Hospitais públicos

Mortalidade por sepse em prontos-socorros chega a 51%

Dificuldade no reconhecimento precoce e um número inadequado de profissionais nos hospitais públicos seriam principais causas

O Estadoma.com, com informações de assessoria

Atualizada em 11/10/2022 às 12h45
Número inadequado de profissionais em prontos-socorros de hospitais público contribuí para mortes por sepse
Número inadequado de profissionais em prontos-socorros de hospitais público contribuí para mortes por sepse (emergência)

O Instituto Latino Americano de Sepse (ILAS) avaliou em sua base de dados a mortalidade por sepse de pacientes provenientes dos prontos-socorros. Os dados revelaram que 51,7% de pacientes com sepse, atendidos inicialmente em prontos-socorros (PS) de hospitais públicos, vão a óbito, enquanto em hospitais particulares esse número é de 22,8%. Possíveis explicações para essa diferença incluem dificuldade no reconhecimento precoce e um número inadequado de profissionais nos PS de hospitais públicos.

Para mudar esse cenário, pelo quinto ano consecutivo o ILAS participa do Dia Mundial da Sepse em 13 de Setembro. A ação reúne mais de 3 mil instituições em todo mundo e é comandada mundialmente pela Global Sepsis Alliance (GSA). O objetivo da campanha é mudar o quadro cada vez mais preocupante da incidência e mortalidade por sepse no mundo.

No dia 13 de setembro, o ILAS mobilizará catorze cidades brasileiras - entre as quais São Luís - para ação de conscientização da síndrome junto à população em locais de grande circulação, como rodoviárias e terminais de ônibus e metrô. Na ocasião, serão distribuídos uma história em quadrinho, criada pelo ILAS, que retrata de forma simples a questão da importância do rápido diagnóstico, permitindo o entendimento por leigos. Nesse dia, também, profissionais de saúde estarão à disposição da população para responder às dúvidas.

Além disso, o ILAS distribuirá essa história em quadrinho aos pacientes e aos familiares e um material específico para os profissionais de saúde do pronto-socorro e das unidades de terapia intensiva (UTI), em 1.700 instituições brasileiras.

A sepse hoje é responsável por mais óbitos do que o câncer ou o infarto agudo do miocárdio. Estima-se cerca de 15 a 17 milhões de casos registrados por ano no mundo, sendo 670 mil só no Brasil. Ao contrário do que se pensa, sepse - conhecida antigamente como septicemia ou infecção generalizada - não é um problema apenas de pacientes já internados em hospitais, pois a maioria dos casos é de pacientes atendidos nos serviços de urgência e emergência. O aumento da incidência e a progressiva gravidade desses pacientes fazem com que os custos de tratamento também sejam elevados.

“O reconhecimento precoce é a chave para o tratamento adequado. Todas as instituições devem treinar suas equipes, principalmente de enfermagem, para reconhecer os primeiros sinais de gravidade e dar atendimento preferencial a esses pacientes nos serviços de urgência”, explica o médico intensivista Luciano Azevedo, presidente do ILAS.

O médico alerta ainda que o tratamento adequado nas primeiras seis horas tem clara implicação no prognóstico e na sobrevida dos pacientes. “Medidas simples, como coleta de exames, culturas, antibióticos na primeira hora e hidratação podem salvar vidas”, orienta. O grupo de maior risco para o desenvolvimento da sepse é formado por crianças prematuras e abaixo de um ano e idosos acima de 65 anos; portadores de câncer; pacientes com AIDS ou que fazem uso de quimioterapia ou outros medicamentos que afetam as defesas do organismo contra infecções; pacientes com doenças crônicas como insuficiência cardíaca, insuficiência renal e diabetes; usuários de álcool e drogas; e pacientes hospitalizados que utilizam antibióticos, tubos para medicação (cateteres) e tubos para coleta de urina (sondas).

Mas qualquer pessoa pode ter sepse. “Embora não existam sintomas específicos, todas as pessoas que estão com infecção e apresentam febre, aceleração do coração, respiração mais rápida, fraqueza intensa e, pelo menos, um dos sinais de alerta, como pressão arterial baixa, diminuição da quantidade de urina, falta de ar, sonolência excessiva ou ficam confusos (principalmente idosos) devem procurar imediatamente um serviço de emergência ou o seu médico”, esclarece Luciano Azevedo.

O desconhecimento da população em relação aos primeiros sintomas e, consequentemente o atraso na procura de auxilio, também é um dos entraves a serem vencidos. Uma pesquisa do ILAS em 134 municípios brasileiros mostrou que 93% dos entrevistados nunca tinham ouvido falar sobre a sepse. De forma oposta, 98% tinham conhecimento prévio sobre infarto do coração.

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