Foro Privilegiado

Eleições devem adiar debate sobre fim de foro no Brasil

Existem 11 propostas de emendas à Constituição que prevendo o fim do foro privilegiados; elas ainda estão na Comissão de Constituição de Justiça da Câmara

Atualizada em 11/10/2022 às 12h46

BRASÍLIA

Defendido pela sociedade e discutido pelo Congresso Nacional em pelo menos três oportunidades nos últimos anos, o fim do foro privilegiado voltou ao debate na Câmara dos Deputados. Um total de 11 propostas de emendas à Constituição (PECs) estão na Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania (CCJ), que precisa dar o aval para uma comissão especial preparar um texto final a ser submetido ao plenário da Casa.
A retomada do debate em torno do fim do mecanismo, que restringe o julgamento de autoridades públicas aos tribunais superiores e estimula manobras protelatórias dos advogados de acusados de corrupção, é vista por especialistas e parlamentares defensores do texto mais como um sinal positivo do que uma possibilidade concreta de mudança. Eles ressaltam que o calendário eleitoral e a iminência de mais uma mudança no comando da Câmara, em fevereiro do próximo ano, poderão adiar as discussões.
Antropólogo, Sociólogo e Cientista Político da Universidade de Brasília (UnB), Antônio Flávio Testa considera os resultados das investigações da Operação Lava Jato um exemplo dos fortes indícios de que tudo não passará de uma sinalização em resposta às ruas. Ele, no entanto, tem dúvidas em relação ao avanço das propostas no Congresso.
“O foro privilegiado dá muita massa de manobra para quem está envolvido em crimes. É uma ferramenta que interessa muito aos envolvidos com esquemas como o do Mensalão e do Petrolão. As delações [premiadas da Lava Jato] estão colocando em xeque o nome de pelo menos 30% dos parlamentares na Câmara e no Senado. É uma conta muito grave. Só de colocar em discussão quer dizer que estão começando a mudar isso, mas, pessoalmente, acho que vão enrolar muito”, diz.

Pressão
Para Testa, o avanço concreto da proposta depende da pressão da sociedade. “O sistema é demagogo. Quando há a cassação de um mandato hoje é porque houve pressão imensa da sociedade e da imprensa. A imunidade não devia existir, a não ser para questões ideológicas. Crime é crime”, disse ao defender o fim do privilégio.

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