse tema entre o público que lida diariamente com os adolescentes é de vital importância para o entendimento das características dessa geração atual.

Qual a importância de se discutir o adolescente e suas relações?

É fundamental que se possa discutir a adolescência como crise psíquica necessária, como um momento de passagem na vida que precisa ser respeitado e ao mesmo tempo acompanhado pelos pais e outros interlocutores, como a família ampliada e a escola com seus agentes. Por mais que estejamos todos passando por mudanças diante das transformações sociais profundas que estamos vivendo, o adolescente vem - com seus comportamentos problemáticos - denunciar os sintomas e contradições da sociedade.

Vem se tornando comum nas páginas do jornais e na mídia em geral a ocorrência de adolescentes envolvidos em jogos na internet, alguns deles em grupos que, em alguns casos, transmitem ao adolescente comandos de automutilação e até levando a casos de suicídio. Quais fatores levam os adolescentes a terem esse tipo de comportamento?

É um momento de muita fragilidade, de busca de novos saberes fora do ambiente familiar, o que torna os adolescentes muito disponíveis para o que se apresenta para eles como novidade, como um modo de pertencer a um grupo, como uma nova forma de se identificar.

No âmbito escolar, manter a disciplina e a boa relação entre professor e o adolescente é algo considerado um grande desafio nos dias atuais?

Sim, pois o campo escolar é um campo fértil para o estabelecimento de ideais próprios, com a possibilidade de se identificar com o professor que ama o que faz e tem uma relação muito boa com seu campo de conhecimento. Isto pode ajudar o adolescente a escolher seu caminho. Só o professor que está consciente de seu papel e não abre mão da disciplina e da transmissão da sua relação com o saber pode ser um bom interlocutor neste momento. É um enorme desafio, pois muitos desistem e outros simplesmente desconhecem o potencial que sua profissão encerra na relação com os jovens.

Como os pais e professores devem lidar com essa atual geração de adolescentes?

Todo adolescente, por estrutura, é questionador e está em busca do novo. Saber respeitar isto sem se intimidar e sem demissionar de seu lugar pode fazer dos adultos bons interlocutores para a passagem da adolescência.

Serviço
O quê Seminário Adolescência e Pós Modernidade: Questões da Clínica e da Educação.

Quando Sexta das 20h às 22h, e sábado

Onde Auditório do Conselho Regional de Medicina

Informações: Centro da Infância e Adolescência Maud Mannoni- CIAMM- 3235-9186

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.