Alerta

Pessoas com obesidade têm 55% mais chances de desenvolver depressão

Estudo publicado no científico Archives of General Psychiatry apresenta indícios biológicos da relação entre as duas doenças

Atualizada em 11/10/2022 às 12h39
30% das pessoas que procuram tratamento para perda de peso apresentam depressão
30% das pessoas que procuram tratamento para perda de peso apresentam depressão (obesidade h)

SÃO PAULO - A obesidade é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um dos maiores problemas de saúde pública da atualidade. De acordo com o levantamento intitulado “Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional na América Latina e Caribe”, o problema já atinge 20% das pessoas adultas no país, enquanto mais da metade da população brasileira está com sobrepeso. Considerado fator de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e problemas cardiovasculares – responsáveis por mais de 70% das mortes no Brasil –, o excesso de peso impacta, também, na expectativa de vida.

Já a depressão é uma doença que se caracteriza por uma tristeza profunda e duradoura, associada a outros sintomas, como alterações de humor, perda de interesse e até dores físicas, que atinge atualmente cerca de 11,2 milhões de brasileiros com mais de 18 anos – o que corresponde a 7,6% da população -, segundo o IBGE. A condição é a principal causa de incapacidade em todo o mundo e tem grande impacto no índice global de doenças. No pior dos casos, a depressão pode levar ao suicídio.

Mesmo se tratando de duas condições completamente diferentes, há muitos casos em que a obesidade e a depressão estão relacionadas. Estima-se que cerca de 30% das pessoas que procuram tratamento para perda de peso apresentam depressão; por outro lado, pessoas com depressão têm um risco 58% maior de desenvolver obesidade.

“Tanto a obesidade quanto a depressão podem acontecer a partir de alterações bioquímicas no cérebro em resposta ao estresse. Em pessoas com depressão, há níveis um pouco mais elevados do hormônio cortisol, que podem alterar as células de gordura e resultar em um aumento do acúmulo de gordura (principalmente abdominal) no corpo”, explica Rocio Riatto Della Coletta, Gerente Médica de Obesidade da Novo Nordisk. A médica explica que o oposto também pode acontecer: ”Em uma sociedade em que as pessoas associam estar magro com estar adequado para o padrão de beleza da atualidade, a questão da baixa autoestima em pessoas com obesidade pode levá-las a desenvolver depressão”.

Por ser uma doença crônica, muitas vezes a obesidade está relacionada a fatores genéticos que fazem com que a perda de peso se torne um desafio muito difícil de ser superado. Os aspectos psicológicos também devem ser considerados, já que não é fácil mudar de hábitos de um dia para o outro.

“Infelizmente, muitas pessoas ainda recorrem a métodos radicais para perder peso, e esses métodos não estão relacionadas a uma mudança real de hábitos, mas sim à privação. Com isso, a perda de peso pode até acontecer, mas esses quilos acabam retornando no curto prazo – o conhecido ‘efeito sanfona’. A decepção com o fracasso desses métodos imediatistas também pode levar as pessoas com obesidade a desenvolver depressão”, alerta a especialista. “É muito importante deixar de lado o mito de que só tem obesidade quem quer, ou que basta comer bem e fazer exercícios para perder peso. A obesidade é uma doença crônica e complexa, necessitando de tratamento crônico individualizado”, completa.

MAIS

A prática regular de atividades e exercícios físicos é considerada pelos especialistas uma das melhores formas de prevenção e controle de diversos problemas de saúde, principalmente quando se trata de doenças crônicas, como obesidade e diabetes. No caso da depressão, não é diferente. Pesquisadores da Universidade do Texas, em Dallas, fizeram uma revisão dos dados sobre o assunto e descobriram que, se praticados de três a cinco vezes por semana, exercícios aeróbicos podem amenizar os sintomas da depressão após cerca de quatro semanas. O estudo foi publicado no periódico Journal of Psychiatric Practice.

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