Despesas

Endividamento compromete gastos com material escolar

Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, realizada pela Federação do Comércio do Maranhão, indica que 70,4% da população economicamente ativa da capital maranhense possui algum tipo de dívida

Atualizada em 11/10/2022 às 12h41
Comprometimento de renda do consumidor com dívidas tem prejudicado as vendas de material escolar
Comprometimento de renda do consumidor com dívidas tem prejudicado as vendas de material escolar (Endividamento)

SÃO LUÍS - O nível de endividamento em São Luís, que, segun­do a pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), em parceria com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Maranhão (Fecomércio), atinge 70,4% faz famílias ludovicenses economicamente ativas, tem impactado diretamente na capacidade de consumo, afetando nesse momento o segmento de venda de material escolar.
Estima-se que 212.230 consumidores ludovicenses encontrem-se endividados neste mês de janeiro. Assim, com parte da renda iniciando o ano comprometida com dívidas, é esperado um efeito negativo no setor varejista nesses primeiros meses que deverá ter dificuldades para ampliar a capacidade de expansão das vendas em função da retenção no consumo.
A atividade de venda de livros, jornais e papelaria, e que apresenta seus melhores resultados sazonalmente no início de cada ano com a volta às aulas de alunos de colégios e faculdades, não está tendo um bom desempenho. De acordo com dados da última Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), este segmento específico apresentou, no acumulado de janeiro a novembro de 2016, uma queda de 16,5% no volume de vendas.
Para o consultor econômico da Fecomércio, Eduardo Campos, es­sa retração das vendas do ano passado deverá se refletir ainda este ano. “Estes números reforçam as projeções de vendas menores e abaixo das expectativas de demanda dos empresários desse setor de livros e papelaria”.
Ele disse que estas projeções negativas se dão diante da necessidade da recuperação deste setor estar condicionada ao aproveitamento da sazonalidade de vendas que ocorre no primeiro trimestre e que se encontra bastante comprometida pelo alto nível de endividamento das famílias ludovicenses, apresentado em janeiro.
De um modo geral, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) indica que o nível de endividamento de 70,4% para o mês de janeiro em São Luís, representa retração de 2,2% em comparação ao mês de dezembro. Mas, por outro lado, um avanço do endividamento em 4,9% quando comparado ao mesmo período do ano passado.
A queda no endividamento em relação ao mês de dezembro é explicada pelo baixo nível de consumo apresentado pelos ludovicenses ao longo de 2016, conforme já indicava a Pesquisa de Intenção de Consumo para o Natal, também realizada pela Fecomércio, ao apontar redução de 8,09% na predisposição do consumidor de ir às compras.
Ou seja, a conjuntura econômica instável, principalmente relacionada à falta de estabilidade no emprego, promoveu uma retração nas vendas e direcionou parte da injeção de recursos do 13º salário dos trabalhadores para o pagamento de dívidas, em detrimento do consumo.

Cartão é principal tipo de dívida do ludovicense

De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), os principais tipos de dívidas dos ludovicenses estão concentrados no cartão de crédito, que representa 76,6% dos compromissos financeiros assumidos para este mês. Nessa lista, também são indicados os carnês (13,4%), financiamento de carro (5,2%), crédito pessoal (4,3%), financiamento de imóveis (4,9%) e crédito consignado (1,3%).
Embora o endividamento mantenha-se em níveis elevados, o índice de consumidores com contas em atraso, ou seja, aqueles que são considerados inadimplentes, mantem-se em 27,2% para este mês em São Luís. Esse é o menor percentual de inadimplentes desde março do ano passado na capital maranhense, o que revela a preocupação do consumidor com a instabilidade da sua renda atual e futura, fazendo com que os ludovicenses freiem o consumo e direcionem a renda para evitar o aumento da inadimplência. Em relação ao mes­mo período do ano passado, o índice de famílias com contas em atraso, dentre as endividadas, apresentou recuo de 4,23%.
A pesquisa também apontou que apenas 9,4% das famílias endividadas afirmaram que não terão condições de quitar suas dívidas em atraso, resultando no percentual 13% menor do que o registrado em janeiro do ano passado. “Este é um dado positivo para o consumo, pois a recuperação da capacidade de renda futura das famílias contribui para a expansão do consumo. Nessa perspectiva, projetam-se as expectativas futuras otimistas em um médio prazo, relacionadas às condições de pagamento das dívidas em atraso e à retomada do consumo”, ressalta o consultor econômico da Fecomércio, Eduardo Campos.
Segundo o levantamento da CNC e Fecomércio, o tempo médio de atraso das dívidas atuais dos ludovicenses é de 59,1 dias. As dívidas com pagamento em atraso de até 30 dias representam 31,5% dos compromissos financeiros atuais das famílias de São Luís, enquanto aqueles com atraso entre 30 a 90 dias somam 23,7% das dívidas e 44,4% desse atraso supera 90 dias.
Por outro lado, o tempo de comprometimento das famílias com as dívidas que estão a vencer é de 4,8 meses, indicando que o nível de endividamento deverá manter-se elevado pelo menos até o mês de maio na capital. De acordo com o estudo, os ludovicenses endividados apresentam, em média, 28,5% da renda atual comprometida com essas dívidas.

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