Coleta deficiente

Às vésperas do Natal, lixo se acumula em bairros da capital maranhense

No Centro, Vila Passos, Monte Castelo, Camboa e São Francisco e na Av. Ferreira Gullar há pontos de acúmulo de resíduos; problema na coleta estaria sendo provocado por dívida da Prefeitura de São Luís com a empresa de limpeza

Jock Dean

Atualizada em 11/10/2022 às 12h42
Sacos de lixo se acumulam em ruas do centro da cidade; moradores reclamam
Sacos de lixo se acumulam em ruas do centro da cidade; moradores reclamam (lixo em SL)

Avenidas Camboa e Senador Vitorino Freire, praças da Saudade e São Roque, ruas do Norte e São Pantaleão, em frente a escolas e próximo a hospitais. Estes são apenas alguns dos pontos onde o lixo está se acumulando em São Luís há cerca de cinco dias, quando a coleta deixou de ser feita, segundo moradores dessas localidades. Sa­be-se que a Prefeitura de São Luís teria uma dívida de R$ 20 milhões com a empresa que presta o serviço de limpeza urbana, e esta seria a causa do problema.

A falta do serviço de coleta de lixo tem sido alvo de reclamações dos moradores de diversos bairros de São Luís. Na edição da segunda-feira, dia 19, O Estado noticiou o acúmulo de lixo em bairros como Cohatrac. Ontem, por meio das re­des sociais, muitos moradores da capital postaram fotos e fazem reclamações por causa do acúmulo de lixo em nas suas calçadas. Muitas reclamações foram recebidas também por meio do WhatsApp do jornal (98 99209-2564). Diante de tantas reclamações, O Estado foi às ruas e em pouco menos de duas horas localizou 22 pontos de acúmulo de lixo na capital em diversas localidades somente na região mais central da cidade.
Na área do centro de São Luís, sete pontos de acúmulo de lixo foram encontrados. Um deles fica no cruzamento das ruas Mont’Alverne com a Rocha Pombo, na Vila Passos. Outro local onde há muitos detritos é às margens da vala da Vila Macaúba. Na calçada da Rua Euclides da Cunha, que é contornada pelo muro do Cemitério do Gavião, mais lixo se acumula. Em frente à necrópole mais antiga da capital e que guarda os restos mortais de personalidades importantes da cultura, política, artes e sociedade maranhense, a Praça da Saudade é outro ponto onde o lixo ainda não foi recolhido.


Reclamações
Em três das mais tradicionais ruas do centro de São Luís, a do Norte, do Passeio e a de São Pantaleão, mais sujeira acumulada provoca reclamações dos moradores. O cantor Marco Dualibe postou fotos do lixo acumulado nessas vias em seu perfil em uma rede social e questionou. “Quase véspera de Natal, e a cidade fica cercada de lixo por todos os lados. Alguém sabe o que está acontecendo?”

Outro morador do Centro, Ricar­do Fernandes também usou seu perfil em uma rede social para reclamar. “Belo presente de Natal, as ruas de São Luís cheias de lixo...”, publicou junto com fotos de lixo nas ruas de São João e do Alecrim.

Ainda no Centro, na região do Largo de São Roque, no Lira, há lixo acumulado em frente à Unidade Integrada Sousândrade, próximo à Igreja de São Roque e em frente ao Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), serviço da Prefeitura de São Luís para diagnóstico, orientação e prevenção às DSTs/AIDS. O Largo do Caroçudo e Avenida Ribamar Pinheiro, na Madre Deus, são mais pontos de acúmulo de lixo no centro de São Luís.


Outras localidades
Mas não são apenas os bairros do centro de São Luís que estão sem a coleta regular de lixo. Na Camboa, os detritos se acumulam na avenida que leva o nome do bairro. Seguindo mais à frente, já na Avenida Senador Vitorino Freire, passando por bairros como Vila Passos e Monte Castelo, mais lixo no canteiro central. Em um dos pontos há inúmeros para-choques de veículos acumulados. Em outro, são entulhos.

No São Francisco, o lixo de acumula em um terreno baldio próximo ao Socorrinho. Ao longo da Avenida Ferreira Gullar, são 12 pontos de acúmulo de lixo como móveis usados, lixo orgânico, materiais de construção, utensílios domésticos, recipientes plásticos, pneus e outros.


Dívida com empresa de limpeza foi denunciada por O Estado

Na edição do dia 8 deste mês, O Estado noticiou que a Prefeitura de São Luís tem débitos de quase R$ 20 milhões com a empresa prestadora de serviços de coleta e transporte de lixo. Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), este problema implica diretamente no serviço que é prestado à população, já que as empresas são obrigadas a recorrer a empréstimos para garantir o pagamento de funcionários e fornecedores. Esses empréstimos acabam gerando juros que não estavam previstos no orçamento inicial do contrato.

Em São Luís, a coleta de lixo é feita pela São Luís Engenharia Ambiental (SLEA). A empresa foi procurada para informar se a dívida já foi quitada, mas ninguém atendeu ao telefone. A Prefeitura de São Luís também foi procurada. Na primeira vez, quando a publicação da reportagem sobre a dívida de R$ 20 milhões, ela não enviou respostas.

Ontem, a administração municipal também não se manifestou, até o fechamento desta edição.

Garis
O Estado procurou também o Sindicato dos Empregados de Empresas de Asseio, Conservação, Limpeza Pública de São Luís (SEEAC), que representa os garis, para saber se está havendo greve, paralisação de advertência ou a chamada Operação Tartaruga. Na sede da entidade, um funcionário informou que a diretoria está de recesso natalino. O presidente da entidade, Honésio Máximo, não atendeu seu celular e também não retornou as ligações.

Em novembro de 2016, cerca de 250 agentes de limpeza pública foram demitidos logo nos primeiros dias do mês, após o término da campanha de segundo turno para prefeito de São Luís, em que Edivaldo Holanda Júnior (PDT) e Eduardo Braide (PMN) estavam disputando a chefia do Executivo municipal e que terminou com a reeleição do atual prefeito.

De acordo com Honésio Máximo Pereira, presidente do SEEAC, a contratação dos funcionários aconteceu cerca de três meses antes da eleição. A informação foi publicada na edição de O Estado do dia 22 de novembro.

Mais

Em 2015, os garis deflagraram greve no dia 7 de dezembro por causa de atrasos no pagamento do salário relativo ao mês de novembro. Três dias depois, após acordo entre a Prefeitura e os sindicatos patronal e trabalhista, o serviço foi retomado.

Em 2014, os garis de São Luís também paralisaram as atividades por três dias e o lixo se acumulou em diversos bairros da cidade. Na ocasião, a categoria reivindicava reajuste salarial de 23% e acréscimo de R$ 160,00 no tíquete alimentação.

No fim do manifesto, os trabalhadores obtiveram reajuste de 6,5% nos salários e aumento de R$ 75,00 no tíquete.

Números

1.200 é a quantidade aproximada de agentes de limpeza pública que atuavam na cidade, de acordo com o SEEAC­ – MA, em novembro deste ano

1.350 toneladas de lixo são produzidas diariamente só em São Luís

1,74 kg é a média de lixo produzido por habitante em São Luís

Lixo em São Luís

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