Meio ambiente

Mutirões de limpeza mudam rotina na Resex de Cururupu

Ação voluntária desenvolvida por beneficiários do Programa Bolsa Verde nas 13 ilhas que fazem parte da Reserva Extrativista conscientiza os moradores a dar destinação certa aos resíduos sólidos e protege o meio ambiente

Atualizada em 11/10/2022 às 12h41
Uma das ilhas das 13 ilhas da Reserva extrativista de Cururupu, que conserva ainda características de núcleos residenciais de pescadores
Uma das ilhas das 13 ilhas da Reserva extrativista de Cururupu, que conserva ainda características de núcleos residenciais de pescadores (Uma das)

CURURUPU - Uma ação voluntária de beneficiários do Programa Bolsa Verde está mudando a rotina das comunidades das 13 ilhas que fazem parte da Reserva Extrativista de Cururupu (Resex). Os 633 beneficiários do programa na região participam, uma vez por mês, de mutirões de limpeza.

Esses mutirões tem mudado a relação da comunidade local com a conservação ambiental. "A iniciativa mostra conscientização e um envolvimento da comunidade com a questão ambiental", afirmou o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho. O Bolsa Verde começou a ser desenvolvido na Resex desde 2012. O último mutirão ocorreu na Ilha de Caçacueira.

De acordo com o gestor da Reserva Extrativista Cururupu, Eduardo Borba, nenhuma das ilhas dispõe de mananciais e a única fonte de água doce são os lençóis freáticos. Esse tipo de ação, segundo ele, além de proporcionar bem-estar para a população e fazer com que ela se sinta parte do processo de preservação, tem um impacto ecológico importante pois protege os lençóis freáticos.

Embora tenham começado de forma voluntária, os mutirões de limpeza, denominados Projeto Comunidade Limpa, foram vinculados como contrapartida do Bolsa Verde. O programa, garante Sarney Filho, é uma das prioridades do ministério para este ano.

Borba informa que as ações são organizadas pelos próprios moradores e acontecem, geralmente, nos dias de lua cheia ou nova. “Eles se organizam de acordo com a fase da lua por causa da interferência nas marés”, explicou.

O gestor conta que o Projeto Comunidade Limpa, além de gerar mais organização e envolvimento, estimula a relação de pertencimento à comunidade, o que acaba gerando um exemplo bastante positivo para os demais moradores e coibindo más práticas.

A moradora da ilha de Caçacueira Maria de Fátima Carvalho, 43, participa das ações de limpeza nas praias. Segundo ela, antes dos mutirões começarem, além dos turistas, os próprios moradores descartavam os resíduos de maneira incorreta. “Agora, a comunidade foi conscientizada e estamos sempre de olho”, garante.

Maria de Fátima é beneficiária do Programa Bolsa Verde e conta que tem aprendido bastante sobre a importância da limpeza, preservação e conservação na região. “Fiscalizamos se todos estão fazendo sua parte e os benefícios são visíveis. Podemos até andar descalços na praia sem preocupação”, afirma.

Bolsa

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) é o órgão responsável por coordenar, executar e operacionalizar o Bolsa Verde, programa que apoia a superação da pobreza em unidades de conservação de uso sustentável, projetos de assentamento e outras áreas rurais, incentivando a conservação do meio ambiente e valorizando as comunidades que ajudam a manter a floresta em pé.

O programa concede R$ 300,00 de três em três meses, a famílias em situação de extrema pobreza que desenvolvam atividades de conservação de recursos naturais no meio rural. Para poder ter acesso ao programa, a renda per capita familiar deve ser de até R$ 85,00.

De acordo com o gerente de projeto do Departamento de Extrativismo do MMA, Leonardo Pacheco, a ação do Grupo Verde, em Cururupu, está diretamente vinculada à condicionante do programa.

“Este ano investiremos na qualificação do Bolsa Verde, principalmente nas ações de monitoramento, capacitação e apoio ao acesso às políticas de inclusão produtiva. Temos a expectativa de estimular a realização de atividades de conservação diretamente desenvolvidas pelas comunidades, como o Grupo Verde”, explicou Pacheco.

Segundo o gerente, o trabalho desenvolvido em Cururupu também aumenta a coesão das comunidades e o desenvolvimento de ações relacionadas ao objetivo de criação das unidades de conservação.

Unidade

A Resex Cururupu é administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e conta com apoio do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa) para o desenvolvimento de suas atividades, como as de mitigação de impactos em ambientes vulneráveis.

Localizada nas Reentrâncias Maranhenses, no Litoral Ocidental Maranhense, a Resex possui dentro de seus limites a maior área de manguezais preservados dentro das unidades de uso sustentável do Brasil. São 13 as comunidades que fazem parte da reserva: Mangunça, Caçacueira, Peru, São Lucas, Guajerutiua, Valha-me Deus, Porto Alegre, Iguará, Mirinzal, Retiro, Porto do Meio, Bate-Vento e Lençóis, com um total de mais de cinco mil habitantes.

Esta é uma das maiores Reservas Extrativistas do litoral brasileiro, com quase 190 mil hectares. É difícil conhece-la por inteiro, não só pelo tamanho, mas também pela grande distância da costa de parte de suas áreas. Em seus domínios estão, além das ilhas, diversos rios.

Tão espetacular como o manguezal que forma a Unidade de Conservação (UC), são os diversos tipos de aves, nativas ou migratórias, que frequentam a área. Entre as nativas além de várias espécies de gaviões, há as garças, bem-te-vis, martim- pescadores, socós mas, sobretudo, os lindos guarás.

Saiba mais

Características da Reserva Extrativista

Bioma: Marinho Costeiro

Área: 186.053,87 hectares

Localização: Municípios de Cururupu e Serrano do Maranhão

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