Holanda

Holandesa fã de Gisele Bündchen desiste das passarelas pelo handebol

Vice-campeã do "The Holland Next Top Model", Yvette Broch deixou o mundo fashion pelo esporte, conquistou o vice-campeonato mundial em 2015 e quer pódio no Rio

Por Thierry Gozzer

Atualizada em 11/10/2022 às 12h46

RIO DE JANEIRO

Yvette tinha 11 anos. Era a mais alta da sala. O time de handebol da escola precisava de uma pivô. Ela, então, não teve saída. Convidada inúmeras vezes pelas colegas, topou a aventura. E chegou até a seleção do seu país. Yvette tinha 17 anos. Era esguia, bela e apaixonada pelo mundo fashion. Nascia na Holanda o "The Next Top Model", programa em busca de novas modelos. Convidada por uma amiga, se inscreveu no reality show de 2008. E quase o venceu. Foi agarrando oportunidades que a vida colocou à sua frente que essa holandesa de 25 anos e 1,83m chegou ao Rio 2016. Dividida entre o esporte e a moda, Yvette escolheu o primeiro. Titubeou. Viveu as aventuras do segundo e percebeu que sua felicidade, por mais dinheiro que os desfiles trouxessem, estava em quadra.

[Yvette Broch, handebol (Foto: Divulgação/Holanda)] Yvette Broch é uma das estrelas da seleção da Holanda (Foto: Divulgação/Holanda)

- Deixei Amsterdã e minhas amigas diziam: "Yvette, volte, venha treinar conosco". E pensei, porque não? Então, quando voltei, senti aquele sentimento de novo, de querer ser novamente uma atleta, de conquistar tudo e treinei o quanto eu pude para ter o meu nível de volta. Não é sobre o dinheiro apenas. É sobre como você se sente, sobre sua vida. É bom ganhar dinheiro, mas se você não está feliz, isso não significa nada - explica a holandesa.

[Yvette Broch, handebol, Holanda (Foto: Reprodução/Instagram)] Pivô ficou dois anos fora do handebol
(Foto: Reprodução/Instagram)

Nascida em Monster, pequena cidade nos Países Baixos, a pivô teve a primeira experiência esportiva na ginástica artística. Não demorou muito e migrou para o handebol. Gostou tanto que nem experimentou outras modalidades. Aprendeu, evoluiu e começou uma carreira profissional. Por dois anos, contudo, deixou tudo que conquistou para calçar o salto alto e desfilar pelo mundo. Conheceu Paris, Nova York, Cidade do Cabo... A fama e a grana, porém, não a seduziam mais. Yvette então recomeçou do zero. Venceu todos os obstáculos, ganhou novas chances e desde 2011 faz parte da geração que vem escrevendo história. Além do vice no Mundial da Dinamarca, as meninas da Holanda classificaram o país pela primeira vez para os Jogos Olímpicos.

- Parei de jogar handebol aos 17 anos e passei a trabalhar apenas como modelo. Mas esse mundo era muito difícil para mim, não tinha o corpo perfeito para a moda. Tinha o corpo mais forte por conta do esporte. E também não queria isso mais naquele momento. Então voltei a jogar handebol de novo. Senti muita falta de estar perto das meninas, de conquistar objetivos, de viver grandes coisas. Não foi fácil voltar. Queria melhorar rápido demais. Treinei duro para ter meu nível de volta. Na minha cabeça, ainda era a jogadora que era antes. Mas o meu corpo não respondia assim. Tive que treinar muito - lembra Yvette.

Dos tempos da moda ela guarda a empatia pela brasileira Gisele Bündchen, tida por muitas como a maior modelo da história.

- Adoro a Gisele. Ela é iluminada. Ela é linda, maravilhosa - se diverte.

YVETTE QUER PÓDIO NO RIO 2016

A vaga para os Jogos do Rio 2016 veio em março, durante o pré-olímpico. A Holanda confirmou o bom momento e venceu França, Japão e Tunísia para ser a primeira do seu grupo. A geração que tem Yvette Broch, Estavana Polman, Tess Wester, Cornelia Groot e Danick Snelder, contudo, não se contenta em apenas estar nas Olimpíadas. Elas querem mais. Buscam um pódio inédito e a possibilidade de tornar o esporte, minúsculo no país, uma sombra para o futebol.

- Na Holanda o handebol não é famoso. Mas agora, está começando a ser reconhecido. As meninas estão sendo reconhecidas, ganhando a atenção da imprensa. É importante para o nosso esporte crescer. Temos um grande time. Temos várias garotas jogando em grandes times, temos mais experiência internacional e jogamos também grandes partidas o ano inteiro. Esse é o segredo. Tentamos fazer sempre uma boa defesa e criar espaços no ataque. Essa é uma força que temos. Não é fácil fazer assim o tempo inteiro, mas tentamos ao máximo durante os jogos. Ir bem nas Olimpíadas é o nosso grande sonho - garante a pivô.

[Cornelia Groot, da Holanda, comemora contra a França (Foto: AFP / JONATHAN NACKSTRAND)] Cornelia Groot (17) e Broch comemoram gol durante o Mundial de 2015 (Foto: AFP / JONATHAN NACKSTRAND)

THE NEXT TOP MODEL

[Yvette Broch, handebol, Holanda (Foto: Reprodução/Instagram)] Yvette durante o The Next Top Model
(Foto: Reprodução/Instagram)

Ao deixar o handebol, Yvette viu surgir na sua frente a chance de independência financeira. Depois do convite de uma amiga, se inscreveu no reality show "The Holland Next Top Model" em 2008. O programa é famoso no mundo todo por revelar talentos para o mundo fashion. Por sorte, ela acabou entrando no segundo episódio, substituindo uma concorrente que havia sido retirada do programa. E foi até a final. Depois de dez episódios, perdeu apenas para a campeã Ananda Marchildon.

- Foi muito diferente. E uma boa experiência. Pensei: "Porque não?". Então fui. E deu certo. Gosto desse mundo da moda, esse mundo fashion. Quem sabe eu não volte de novo quando encerrar a minha carreira no handebol - diz Yvette, que tem 70 jogos e 146 gols pela Holanda.

De volta ao esporte, a pivô passou por vários clubes da Europa até que em 2015 deu um grande salto. Foi contratada pelo Gyori, da Hungria. O time, bicampeão da Champions League, é também a casa da brasileira Duda Amorim, eleita a melhor jogadora do mundo em 2014. Amiga da catarinense, Yvette virá pela primeira vez ao Rio de Janeiro e confessa que desde antes da vaga nas Olimpíadas conversa com Duda sobre o país.

- Sempre que posso pergunto algo para a Duda. Realmente não conheço muito sobre o Brasil. Só estive em 2011, em São Paulo, no Mundial. Mas não sei muito. A Duda é uma grande amiga. Eu a adoro. Converso muito com ela sobre as Olimpíadas. Ela me fala sobre o Brasil, mas a maioria das vezes diz que é perigoso. Ela também fala sobre o Carnaval, as festas, os festejos dos brasileiros - brinca a holandesa.

[Yvette Broch, handebol, Holanda (Foto: Reprodução/Instagram)] Jogadora viajou o mundo pela moda e pelo esporte (Foto: Reprodução/Instagram)

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