O laudo que comprova – de acordo com o Governo do Maranhão – a pureza das praias de São Luís foi questionado durante audiência pública realizada na tarde de ontem na sede da Assembleia Legislativa do Maranhão e coordenada pelo deputado estadual Adriano Sarney (PV). De acordo com pesquisadores presentes ao encontro, não é possível afirmar que a orla da Grande Ilha esteja limpa, pois os rios, por exemplo, que afluem para o mar (como o Bacanga e o Calhau) ainda apresentam índices “acima da média” de coliformes fecais.
Segundo a professora do Núcleo de Geociências da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Ediléia Pereira, além do fato que comprova a elevação dos níveis de coliformes dos rios afluentes, seriam necessárias contraprovas para a eficácia dos laudos. “A meu ver, não há como tecnicamente afirmar que, de um mês para o outro, a cidade que tinha apenas nove pontos liberados para banho, tenha no mês seguinte, 21 pontos próprios para o uso da população”, questionou.
Ainda segundo ela, é necessário que as contraprovas dos resultados das amostras das praias sejam feitos por pessoas ligadas a instituições fora do Governo, como a UFMA, por exemplo. “Até para que se tenha verdadeiramente a certeza dos fatos”, disse.
O argumento foi defendido pelo deputado Adriano Sarney. “Estamos aqui para tratar de um tema público, de grande relevância para a sociedade ludovicense. Desta forma, reforcei a necessidade da promoção desta audiência e da elaboração de soluções para o tema, que, além de ser o fator do uso ou não das praias, também tem total relação com a saúde do povo”, disse.
Novos testes
Sobre as contraprovas, o Governo não se opôs à ideia e afirmou que tem interesse na promoção de novos testes, que devem ser feitos nas próximas semanas.
“Não há nenhuma objeção do Governo. Pelo contrário. O nosso interesse é que tudo seja esclarecido. O nosso posicionamento é que a população pode ficar tranquila que as praias estão próprias para banho”, disse o secretário estadual do Meio Ambiente a O Estado, Marcelo Coelho.
ETE Vinhais
Uma das principais razões citadas pelo Governo para os últimos resultados sobre a balneabilidade das praias foi a entrega, em agosto deste ano, da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) do Vinhais (cujo projeto foi iniciado em 2013). No entanto, ao responder a um questionamento sobre o tema do deputado Adriano Sarney, o diretor-presidente da Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema), Davi Telles, admitiu que a ETE está operando com apenas 30% de toda a capacidade. Ele citou investimentos da ordem de R$ 350 milhões feitos pelo Governo, nos últimos dois anos, para a resolução dos problemas de saneamento da cidade.
O gestor declarou ainda que “a situação ambiental de São Luís é horrível”, mas disse que, apesar da falta de operação da ETE Vinhais, outros fatores como a otimização das elevatórias e queda dos índices pluviométricos estariam sendo responsáveis pela purificação das águas das praias. Em contrapartida, o deputado Adriano Sarney questionou, por exemplo, a falta de chuvas como fator. “E quando as chuvas começarem na cidade, haverá garantias de que a situação de balneabilidade se manterá?”, indagou.
RELEMBRE
Na edição de ontem, O Estado publicou reportagem em que moradores do conjunto Vinhais questionavam a eficácia da ETE Vinhais. Segundo eles, o esgoto coletado pela estação não é devidamente tratado. Por causa disso, os moradores protocolaram uma reclamação formal à Promotoria do Meio Ambiente, que deverá apurar o caso.
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