Ministério Público

Justiça aceita denúncia e Cabral vira réu pela 4ª vez

Ex-governador do Rio foi denunciado por mais 184 crimes de lavagem de dinheiro ontem

Atualizada em 11/10/2022 às 12h41

Rio - A Justiça Federal aceitou a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) ontem e tornou o ex-governador Sérgio Cabral Filho réu pela quarta vez em desdobramentos da força-tarefa da operação Lava Jato.

Só a denúncia remetida pelo MPF à 7ª Vara Federal aponta 184 crimes de lavagem de dinheiro cometidos por Cabral, segundo os investigadores. O ex-governador e outras dez pessoas são acusadas de lavar mais de R$ 39 milhões. A denúncia foi aceita integralmente, segundo a Justiça Federal.

Os documentos apresentados ao juiz Marcelo Bretas são resultantes das operações Calicute e Eficiência, desdobramentos da Lava Jato no Rio. Preso em Bangu, o ex-governador já responde a dois processos na 7ª Vara Federal do Rio e a um na 13ª Vara Federal de Curitiba, que tem o juiz Sérgio Moro como responsável. O mais recente deles tinha sido aberto na última sexta-feira,10.

O MPF diz que os doleiros e irmãos Marcelo e Renato Chebar faziam parte da organização como operadores financeiros. A denúncia trata da lavagem de R$ 39.757.947,69 praticadas no Brasil.

Sérgio de Oliveira, Thiago de Aragão, Francisco de Assis e Álvaro Novis também foram denunciados por integrarem a organização criminosa que seria liderada pelo ex-governador.

Defesas

A defesa de Sérgio Cabral não vai se manifestar. Os advogados de Adriana Ancelmo, mulher de Cabral, disseram que ainda desconhecem os termos da denúncia e só vão se manifestar no processo.

A defesa de Carlos Miranda também não quis comentar a denúncia. A equipe de reportagem não conseguimos contato com os advogados dos outros acusados.

Cabral está preso desde novembro, quando foi deflagrada a Operação Calicute, também desdobrada da Lava Jato. Na segunda-feira, ele passou mal no Complexo Penitenciário de Gericinó e foi levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Dr. Hamilton Agostinho de Castro Vieira, localizada no complexo. Após realização de exames, foi liberado e voltou à cela. A Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap) informou que Cabral passa bem.

Lava Jato no Rio

No texto divulgado ontem, procuradores fazem um balanço das investigações da Calicute e da Eficiência, que apuram a ocultação de R$ 317.874.876.

Segundo a denúncia, os irmãos Chebar recebiam dos demais suspeitos dinheiro em espécie oriundo dos crimes de corrupção praticados, "custodiavam tais recursos em seu escritório e os distribuíam posteriormente para pagamentos de despesas em favor dos membros do grupo criminoso".

Os colaboradores entregaram ao MPF uma planilha de controle de caixa, que detalhava onde o dinheiro era utilizado. De 1º de agosto de 2014 a 10 de junho de 2015, foram gastos R$ 39.757.947,69 – média de cerca R$ 4 milhões por mês.

De acordo com o procuradores, as provas reunidas nas operações Calicute e Eficiência comprovaram que a organização criminosa chefiada por Cabral promoveu a lavagem de ativos, no Brasil, por sete principais formas.

Segundo os procuradores da República Leonardo Cardoso de Freitas, José Augusto Vagos, Eduardo El Hage, Renato Silva de Oliveira, Rodrigo Timóteo, Rafael Barretto, Sérgio Pinel, Jessé Ambrósio Junior e Lauro Coelho Júnior, que assinam a denúncia, "o vultuoso volume de recursos obtidos em razão dos crimes praticados pelo grupo criminoso exigia uma forte estrutura destinada à movimentação e lavagem do dinheiro da propina".

Propina de Eike

Na semana passada, os procuradores da Lava jato no Rio denunciaram o ex-governador Cabral, o empresário Eike Batista e mais sete pessoas por corrupção ativa e lavagem de dinheiro. Essa denúncia focou em dois pagamentos feitos por Eike ao grupo: um de US$ 16,5 milhões de propinas ao ex-governador Cabral e um depósito de R$ 1 milhão à conta do escritório de advocacia da ex-primeira-dama do Rio Adriana Ancelmo.

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