Alerta

Doenças transmitidas por ratos são mais comuns do que se pensa

De acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES), somente neste ano seis casos de leptospirose foram registrados em humanos; por causa da gravidade da doença e da facilidade de disseminação, é necessário seguir recomendações

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h40
Ratos podem ser vistos transitando no Mercado Central em qualquer hora do dia, segundo os feirantes
Ratos podem ser vistos transitando no Mercado Central em qualquer hora do dia, segundo os feirantes

SÃO LUÍS - As doenças transmitidas por ratos são mais comuns do que se pensa. Pelo menos esta é a conclusão que se tira após análise dos dados da leptospirose (enfermidade mais comum transmitida pela urina dos roedores) no Maranhão. De acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES), em todo o ano passado foram registrados 63 casos da doença em humanos. Este ano, ainda de acordo com a pasta, já foram seis casos.

Por causa da gravidade da doença e da facilidade de disseminação, é necessário seguir algumas recomendações. De acordo com o veterinário da Universidade Estadual do Maranhão (Uema) Nordmann Wall, é preciso um trabalho intenso de conscientização dos cidadãos e do poder público para estimular o descarte correto dos resíduos sólidos, evitando assim os riscos de doenças.

“Se a forma de descarte de lixo não for alterada, teremos riscos a cada dia maiores de doenças causadas especialmente por ratos. É preciso, principalmente, evitar a exposição do lixo de forma desnecessária”, disse.

Ainda segundo o médico, os riscos da leptospirose não estão apenas nas áreas da periferia da cidade. Segundo ele, é possível – por exemplo – ser contaminado com a doença em áreas nobres ou próximas ao litoral. “Como ainda é possível ver o descarte de impurezas no mar, os roedores podem migrar para essas áreas e, desta forma, contaminar quem esteja por lá”, afirmou Wall.

O especialista cita ainda a necessidade de dedetização de locais públicos. “Não há uma prática de dedetização na cidade. Era preciso cuidar dos roedores que estão circulando e são focos da doença. Em paralelo a isso, criar uma conscientização maior nas pessoas para que colaborem no descarte do lixo”, citou o veterinário.

Pontos de contaminação
O tradicional Mercado Central, em São Luís, abriga grande população de ratos. Os roedores aproveitam um descuido dos feirantes, que deixam cair, no chão, restos de frutas, verduras e outros alimentos, para circular livremente pelo estabelecimento comercial – cuja reforma prometida pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) ainda não saiu do papel e que, até o fechamento desta edição, não tinha prazo para execução.


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A presença de ratos ocorre no Mercado Central, mesmo durante o dia e os feirantes dizem que a situação é inevitável. “Aqui tem rato demais. E até hoje ninguém veio dedetizar este lugar”, disse a feirante Gilcilene Araújo.

Outros feirantes preferem ignorar o problema. “Isso aí não é nada demais. Passa governo e entra governo e ninguém faz nada”, disse um feirante, que não quis revelar o nome.
Na feira da Cohab, vários feirantes afirmaram que os ratos costumam passar ao lado das bancas, onde são expostas frutas e verduras, especialmente durante a noite.

A situação é a mesma no Mercado da Forquilha, que nunca passou por uma reforma pela Prefeitura e é administrado de forma precária por um grupo de comerciantes que atuam no local.

Outro lado
Sobre as feiras, a Prefeitura de São Luís, por meio da Semapa, informou que está realizando visitas técnicas em diversas feiras e mercados da capital, para ter conhecimento das necessidades de cada um e incluir as demandas no Projeto de Recuperação de Mercados e Feiras Municipais. No entanto, a pasta não citou valores, tampouco prazos para obras.

Sintomas da leptospirose
Febre, dor de cabeça, dores pelo corpo, principalmente nas panturrilhas (batata da perna), podendo também ocorrer vômitos, diarreia e tosse. Nos casos mais graves geralmente aparece icterícia (coloração amarelada da pele e dos olhos) e há a necessidade de cuidados especiais em caráter de internação hospitalar.

O doente pode apresentar também hemorragias, meningite, insuficiência renal, hepática e respiratória, que podem levar à morte.

Números
63
foi o número de casos de leptospirose em 2016
6 foram os casos no estado da doença este ano

Fonte: Secretaria Estadual de Saúde (SES)

[e-s001]Virose da mosca vira motivo de preocupação na cidade
A virose da mosca é motivo de preocupação entre os cidadãos ludovicenses, pela fácil contaminação e intensidade dos sintomas. Em São Luís, é cada vez mais comum ver – em urgências e emergências de hospitais – pessoas com sinais claros da doença: conhecida por apresentar febre, dores no corpo, além de vômitos e diarreia.
Outro fator que contribui para o aparecimento da doença, além da ausência de políticas de saúde, é a carência na assistência de saneamento básico. Em feiras, é possível ver restos de comida expostos, contribuindo para o aparecimento de moscas. Na feira da Cohab, por exemplo, foram vistos restos de carnes cobertos por moscas em pleno fim de tarde de dia de semana. “Eu mesmo outro dia estava doente, acho que era desta virose”, confessou o feirante Francisco Abreu, que vende frutas e verduras bem ao lado de onde foi feito o flagrante.
Segundo especialistas, pacientes com os sintomas apontados já foram atendidos na capital maranhense e no interior do estado. Além destas localidades, outros estados da Região Nordeste, como Pernambuco, também estão entre aqueles com focos de moscas contaminadas. Em contato feito por O Estado, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou que, pelo fato de não haver notificação compulsória da doença, não há um registro oficial sobre o número de casos da virose no Maranhão.

[e-s001]Doenças causadas por pombos
Os pombos são também animais que têm proliferado na cidade. A presença dessas aves representa riscos à saúde da população. O ar contaminado com as fezes dessas aves pode provocar doenças como a criptococose, uma inflamação no cérebro, que no início tem os sintomas de uma gripe; a histoplasmose, que causa infecção nos pulmões, e ainda uma série de outras alergias. Até recentemente, 57 doenças eram catalogadas como transmitidas pelos pombos, tais como histoplasmose, salmonella, criptococose, meningite e também de alergias, como asma, rinite e dermatites.

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