Acidente

Parte de teto de escola desaba e deixa alunos e professor feridos

Acidente ocorreu ontem em uma das salas de aula da Unidade de Educação Básica Darcy Ribeiro, localizada no Sacavém; segundo o Corpo de Bombeiros a provável causa foram as fortes chuvas; situação precária da escola já vinha sendo denunciada por O Estado

Adriano Martins Costa / Da equipe de O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h40

SÃO LUÍS - Parte do teto caiu sobre a cabeça de 30 alunos, todos com 11 e 12 anos de idade, do sexto ano da Unidade de Educação Básica Darcy Ribeiro, no bairro Sacavém. Ontem, havia pouco tempo que as aulas do período da tarde haviam começado e todos estavam sentados prestavam atenção na aula quando um barulho estrondou por todo o prédio da escola e o teto da sala desabou.

Segundo o Coronel Célio Roberto, comandante do Corpo de Bombeiros, que foi ao local para acompanhar a situação, dois estudantes e uma professora ficaram feridos. Um deles teve que ser encaminhado para o Hospital Djalma Marques, o Socorrão 1, onde ficou em observação por algumas horas. A Polícia Militar que também foi à escola contabilizou pelo menos sete feridos, a maioria com arranhões e escoriações leves.

O coordenador de apoio comunitário da Defesa Civil Municipal, Tonier de Jesus Rodrigues, informou que ainda não dá para saber exatamente quais as causas do acidente, mas adiantou que foi muito provavelmente em razão das fortes chuvas que vem caindo na cidade, nos últimos dias. Em nota, a Secretaria Municipal de Educação (Semed) afirmou que o teto da sala desabou por consequência das fortes chuvas registradas no início da tarde de ontem.

O Corpo de Bombeiros, à primeira vista, destacou que o teto não desabou completamente, mas apenas uma parte. Uma das vigas centrais teria se rompido e levado as outras juntas. Mas para um laudo mais preciso, é necessário que o setor de engenharia da Defesa Civil faça a vistoria completa, o que só deve ocorrer hoje.

Susto

Dona Balbina dos Inocentes tem uma sobrinha, de quem toma conta, estudando na sala onde ocorreu o acidente. A mulher estava indo ao médico e já aguardava na parada de ônibus quando soube do acidente. Na hora, saiu correndo e atravessou a avenida na frente dos carros. Estava aflita para saber a situação de menina. Por sorte, fora o susto, ela não sofreu nada. “Gente, foi uma agonia quando soube. Mas graças a Deus, não aconteceu nada”, afirmou a mulher.

A pequena Emanuele Castro, de 11 anos, não estava na sala na hora exata do acidente. Tinha pedido para ir ao banheiro quando tudo ocorreu. Mas ela ouviu o estrondo e saiu correndo de volta para a sala, quando chegou lá deu de cara com os colegas embaixo dos escombros e gritando por socorro. “Eu vi as meninas e elas saíram correndo. Minha colega machucou o braço e a outra a cabeça. A tia mandou a gente sair todo mundo correndo”, disse a menina.

Problemas

O certo mesmo é que além da sala cujo teto desabou, toda a escola está com diversas infiltrações e problemas estruturais, que são mais visíveis agora, durante o período chuvoso. Outra sala, por exemplo, está sem teto, apenas com o forro plástico. O resultado é que a água da chuva infiltra e invade o local, transformando-o em uma lagoa. Ali, com certeza não dá para ter aulas, tanto que as carteiras estão todas em cima das outras, enquanto a água cai do forro, como se fosse uma cachoeira.

Do lado desse compartimento está a sala que foi incendiada por marginais nos atentados de outubro de 2016. Na época, após os ataques, a Prefeitura de São Luís, através da Semed, afirmou que já estava providenciando a reforma do ambiente, mas o que ainda se vê é que tudo foi apenas fechado, improvisadamente com mesas e cadeiras, para se evitar o acesso. A sala segue sem telhado, sem cadeiras e cheia de água da chuva empoçada. Funcionários da escola dizem que o local se tornou um criadouro para o mosquito Aede aegypti.

A quadra da escola é outro problema que já foi bastante batido, mas que parece não ter solução. Várias e várias reportagens, incluindo de O Estado, já denunciaram a situação, mas nada foi feito. O teto está em parte caindo, os banheiros estão depredados e sem condições de uso, além disso, o espaço deixou de ser usado pela comunidade para virar um refúgio de marginais que se aproveitam da falta de iluminação para usarem drogas.

Outras escolas

A situação vista na UEB Darcy Ribeiro, no entanto, não é isolada. Diversas outras escolas estão em condições críticas e não oferecem condições para o ensino. Este mês, O Estado já noticiou diversos casos do tipo. A edição do dia 24 mostrou as condições de duas escolas na Cidade Operária que estão com problemas no teto, janelas, mobiliário, entre outros. Apesar disso, o ano letivo foi iniciado normalmente. No dia 22, foi mostrado o drama de pais e alunos matriculados na UEB Rosália Freire. Preocupados os pais interditaram a Avenida dos Portugueses, onde a escola fica localizada. Lá falta água o colégio, os banheiros estão sem condições de uso, várias janelas foram arrancadas, o telhado está cheio de infiltrações, entre outros problemas, que se arrastam desde 2015.

A edição do fim de semana de 18 e 19 deste mês mostrou os problemas da UEB Rubem Teixeira Goulart – Anexo I, localizada no Conjunto Cohab-Anil III. Em dias de chuva, a escola fica alagada, e os funcionários espalham baldes pelo chão para impedir a água da chuva alagar todo o prédio. Na edição do dia 11, foram mostrados os problemas da Unidade Integrada Doutor Aquiles Lisboa. Os pais das crianças matriculadas não sabem quando elas começarão a estudar porque o prédio está com a estrutura totalmente comprometida.

“Lamentavelmente, estou aqui com muita tristeza em saber que a escola está passando por essa situação. Já estivemos aqui várias vezes, denunciando a situação da quadra, pois a gente sempre teve receio de acontecer alguma fatalidade. Dá uma tristeza profunda em saber que crianças foram machucadas, que professor foi machucado, isso só demonstra que a gente tem que ficar atenta em todas as escolas”, afirmou a presidente do Sindicato dos Professores da Rede Municipal (Sindeducação), Elisabeth Castelo Branco.

MAIS

Reunião

Dona Zezé Moreira, liderança comunitária na região, relembrou que na última sexta-feira, dia 24, uma reunião foi convocada na Igreja Nossa Senhora da Penha, no bairro, para falar sobre os problemas dessa escola, e também de outras da região. Um convite foi enviado para todos os vereadores de São Luís, mas apenas dois atenderam a convocação.

Herói

Se há um herói nessa história toda, ele se chama Márcio Magno. Há sete meses ele é porteiro na escola, contratado de uma empresa terceirizada. Ele contou que ouviu o estrondo, de onde estava, no portão principal, e saiu correndo em direção à sala. Quando chegou lá viu as crianças embaixo dos escombros. Muitas choravam e todas em estado de choque.

Sem nem pestanejar entrou embaixo dos destroços e começou a tirar as crianças de dentro da sala, isso, antes mesmo do Corpo de Bombeiros chegar. O próprio comandante dos bombeiros, coronel Célio Roberto, destacou a ação do porteiro e que ela foi fundamental para que não houvesse mais feridos.

Atentados

A UEB Darcy Ribeiro foi alvo dos atentados que ocorreram em setembro e outubro de 2016, véspera das eleições em São Luís. O ataque ocorreu na madrugada de 30 de setembro

Apenas uma sala foi atingida pelos criminosos. No entanto, esse espaço ficou completamente destruído, com cadeiras e o quadro queimados. O teto da sala de aula também desabou e, para que os bombeiros pudessem entrar e controlar as chamas, eles tiveram que quebrar parte do teto das salas vizinhas.

Um dia depois do atentado, o secretário municipal de Governo, Lula Fylho, esteve na Darcy Ribeiro acompanhando os trabalhos da perícia criminal e os serviços de reparo. Ele afirmou que ainda naquele dia a reforma da escola seria iniciada e feita por meio de uma parceria entre as Secretarias de Educação do Estado e Município. Infelizmente, até hoje a sala ainda está sem a reforma prometida.

SAIBA MAIS

Em nota, a Secretaria Municipal de Educação (Semed) informou que, assim que soube do acidente na UEB Darcy Ribeiro, foram acionados o Corpo de Bombeiros, a Defesa Civil, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e a Polícia Militar, e que uma equipe técnica da secretaria foi enviada à escola em regime de urgência, onde atendeu os pais e demais estudantes com os esclarecimentos necessários.

A Semed esclareceu ainda que a referida unidade vai passar por vistoria e perícia técnica para determinar as causas do ocorrido e avaliar as condições de segurança do prédio. A Semed afirmou ainda que providenciará as intervenções estruturais necessárias e que os dias letivos serão integralmente repostos mediante calendário suplementar a ser elaborado pela Semed em diálogo com a comunidade escolar.

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