Águas de março

Temporal causa estragos e expõe deficiências em SL

Previsão é de mais chuvas, pois mês apresenta o segundo maior volume de precipitações, conforme o Laboratório de Meteorologia do Núcleo Geoambiental

Atualizada em 11/10/2022 às 12h40
Portão quebrou com a força da água, no Renascença II
Portão quebrou com a força da água, no Renascença II

SÃO LUÍS - O mês começou sob fortes chuvas, e as águas de março chegaram trazendo desolação para moradores de São Luís. Em diversos bairros da capital maranhense a água alagou casas, destruindo móveis e eletrodomésticos. E a previsão para os próximos dias é de mais chuvas, já que março é o mês com o segundo maior volume de chuvas na capital. Segundo o Laboratório de Meteorologia do Núcleo Geoambiental (Nugeo) da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), até as 9h de ontem choveu 56,2 milímetros na capital, o equivalente a 13% de todo o previsto para o mês inteiro.

Na manhã de ontem, moradores do São Francisco jogaram no lixo o que sobrou dos pertences destruídos pela chuva. Morador da Rua Presidente José Sarney, no bairro, Benedito Araújo carregava nas costas as portas do guarda-roupas do quarto da filha que ficou totalmente destruído pelas chuvas. “Por causa das chuvas, minha casa alagou e o guarda-roupas caiu sobre a cama da minha filha. Ela só não se machucou porque a parede impediu que ele desabasse sobre ela”, conta o aposentado, que passou a madrugada tentando contornar os estragos das chuvas.

[e-s001]As chuvas que causaram tantos estragos na capital começaram a cair com mais intensidade a partir das 18h da quarta-feira, dia 1º, mas foi por volta da 1h30 que os moradores da Rua Presidente José Sarney precisaram sair das suas camas às pressas para tentar salvar parte dos seus pertences. Móveis como sofás e guarda-roupas e eletrodomésticos como geladeiras foram os mais danificados por causa da altura que a água das chuvas atingiu. “Aqui na minha casa a água subiu meio metro”, afirma o aposentado Emanoel da Conceição.

Na casa dele, a geladeira recém-comprada foi danificada pela chuva, e ainda havia outros aparelhos da casa que ele ainda não tinha verificado se haviam sofrido algum dano. “Por causa da altura da água, a geladeira ficou bem prejudicada. A gente desligou todos os aparelhos da tomada por medo de papoco de energia. Só daqui uns dois dias a gente vai ligar tudo de novo para saber o que está funcionando”, disse. Por causa das chuvas, a casa do aposentado amanheceu sem energia elétrica.

[e-s001]Problema antigo
A força das chuvas do início de março não foi novidade para os moradores da Rua Presidente José Sarney. Todos os anos, quando as chuvas se intensificam, eles revivem o martírio de perder os pertences que compraram com esforço. “Mas esta foi uma das piores chuvas dos últimos anos. Fazia tempo que não chovia tanto”, conta Emanoel da Conceição.

Basta uma caminhada pela rua para perceber uma semelhança entre todas as casas: as calçadas altas e as muretas de proteção nas portas de entrada. Quase meio metro de tijolos e cimento que não conseguiu deter a força das chuvas. Na manhã de ontem, antes mesmo de terminar de limpar toda a casa, um morador fazia um “batente” na porta de entrada da sua casa, que já tem uma calçada de proteção de quase 1 metro de altura.

Benedito Araújo lamenta ainda o abandono pelo poder público. “Durante a campanha, o prefeito Edivaldo Holanda Jr. esteve aqui, na nossa rua. Por coincidência esse dia choveu, nossa rua alagou e ele teve que esperar dentro do carro. Então, ele viu o que a gente passa. Não sei por que ainda não fez nada por nós”, comenta.

Mais destruição
Mas as chuvas não causaram estragos apenas no São Francisco. No Renascença II, várias casas foram invadidas pela água durante a madrugada, na Rua dos Narcisos. Em uma delas, o portão da garagem ficou destruído e todos os cômodos ficaram alagados e sujos de lama. Um rack da casa foi totalmente danificado. Calçados, eletroeletrônicos e roupas também foram avariados pela chuva. O problema também é um velho conhecido dos moradores, e a casa, assim como na Rua Presidente José Sarney, tem batentes de meio metro em todas as portas, o que não impediu os alagamentos.

[e-s001]Chama a atenção o fato de que a rua fica ao lado de uma praça construída e inaugurada no ano passado pela Prefeitura de São Luís em parceria com o Governo do Estado. Segundo os moradores, os alagamentos decorrentes das chuvas haviam parado, mas voltaram este ano porque não foram feitas obras de drenagem suficientes quando da construção da praça.

Ainda no Renascença II, um trecho da Avenida Coronel Colares Moreira, em frente a um cursinho preparatório para concursos, ficou completamente alagado. E uma família chegou a ficar presa dentro do carro na Rua dos Pardais, lateral ao imóvel onde funciona o cursinho. Na Avenida dos Holandeses, a frente do Hotel Premier também ficou debaixo d’água.

Começa o bimestre mais chuvoso da Grande Ilha

As fortes chuvas dos dois primei­ros dias de março são uma mostra do que deve ocorrer nos próximos dias em São Luís. É que março e abril são os meses com maior volume de chuvas da capital. E as previsões meteorológicas para os 10 primeiros dias deste mês são de mais de 150 milímetros (mm), sendo 57mm de hoje até o domingo, dia 5, segundo previsão meteorológica do Climatempo. A média histórica para o mês de março é de 428 mm de precipitações. Em abril, a previsão é de 478 mm de chuva.

Se confirmadas as previsões do Climatempo, São Luís deve seguir a tendência registrada nos meses de janeiro e fevereiro. A média histórica para o volume de chuvas em São Luís no mês de janeiro é 244 mm e este ano choveu 5% a mais que a média. A última vez em que o mês de janeiro ultrapassou a média histórica foi em 2011, quando choveu 465,4 milímetros. De 2012 a 2016, São Luís vinha registrando chuvas bem abaixo da média. Em 2012, choveu apenas 100 milímetros no primeiro mês do ano.

Em janeiro de 2016, choveu me­nos que a metade normal para o mês. As chuvas abaixo da média em São Luís estavam ocorrendo desde 2012. Foram cinco anos consecutivos com índices pluviométricos insatisfatórios. Isto ocorreu por causa da combinação de três fatores: o fenômeno El Niño, a má-formação da Zona de Convergência Intertropical e o dipolo do Atlântico, sobretudo este último. Primeiro ano da série de chuvas abaixo da média, 2012 foi o com menor índice pluviométrico, chovendo apenas 995 milímetros.

Inicialmente, a previsão climática para o trimestre janeiro-fevereiro-março de 2017 indica maior probabilidade do total trimestral de chuva ocorrer dentro da faixa normal climatológica para maior parte do Estado do Maranhão. Entretanto, as previsões também não descartavam a ocorrência de veranicos, que são dias consecutivos sem chuva dentro da estação chuvosa, o que pode vir a ocorrer no período carnavalesco.

SIABA MAIS

Previsão do tempo para hoje
Tempo nublado, sujeito a pancadas esparsas de chuva que podem ser acompanhadas de trovoada. A temperatura deve variar de 24ºC a 30ºC.

Fonte: Nugeo

Chuvas registradas em São Luís este ano
Janeiro – 257 milímetros
Fevereiro – 302,3 milímetros
Total – 559,3 milímetros

Médias históricas das chuvas em São Luís
Janeiro – 244,2 milímetros
Fevereiro – 373 milímetros
Março – 428 milímetros
Abril: 476 milímetros
Maio: 316,5 milímetros
Junho: 173,3 milímetros
Julho: 131,1 milímetros
Agosto: 29,4 milímetros
Setembro: 23,3 milímetros
Outubro: 7,6 milímetros
Novembro: 10,5 milímetros
Dezembro: 77,4 milímetros
Total: 2.290 milímetros

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